Duas produções da Marvel estão entre os flops que custaram US$ 1 bilhão à Disney em 2023

Relatório divulgado pela Forbes mostra que dois dos quatro maiores fracassos deste ano, que juntos custaram US$ 1 bilhão à Disney, são da Marvel Studios.

Duas produções da Marvel estão entre os flops que custaram US$ 1 bilhão à Disney em 2023
FLOPS QUE CUSTARAM MUITO CARO

Segundo a Forbes, ao todo a Disney gastou US$ 965 milhões somente na produção e filmagens de quatro de seus maiores fracassos de 2023, dois dos quais são da Marvel: Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e a série para streaming Invasão Secreta. Os outros dois são Indiana Jones e a Relíquia do Destino e A Pequena Sereia.

Esses três filmes e a série do Disney+ foram filmados no Reino Unido devido aos incentivos fiscais: o governo britânico pode reembolsar os estúdios em até 25% do que foi gasto no país. Para isso, as empresas hollywoodianas precisam criar companhias separadas no Reino Unido que cuidem de seus interesses, e tais companhias divulgam relatórios financeiros separados, o que nos permite verificar o quanto gastaram com cada produção.

Infelizmente para a Disney, apesar de seus gastos monstruosos com cada produção, elas não trouxeram para a empresa o retorno desejado.

Quantumania foi o primeiro fracasso de um ano pavoroso para a Disney. Apenas a pré-produção e filmagem do longa no Reino Unido custou à centenária empresa US$ 193,2 milhões, bem mais do que eles gastaram com os dois primeiros filmes do Homem-Formiga.

Ao estrear, em fevereiro deste ano, Quantumania faturou apenas US$ 476,1 milhões ao redor do globo, bem abaixo da bilheteria de Homem-Formiga (US$ 519 milhões) e Homem-Formiga e a Vespa (US$ 623 milhões). De fato, a Disney conseguiu um reembolso do governo britânico de US$ 37 milhões. Porém, se adicionarmos os custos com a longa e complicada pós-produção (que ainda assim gerou alguns dos efeitos especiais por computador mais criticados e ridicularizados do ano), Quantumania trouxe somente prejuízos para a Disney.

E não apenas financeiros. Para começar, o fato do longa ter tido críticas terríveis e estreado bem nas bilheterias globais porém decaído com impressionante rapidez nas semanas seguintes mostra que Quantumania não agradou a quase ninguém, certamente não no nível que o MCU costumava atingir nos anos 2010.

Ou seja, foi a primeira humilhação que a Marvel sofreu neste ano, o pior e o mais desmoralizante desde a a criação do estúdio. Mas certamente não foi a última.

Em junho, logo após o sucesso de Guardiões da Galáxia Vol. 3 (que superou uma abertura ruim ocasionada pela falta de hype), a Marvel estreou no Disney+ Invasão Secreta. A série, baseada num famoso arco dos quadrinhos, tinha grande potencial, porém recebeu críticas pelo roteiro sofrível e efeitos especiais pavorosos.

Apesar disso, seu orçamento mais uma vez foi mastodôntico: US$ 211,6 milhões pela série toda, ou uma média de US$ 35,3 milhões por cada um dos seis episódios da série. Para se ter uma ideia, isso é mais que o dobro do custo de cada um dos episódios das últimas temporadas de Game of Thrones (US$ 15 milhões) e da primeira de sua prequel A Casa do Dragão (US$ 20 milhões).

Claro, a Disney não é a única a investir quantias exorbitantes em séries para streaming. A Netflix gastou US$ 30 milhões por episódio da quarta temporada de Stranger Things e a Amazon investiu US$ 50 milhões em cada episódio do thriller Citadel (que tem como produtores executivos os diretores de Guerra Infinita e Ultimato, que portanto já são experientes em convencer os estúdios a investir orçamentos gigantescos) e US$ 58 milhões por episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder (o que torna a primeira temporada da série mais cara que os filmes da trilogia de Peter Jackson dos anos 2000, e um fracasso doloroso para a empresa de Jeff Bezos).

Não é surpresa que o modelo de negócios baseado no streaming esteja levando Hollywood para o buraco.

Afora essas duas produções da Marvel, os outros caríssimos fracassos da Disney no ano foram o remake live-action de A Pequena Sereia e a sequência Indiana Jones e a Relíquia do Destino.

O primeiro a Disney esperava que fosse um blockbuster ao estilo A Bela e a Fera (US$ 1,26 bilhão em 2017), ainda mais após a empresa ter gasto absurdos US$ 265 milhões em sua produção (ou US$ 212 milhões após os incentivos do governo britânico). No entanto, o longa arrecadou somente US$ 569,6 milhões, com um desempenho particularmente pavoroso fora dos EUA/Canadá (US$ 271 milhões, menos do que Transformers: O Despertar das Feras e seu colega de Disney Elementos).

Já o quinto Indiana Jones havia custado à empresa comandada por Bob Iger US$ 295 milhões (ou US$ 239 milhões após os reembolsos do governo), e isso somente para a pré-produção, filmagem e um mês de pós-produção, o que significa que seu custo final foi bem maior do que isso. Entretanto, seu faturamento na bilheteria global ficou bem abaixo do que a Disney costumava ver com suas sequências de Star Wars lançadas na década passada: apenas US$ 384 milhões.

O artigo da Forbes, porém, não cobre outros dois fracassos vergonhosos do final do ano que também farão a Disney perder muito dinheiro: As Marvels, que quebrou uma série de recordes negativos e hoje é o maior desastre da história do MCU, e a animação Wish: O Poder dos Desejos. Somado com o flop da DC Aquaman 2: O Reino Perdido, os últimos meses de 2023 foram simplesmente catastróficos para as bilheterias – e não há nenhuma perspectiva de que 2024 seja melhor.

2023 foi o ano do centenário tanto da Disney quanto da Warner Bros. O estúdio dono dos Looney Tunes ao menos foi presenteado com Barbie, que se tornou a maior bilheteria de sua história – e nem isso foi suficiente para tirar a WB da profunda crise em que se encontra há anos.

Já a Disney chegou aos 100 anos em um dos momentos mais dramáticos de sua história. As marcas que antes constantemente rendiam bilhões de dólares em receita para a empresa hoje encontram-se enfraquecidas, desmoralizadas, com novas produções totalmente incapazes de atrair público num volume suficiente que justifique os investimentos milionários.

Como culminação de décadas de decisões equivocadas e apostas que não deram certo, toda a indústria do entretenimento norte-americana teve em 2023 o pior ano em uma geração, conforme diz a Variety.

Será que vão conseguir sair do buraco que eles mesmos se enfiaram? E, se sim, como?

Deixe seu comentário aí embaixo!

Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
Leia também
Deixe seu comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.