Bilheteria | De Volta ao Lar é o maior sucesso da Sony em 10 anos!

Com a maior parte de sua missão já cumprida, e de forma exemplar, o Homem-Aranha de Tom Holland agora já pode começar a descansar e a ceder telas. Com a bilheteria e o número de salas do longa minguando a cada semana, vou combinar neste mesmo post as análises das bilheterias americana, mundial e brasileira.

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Bem, vamos começar pelos EUA. O novo do Cabeça de Teia, após os resultados dos dois últimos fins de semana, chegou a ótimos US$ 314 milhões, deixando para trás os US$ 304,3 milhões que 007: Operação Skyfall arrecadou em 2012. Como diz o título da matéria, isso faz de Homecoming a maior bilheteria da Sony em dez anos, ou seja, desde os US$ 336,5 milhões que outro filme do Aracnídeo, Homem-Aranha 3, rendeu em 2007. Por outro lado, quando ajustado pela inflação, Bond ainda leva uma boa vantagem sobre o Aranha, uma vez que o valor ajustado de Skyfall é de US$ 336,4 milhões.

 

 

Quando checamos os números, fica claro por que a Sony tem lutado tanto pela posse do Homem-Aranha: as quatro maiores bilheterias (não ajustadas) da história do estúdio pertencem ao Escalador de Paredes, sendo que a trilogia de Sam Raimi ocupa os três primeiros lugares, seguidos por Homecoming, em quarto. Aliás, se Skyfall não tivesse surpreendido, então Peter Parker estaria ocupando o top 5 histórico do estúdio, que incluiria O Espetacular Homem-Aranha (que, com US$ 262 milhões arrecadados, teve de ceder o quinto lugar para o aclamado filme de James Bond comandado por Sam Mendes).

 

Seja como for, a Sony praticamente só se sustentou em pé nesta década graças a Parker e Bond, os protagonistas dos blockbusters em live action (relativamente) bem sucedidos que a casa lançou desde… Bem, vejamos… Não sei… Os Smurfs (US$ 563,7 milhões mundialmente em 2011)? MIB 3 (US$ 624 milhões global em 2012, porém com um custo de produção proibitivamente alto)? Não que o estúdio não tivesse se esforçado para sair dessa, claro: ressuscitaram a franquia dos Caça-Fantasmas, tentaram fazer Adam Sandler virar astro de ação em Pixels, trouxeram o Robert Langdon de Tom Hanks de volta da aposentadoria em Inferno… Todos fracassaram de maneira humilhante, servindo apenas para afundar potenciais franquias para a Sony.

 

 

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Para desespero do estúdio, o Homem-Aranha estava seguindo pelo mesmo caminho, conforme a franquia de Andrew Garfield chafurdava em críticas ruins, baixa empolgação dos fãs e bilheterias abaixo do que seria desejável, dado o altíssimo custo de produção de tais longas. Por isso, o “resgate” da Marvel/Disney não poderia ter vindo em melhor hora. Agora oficialmente parte do MCU (o que ajuda a diferenciar a atual encarnação do herói das anteriores) e num filme elogiadíssimo pela crítica, a Sony finalmente teve em suas mãos o sucesso incontestável de que tanto necessitava.

 

Mas esta não foi a única marca que a nova aventura do Aracnídeo conquistou recentemente. Após o último fim de semana, De Volta ao Lar ultrapassou os US$ 312,4 milhões de Homem de Ferro 2 e está a apenas US$ 4 milhões de alcançar os US$ 318,4 milhões do primeiro Homem de Ferro (em valores não ajustados, é sempre bom lembrar), o que deverá acontecer nos próximos dias, para se tornar a 7ª maior bilheteria do MCU nos EUA. Talvez os US$ 333,1 milhões de Guardiões da Galáxia estejam um pouco distantes, a não ser se o estúdio aproveitasse toda a aclamação do longa para relançá-lo daqui há alguns meses, visando premiações… O que foi? A Warner está planejando fazer o mesmo com Mulher-Maravilha, a Sony devia ao menos pensar no assunto.

 

 

Também não podemos deixar de notar que o longa também deixou para trás o total ajustado pela inflação de O Homem de Aço para se tornar (agora sim) o reboot de super-heróis que mais vendeu ingressos nos EUA. Claro que a discussão sobre o que é e o que não é um reboot é muito mais complicada (seria Batman vs Superman um reboot do Batman? Ou Deadpool um reboot do Mercenário Bocudo, que já havia aparecido em X-Men Origens?), mas não deixa de ser mais uma importante marca batida pelo Aranha de Tom Holland.

 

Todas essas marcas, porém, quase não foram alcançadas após a horrenda queda que o longa sofreu em sua segunda semana. Aliás, a resiliência do nosso Cabeça de Teia nas bilheterias americanas foi digna de nota. Conforme expliquei aqui, De Volta ao Lar beneficiou-se por ser o único blockbuster familiar, de quatro quadrantes, em cartaz desde sua estreia, uma vez que seus concorrentes ou eram adultos demais (Dunkirk, Atômica, Planeta dos Macacos, Detroit) ou infantis demais (Meu Malvado Favorito 3, Emoji: O Filme). Ao existir no espaço entre estes dois extremos, Homecoming foi capaz de ser basicamente a melhor opção para quem queria apenas  ver um divertido blockbuster de ação e aventura, voltados para pessoas dos 8 aos 80 anos. Trata-se de um feito similar ao alcançado por Esquadrão Suicida no ano passado, que também caiu brutalmente em sua segunda semana, apenas para se manter de forma consistente nos dias seguintes, conforme seus concorrentes (Meu Amigo o Dragão, Ben-Hur, entre outros) afundavam.

 

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Mundialmente, Homecoming arrecadou US$ 724,8 milhões, após sua estreia no Japão há duas semanas. Com isso, o longa deixou para trás os US$ 709 milhões que O Espetacular Homem-Aranha 2 faturou em todo o globo há três anos. A aventura estrelada por Holland mostra que ainda tem gás no tanque (ou, melhor dizendo, fluído de teia) para ultrapassar os US$ 757,9 milhões do primeiro Espetacular Homem-Aranha, e isso a um custo de produção muito menor que o dos dois longas de Garfield.

 

De Volta ao Lar chegará aos cinemas da China, o último país que ainda não recebeu o longa, em 8 de setembro. Conforme expliquei aqui, os chineses sempre foram receptivos com os filmes do Homem-Aranha, que faturaram muito por lá, o atual segundo maior mercado cinematográfico do planeta. O fato de o herói agora pertencer ao MCU, a franquia de super-heróis mais popular da China (Vingadores: Era de Ultron ainda é a maior bilheteria para filmes de super-heróis por lá), também deve ajudar a turbinar seu sucesso em potencial. Dependendo de como Homecoming se sair na nação oriental, não seria surpresa se sua bilheteria mundial ultrapassasse a de Mulher-Maravilha (que cruzou a marca dos US$ 800 milhões neste fim de semana).

 

 

A aventura da DC ainda irá estrear no Japão que, em média, costuma render aos filmes de heróis americanos entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões. Tais valores poriam Mulher-Maravilha a cerca US$ 100 milhões de distância da quantia que De Volta ao Lar possui hoje – e também mais ou menos a mesma coisa que A Ameaça de Electro rendeu na China. Então, a disputa pela medalha de prata das bilheterias globais de heróis em 2017, travada pela Amazona de Themyscira e o Cabeça de Teia, ainda não está exatamente decidida (Guardiões da Galáxia Vol. 2 permanece como o líder, com US$ 862,5 milhões), e será travada nos dois países do Extremo Oriente. Veremos o que poderá acontecer nas semanas seguintes.

 

Brasil

 

No Brasil, porém, esse conflito já tem vencedor praticamente definido… e é a Mulher-Maravilha, que embora tenha estreado com valores menores que De Volta ao Lar em público e faturamento, terminará com cerca de 400 mil ingressos e R$ 9 milhões a mais que seu concorrente. Até o momento, são R$ 109 milhões faturados e pouco mais de 7 milhões de ingressos vendidos para a Amazona da DC, contra R$ 101 milhões arrecadados e 6,6 milhões de ingressos para o Cabeça de Teia da Marvel.

 

Além disso, obrigado a ceder telas para os novos lançamentos da semana (como Annabelle 2, a sequência de um dos filmes de horror de maior sucesso no Brasil), nosso Escalador de Paredes favorito acabou tendo de sair do top 10 nesta semana, motivo pelo qual não teremos a tabela do Brasil no post de hoje. 🙁

 

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No fim das contas, Mulher-Maravilha acabou tendo uma sustentação melhor após a estreia: apenas 18,7% do público total da aventura de guerra da DC foi ver o filme no primeiro fim de semana, contra os 25,5% do total que foram conferir De Volta ao Lar na abertura. Historicamente, os filmes da Marvel (incluindo os X-Men) e da DC costumam levar entre 24% e 26% de seu público total no fim de semana de estreia. Isso significa que, enquanto MM sustentou-se após a estreia de forma bem melhor que a grande maioria dos outros filmes de heróis (foi o longa do gênero que fez a menor quantidade de seu público na abertura desde Os Vingadores, em 2012), o desempenho de Homecoming acabou estando exatamente dentro da média para um filme do tipo.

 

Não se chateie com o nosso Amigão da Vizinhança, porém: ele lutou bravamante nas bilheterias brasileiras e beneficiou-se do período das férias de julho. Assim, ele se tornou o maior filme live action lançado neste período de folga desde A Saga Crepúsculo: Eclipse, lançado há sete anos (!), portanto, superando outros hits recentes de julho como Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, Planeta dos Macacos: O Confronto, Transformers: A Era da Extinção e o próprio O Espetacular Homem-Aranha. Além disso, o Aranha de Holland também conseguiu ser o maior filme do Cabeça de Teia no Brasil em faturamento e o terceiro maior em público, perdendo apenas para os dois primeiros de Sam Raimi.

 

 

Então sim, independentemente de quem, dentre Marvel ou DC, levou mais gente aos cinemas, os dois ícones de ambas as editoras/produtoras tiveram temporadas bem sucedidas nas bilheterias de nosso país, mostrando que a paixão do brasileiro pelos super-heróis americanos continua mais forte do que nunca. Veremos se Thor: Ragnarok, Liga da Justiça e Pantera Negra continuarão esta tendência de sucesso nos próximos meses.

 

Bilheteria EUA de 18/08/17 a 20/08/17:

 

Filme Semanas em cartaz Renda no fim de semana (em US$) Renda acumulada (em US$)
1- Dupla Explosiva 1 21.384.504 21.384.504
2- Annabelle 2: A Criação do Mal 2 15.612.680 64.156.901
3- Roubo em Família 1 7.600.036 7.600.036
4- Dunkirk 5 6.614.385 165.422.464
5- O Que Será de Nozes 2 2 5.092.344 17.675.989
6- Emoji: O Filme 4 4.441.028 71.858.380
7- Homem-Aranha: De Volta ao Lar 7 4.256.367 314.057.748
8- Girls Trip 5 3.911.300 104.053.445
9- A Torre Negra 4 3.788.669 41.673.047
10- Terra Selvagem 3 2.975.732 4.089.001
Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
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