Bilheteria | Homem-Aranha faz mais que Mulher-Maravilha e menos que Guardiões nos EUA

Homem-Aranha: De Volta ao Lar chegou fazendo barulho aos cinemas mundiais nesse fim de semana. O longa arrecadou US$ 117 milhões nos cinemas dos Estados Unidos e US$ 139,5 milhões nos outros países, para uma gigantesca estreia de US$ 257 milhões em todo o mundo. E, com diversos mercados importantes (como França, China e Japão) que ainda não receberam o longa, o filme tem tudo para ter uma carreira meteórica nas bilheterias globais.

 

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Nos Estados Unidos, De Volta ao Lar atingiu algumas marcas importantes: foi o terceiro maior fim de semana de estreia de 2017, atrás apenas das aberturas de A Bela e a Fera (US$ 174,7 milhões) e Guardiões da Galáxia Vol. 2 (US$ 146,5 milhões), porém à frente das de Mulher-Maravilha (US$ 103,2 milhões) e Logan (US$ 88,4 milhões). Não ajustado pela inflação, trata-se da décima terceira maior bilheteria de estreia entre filmes de super-heróis, e terceira quando consideramos apenas os “filmes de origem”, atrás de Esquadrão Suicida e Deadpool, porém, passando à frente de O Homem de Aço.

 

 

Entre os filmes do Homem-Aranha, De Volta ao Lar possui o segundo maior fim de semana de abertura, atrás apenas de Homem-Aranha 3. Ajustando seus valores pela inflação, ele levou menos gente aos cinemas do que as estreias dos três longas de Sam Raimi, porém, supera em muito as aberturas dos dois de Marc Webb, sugerindo que o novo reboot foi bem sucedido em recuperar a confiança da audiência num novo longa do personagem que não lançava um filme aclamado por crítica e público desde 2004.

 

Além disso, o novo Aranha é também uma muito bem vinda vitória para seu estúdio, a Sony Pictures, que comeu o pão que o diabo amassou nesta década: viu seu reboot O Espetacular Homem-Aranha naufragar, e levar com ele o ambicioso projeto de universo compartilhado em torno do herói (ao menos naquele momento); teve seus arquivos hackeados; está em vias de perder os direitos sobre James Bond; e amargou um fracasso caro atrás do outro. Nos últimos três anos, o estúdio basicamente sobrevivia de animações infantis (como a franquia Hotel Transilvânia) e hits de baixo e médio orçamento, como Festa da Salsicha, O Homem nas Trevas, Passageiros e o recente Em Ritmo de Fuga.

 

 

O problema é que, afora tais sucessos, boa parte dos blockbusters do estúdio ora eram recebidos com bilheterias desanimadoras, como O Espetacular Homem-Aranha 2, ora fracassavam de maneira humilhante, como Pixels e Caça-Fantasmas. Assim, De Volta ao Lar é o maior sucesso da Sony desde Spectre, lançado lá em novembro de 2015 – com a vantagem de que o novo longa do herói aracnídeo também foi aclamado pela crítica, o que não ocorreu com o último do James Bond.

 

Pelo lado negativo, os US$ 117 milhões do filme ainda ficaram levemente abaixo das expectativas da indústria, que, depois dos excelentes números de quinta e de sexta-feira, apostavam numa estreia acima dos US$ 125 milhões. Aliás, 13,1% do total de seu fim de semana foi feito nas pré-estreias de quinta-feira – e quase a metade (43,3%, para ser mais exato) do valor total fora atingido até a noite de sexta. A esperança era que o público familiar levasse suas crianças às matinês de sábado e domingo, porém, aparentemente isso ocorreu em volume menor do que o esperado.

 

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O que os números sugerem é que o filme teve apoio massivo nas prés e no dia da estreia de seus fãs (que sempre comparecem no primeiro dia de lançamento), que não foi sustentado com a mesma força no sábado e domingo, quando o “público comum” (leia-se o cinéfilo casual, que não necessariamente se importa ou mesmo sabe que esse Aranha agora faz parte do Universo Marvel) foi assisti-lo. E o histórico sugere que filmes do tipo costumam perder o gás rápido: Guerra Civil fez 42% de seu fim de semana de estreia na sexta-feira, e terminou com o pior desempenho em relação à abertura de todo o MCU; Batman vs Superman fez praticamente a metade de sua abertura até a noite de sexta, e depois desabou feito rocha nas semanas seguintes, encerrando sua carreira sem nem sequer dobrar seu fim de semana de estreia. Um desempenho parecido com o desses dois embates super-heroicos do ano passado dá a De Volta ao Lar um total final entre US$ 232,8 milhões e US$ 266,5 milhões – embora este seja o pior cenário, claro. Se usarmos a maior parte do MCU como exemplo, um valor final mais provável seria algo entre US$ 285 milhões e US$ 318 milhões.

 

Muito tem se discutido entre os analistas da indústria sobre a dominância absoluta dos filmes de super-heróis nas bilheterias nos últimos meses, porém, convenhamos, não é como se Hollywood tivesse apresentado muitas opções melhores no cinema blockbuster (um tema complexo, que eu planejo abordar separadamente num artigo futuro). Guardiões da Galáxia Vol. 2 dominou durante o mês de maio, com a ajuda das performances decepcionantes de concorrentes como Rei Arthur: A Lenda da Espada, Alien: Covenant, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar e Baywatch. O mesmo vale para Mulher-Maravilha, cujos maiores adversários em junho foram os desastres A Múmia e Transformers: O Último Cavaleiro. Mesmo as sequências animadas Carros 3 e Meu Malvado Favorito 3 abriram com números bem abaixo dos de seus predecessores.

 

 

Homem-Aranha vai enfrentar logo na semana que vem o aguardado Planeta dos Macacos: A Guerra, o terceiro capítulo da nova fase da franquia, que tem sido campeã de críticas e bilheteria. Duas semanas depois, o Peter Parker de Tom Holland vai combater Dunkirk, o aguardado thriller de guerra de Christopher Nolan (que abriu com grande sucesso nesse mesmo ponto de meados de julho dois filmes do Cavaleiro das Trevas e A Origem), e Valerian, o ambicioso sci-fi de Luc Besson. Claro que, sob certo ponto de vista, todos esses longas são apostas menos, digamos, “seguras” de sucesso, do que o novo Aranha. Ao que tudo indica, eles terão uma vantagem não compartilhada pelos competidores de Guardiões e Mulher-Maravilha: são bons filmes, do tipo que agradam ao público e à crítica, podendo representar um desafio maior do que os enfrentados pela space opera de James Gunn e pelo drama de guerra de Patty Jenkins.

 

Mas veja pelo lado bom: De Volta ao Lar custou apenas US$ 175 milhões para ser feito, um valor bem abaixo dos US$ 230 milhões a US$ 255 milhões dos três últimos filmes do Cabeça de Teia, que basicamente exigiam que eles tivessem desempenhos excepcionais para não ficarem “no vermelho”. Dessa forma, mesmo que o filme não supere os totais acima dos US$ 370 milhões de Guardiões e Mulher-Maravilha, ainda vai ser um sucesso lucrativo para a Sony e a Marvel. Além disso, uma vez que De Volta ao Lar ultrapassar os US$ 202,8 milhões de O Espetacular Homem-Aranha 2, terá revertido a deprimente tendência que data desde o primeiro filme do herói, lançado lá em 2002, no qual cada filme subsequente do Aranha arrecada menos que o anterior nas bilheterias.

 

 

Enquanto você reflete sobre quem, dentre Maguire, Garfield ou Holland, foi o melhor Homem-Aranha, fique com a tabela das top 10 bilheterias americanas do último fim de semana! 🙂

 

Bilheteria EUA de 07/07/17 a 09/07/17:

 

Filme Semanas em cartaz Renda no fim de semana (em US$) Renda acumulada (em US$)
1- Homem-Aranha: De Volta ao Lar 1 117.027.503 117.027.503
2- Meu Malvado Favorito 3 2 33.580.425 148.771.085
3- Em Ritmo de Fuga 2 13.002.721 57.135.793
4- Mulher-Maravilha 6 9.822.105 368.473.296
5- Transformers: O Último Cavaleiro 3 6.376.578 118.993.338
6- Carros 3 4 5.382.248 133.479.660
7- The House 2 4.778.272 18.593.950
8- The Big Sick 3 3.576.646 6.846.969
9- 47 Meters Down 4 2.714.172 38.407.820
10- O Estranho que nós Amamos 3 2.062.675 7.412.009
Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
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