Bilheteria | Mulher-Maravilha ainda maravilhosa, Guardiões 2 bate o 1 de novo
Conforme esperado após sofrer uma queda dramática na semana passada, Guardiões da Galáxia Vol. 2 saiu do top 10 da bilheteria brasileira. Portanto, hoje não teremos análise dos resultados do fim de semana em nosso país. Por outro lado, isso vai nos dar espaço para discutir o novo resultado alcançado pelo épico espacial de James Gunn nos EUA e a impressionante performance de Mulher-Maravilha. Ficou curioso? Então, vem com a gente!
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Nos Estados Unidos, no Brasil e em boa parte do globo, Mulher-Maravilha continua dominando. Em nosso país, a aventura da DC liderou mais uma vez, levando quase 1 milhão de pessoas ao cinema, totalizando R$ 50,6 milhões arrecadados e pouco mais de 3 milhões de ingressos vendidos. Já nos EUA, foram US$ 58,2 milhões no fim de semana, para um total de US$ 206,3 milhões até agora.
Mas o mais surpreendente é que lá o filme caiu apenas 43,3% em relação à sua estreia na semana passada. Segundo pesquisa do analista Scott Mendelson da Forbes, trata-se da menor queda do primeiro para o segundo fim de semana para um filme de super-heróis desde o primeiro Homem-Aranha, lançado lá no longínquo 2002 – portanto, melhor que a de qualquer filme do MCU e DCEU até então. Agora, o que isso quer dizer? Bem, quer dizer que o filme comandado por Patty Jenkins está tendo um boca a boca excelente, galvanizado pelas excelentes críticas, e efetivamente atraindo aos cinemas e agradando não apenas os fãs de quadrinhos e cinema, como também o público casual. O caráter icônico da heroína, famosa até entre quem nunca abriu uma HQ de super-heróis, também ajudou: foi um grande evento quando o Superman, o Batman e o Homem-Aranha chegaram às telas do cinema pela primeira vez* (em 1978, 1989 e 2002, respectivamente), e é um grande evento agora a estreia da Mulher-Maravilha nas telonas. Finalmente, Mulher-Maravilha teve uma ajuda a mais da deprimente performance da principal estreia da semana, A Múmia.
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- Guardiões 2 ainda forte nos EUA, nem tanto no Brasil
A aventura estrelada por Tom Cruise estreou nos EUA com risíveis US$ 31,6 milhões (e decentes R$ 11 milhões no Brasil). Lá na terra do Tio Sam, sua estreia se torna ainda mais humilhante quando comparada com a dos três filmes d’A Múmia estrelados pelo Brendan Fraser e seu spin-off O Escorpião Rei, que faturaram mais em seus primeiros fins de semana do que o longa de Cruise – e olha que eles chegaram às telas num tempo onde os ingressos eram bem mais baratos. Vou repetir: o novo A Múmia levou menos gente ao cinema na estreia que os filmes anteriores de sua franquia, incluindo o pessimamente recebido terceiro capítulo e seu bisonho spin-off feito apenas para arrecadar uns trocados. É um início desastroso para o Dark Universe, o universo compartilhado de monstros clássicos (!) que a Universal planeja começar para concorrer com a Marvel, que só não foi pior porque no restante do planeta a bilheteria foi até decente: em torno de US$ 140 milhões, a melhor estreia internacional da carreira do astro de Missão: Impossível.
Mas chega de falar da DC e de Cruise, vamos ao que interessa: com mais US$ 6,3 milhões arrecadados no último fim de semana, Guardiões da Galáxia Vol. 2 chegou aos US$ 366,4 milhões nos Estados Unidos, superando os US$ 364 milhões ajustados pela inflação do primeiro filme.
“Como assim, Tiago? O que tem a ver inflação com isso?“. Calma, eu explico: a palavra “inflação” pode ter mais a ver com o noticiário de política e economia do que com o de cinema, mas aqui é usada a fim de comparar as performances de diferentes filmes ao longo dos anos, especialmente aqueles lançados em épocas diferentes. Veja bem, conforme a indústria do cinema foi se modernizando e evoluindo, o preço dos ingressos passou a custar mais caro do que antes. Para se ter uma ideia, no início da década de 1970, o preço médio do ingresso era de US$ 1,55. Hoje em dia, com a popularização de salas 3D, IMAX, XD, etc., cujo ingresso é bem mais caro, portanto, o preço médio é de US$ 8,84 para 2017.
Para clarear um pouco as coisas, vamos comparar a performance de dois recordistas de bilheteria, o épico …E o Vento Levou, a maior bilheteria da história ajustada pela inflação, e A Bela e a Fera, o campeão de 2017 até agora. O primeiro chegou aos cinemas em 1939 e foi relançado por diversas vezes ao longo das décadas, uma prática comum antes da popularização do home vídeo. Assim, se não ajustássemos sua bilheteria à inflação, o épico de Clark Gable e Vivien Leigh teria rendido US$ 198 milhões. Já a fantasia musical da Disney chegou às telas em 16 de março, e rendeu US$ 502,8 milhões nos EUA até agora. Portanto, num primeiro momento, parece que A Bela e a Fera fez uma bilheteria 2,5 vezes maior que a de …E o Vento Levou, correto? Nem tanto: de acordo com o Box Office Mojo, a bilheteria ajustada de …E o Vento Levou é de assustadores US$ 1,7 bilhão (e isso só nos EUA, no mundo seriam US$ 3,4 bilhões, segundo cálculos do Guiness World Records). Para se ter uma ideia, isto é quase o dobro do que o campeão não ajustado, Star Wars: O Despertar da Força, faturou nos cinemas.
Tendo estreado há quase oito décadas, …E o Vento Levou fez sucesso numa época onde o preço dos ingressos era infinita e perturbadoramente mais barato do que hoje. Se você estivesse vivo naquela época, pagaria apenas alguns centavos para assistir ao épico, e talvez veria também na mesma sessão alguns desenhos clássicos e um cinejornal com as notícias da guerra que se alastrava pela Europa. Porém, se …E o Vento Levou tivesse estreado este ano e levado a exata mesma quantidade de pessoas aos cinemas que levou desde 1939, pagando os preços de hoje, então teria faturado o US$ 1,7 bilhão que mencionei acima (62% de toda a população atual dos EUA precisariam conferir o longa nos cinemas para fazer isso acontecer). A Bela e a Fera pode ter rendido rios de dinheiro à Disney, mas levou apenas cerca de um terço de todo o público que foi ver o clássico dirigido por Victor Fleming.
Toda a falação acima serve apenas para ilustrar o fato de que, após os resultados deste fim de semana, Guardiões 2 pôs mais traseiros sentados no cinema do que o 1. Até então, embora já tivesse superado o primeiro em renda há tempos, a segunda aventura de Star-Lord, Rocket, Gamora e seus amigos ainda precisava ultrapassar o valor ajustado para provar que é um sucesso maior que seu antecessor também no volume do público.
Por outro lado, com a bilheteria ajustada, Guardiões 2 não é o quinto maior sucesso do MCU, mas sim o sexto: os valores ajustados do primeiro Homem de Ferro são de US$ 392 milhões, um número que agora parece meio inalcançável para o Vol. 2. Mas veremos como ele vai se sair nas semanas seguintes.
Enquanto isso, fique com a tabela das 10 maiores bilheterias do fim de semana nos EUA:
Bilheteria EUA de 09/06/17 a 11/06/17:
Filme | Semanas em cartaz | Renda no fim de semana (em US$) | Renda acumulada (em US$) |
1- Mulher-Maravilha | 2 | 58.520.672 | 206.343.175 |
2- A Múmia | 1 | 31.688.375 | 31.688.375 |
3- As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme | 2 | 12.180.704 | 44.443.216 |
4- Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar | 3 | 10.704.103 | 135.830.397 |
5- Guardiões da Galáxia Vol. 2 | 6 | 6.312.367 | 366.431.539 |
6- Ao Cair da Noite | 1 | 5.988.370 | 5.988.370 |
7- Baywatch | 3 | 4.648.207 | 51.113.342 |
8- Megan Leavey | 1 | 3.810.867 | 3.810.867 |
9- Alien: Covenant | 4 | 1.826.579 | 71.238.791 |
10- Tudo e todas as Coisas | 4 | 1.627.295 | 31.739.247 |
*Não contando, claro, as cinesséries com o Superman e o Batman dos anos 1940 e 1950.