Bilheterias de Filmes de Super-Heróis em 2017: Mundo – Parte 3

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Concluindo nossa matéria especial sobre o desempenho dos filmes de heróis do ano passado nas bilheterias, nesta última parte nós vamos trazê-los ranqueados baseado em seu desempenho em todo o globo. Quais heróis mais agradaram as audiências ao redor do planeta em 2017? Quais não tiveram um desempenho tão bom assim? É o que você vai descobrir agora!

 

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Os dados abaixo são do Box Office Mojo:

 

1º Lugar: Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Bilheteria nos EUA: US$ 334.201.140

Bilheteria internacional*: US$ 545.965.784

Bilheteria mundial*: US$ 880.166.924

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 8º lugar

 

Diferentemente do que aconteceu no Brasil e nos Estados Unidos, o campeão mundial não foi um filme da DC, mas sim (tal como vem ocorrendo regularmente desde 2010) da Marvel Studios. No caso, o reboot do nosso Cabeça de Teia favorito contou com ótimas bilheterias em uma série de países para se sagrar como o campeão de 2017. Mais do que isso: após uma performance fenomenal na China, o novo Aranha conseguiu se tornar a segunda maior bilheteria mundial do herói aracnídeo de todos os tempos, atrás apenas dos US$ 890 milhões de Homem-Aranha 3.

 

De Volta ao Lar iniciou sua trajetória nos cinemas em julho de 2017, quando aportou nos Estados Unidos e em 60% dos territórios que estavam agendados para receber o longa. Com ótimas estreias em países como a Coréia do Sul (US$ 25,8 milhões em cinco dias), Reino Unido (US$ 11,8 milhões) e, claro, o Brasil (US$ 9,1 milhões), a aventura dirigida por Jon Watts faturou US$ 256,5 milhões globalmente em seu primeiro fim de semana. Um bom número, claro, mas que poderia ter sido um pouco maior caso o longa também tivesse aberto na China na mesma data. Mas a ajuda dos chineses não demoraria a chegar.

 

Em meados de agosto, De Volta ao Lar havia ultrapassado a marca dos US$ 700 milhões e, mesmo após fazer sucesso numa série de territórios importantes, ainda se encontrava atrás dos totais globais de Mulher-Maravilha e Guardiões da Galáxia Vol. 2, bem como do primeiro Espetacular Homem-Aranha e os três longas de Raimi. Naquela altura, o longa já havia cumprido com louvor sua (difícil) missão de ser o bem sucedido reboot do herói que a Sony tanto precisava, aclamado pelo público e pela crítica, ainda que não fosse ser o campeão do ano. Mesmo assim, ainda havia grandes expectativas sobre como o longa se sairia na China, considerando a popularidade por lá não apenas do MCU, mas também do próprio Homem-Aranha. Lá, os filmes anteriores do herói haviam recebido bilheterias cada vez maiores, que coincidiram com a progressiva abertura do mercado chinês a Hollywood a partir do início da atual década. O Espetacular Homem-Aranha 2, por exemplo, rendeu pouco menos de US$ 100 milhões por lá.

 

Toda essa expectativa, no fim, valeu a pena: impulsionado por um grande esforço de marketing da Sony no país, De Volta ao Lar estreou no cobiçado mercado chinês com cerca de US$ 70 milhões, fazendo dele a terceira maior abertura para um filme de heróis por lá, atrás dos colegas de MCU Vingadores: Era de Ultron e Capitão América: Guerra Civil. No fim das contas, o Aranha de Tom Holland saiu de cartaz por lá com US$ 116 milhões – na China, os blockbusters hollywoodianos costumam ter quedas brutais após sua estreia.

 

 

A China, aliás, não foi o único lugar onde De Volta ao Lar liderou a bilheteria dentre os super-heróis do ano: em territórios importantes como a Coréia do Sul (US$ 51,5 milhões), o México (US$ 27 milhões) e o Japão (US$ 25 milhões) o longa reinou soberano sobre seus concorrentes. Some isso a performances excelentes em lugares como o Reino Unido (US$ 39,5 milhões) e o Brasil (US$ 32 milhões) e pronto: já no final de setembro, De Volta ao Lar ultrapassou Guardiões 2 para se tornar a maior bilheteria global para um filme de heróis do ano, e o sexto maior em geral, atrás do inesperado sucesso Jumanji: Bem-Vindo à Selva (US$ 884 milhões e contando) e dos hits bilionários Meu Malvado Favorito 3 (US$ 1.034 bilhão), Velozes & Furiosos 8 (US$ 1.236 bilhão), A Bela e a Fera (US$ 1.263 bilhão) e Star Wars: Os Últimos Jedi (US$ 1.325 bilhão).

 

Atualmente, De Volta ao Lar é o quinto maior filme da Sony mundialmente, após ser recentemente ultrapassado pelo imparável Jumanji. Por centímetros, porém, ele não deixou para trás 007 Contra Spectre (quase US$ 881 milhões). Completam os rankings do estúdio o citado Homem-Aranha 3 e 007: Operação Skyfall (US$ 1.108 bilhão). Seja como for, tanto De Volta ao Lar quanto Jumanji contribuíram para um ano excelente para a Sony. O estúdio, afinal, por muitos anos viveu um calvário que não parecia ter fim, que incluiu fracassos humilhantes de bilheteria (Pixels, Caça-Fantasmas, entre outros), o vexame do Sony Hack em 2014 e, enfim, a perda de relevância num mercado cinematográfico cada vez mais competitivo. Parecia que a Sony estava destinada a ser rebaixada a um “estúdio menor”, enquanto gigantes como a Disney, Warner e Universal dominavam as maiores fatias de mercado.

 

Eis que, no ano passado, o Aranha de Tom Holland e a comédia estrelada por The Rock resgataram seu estúdio das cinzas, faturando um combinado de quase US$ 1.76 bilhão mundialmente. E mais do que isso: os dois filmes também foram extremamente benéficos para os planos de longo prazo da Sony. De Volta ao Lar, afinal, conseguiu ser o sucesso incontestável de bilheteria do Homem-Aranha que o estúdio não via a anos, enquanto o novo Jumanji pode ser o início de uma lucrativa série, estrelada por alguns dos atores mais populares do planeta.

 

Tamanha foi a injeção de ânimo aplicada por De Volta ao Lar que, em 2018, a Sony começará a tirar da poeira seus bizarros planos de produzir mais filmes centrados nos personagens que cercam o Homem-Aranha como Venom e a animação Homem-Aranha no Aranhaverso. Veremos se cada um deles será tão bem sucedido em crítica e bilheteria quanto De Volta ao LarQuem aí está animado para o filme solo da Tia May levanta a mão!

 

2º Lugar: Guardiões da Galáxia Vol. 2

Bilheteria nos EUA: US$ 389.813.101

Bilheteria internacional*: US$ 473.942.703

Bilheteria mundial: US$ 863.755.804

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 10º lugar

Há dois tipos de continuações de filmes de super-heróis (e blockbusters em geral, mas enfim). Existem aquelas que são sequências de filmes que se tornaram verdadeiros eventos culturais na “parte 1”, catapultando sua bilheteria para patamares tão altos que seria difícil para suas continuações as alcançarem. Alguns dos exemplos desse caso são Batman: O Retorno (US$ 266 milhões em 1992, queda de 35% em relação ao primeiro Batman), Homem-Aranha 2 (US$ 783 milhões em 2004, caindo quase 5% em relação ao total global do Homem-Aranha de 2002) e Vingadores: Era de Ultron (US$ 1.405 bilhão em 2015, 7,5% a menos do que o primeiro Vingadores).

 

Por outro lado, existem aquelas continuações que conseguem superar seus antecessores na bilheteria. Isso acontece na maioria das vezes quando a “parte 1” não é exatamente nenhum recordista, porém é bem recebido o bastante para que o público retorne em números maiores para a sua sequência. É o caso de X-Men 2 (US$ 407 milhões em 2003, 37% acima do primeiro X-Men), Homem de Ferro 2 (US$ 623 milhões em 2010, 6% acima de Homem de Ferro) e, principalmente, Batman: O Cavaleiro das Trevas (cujo US$ 1.004 bilhão em 2008 foi 170% maior do que a bilheteria global de Batman Begins).

 

Assim, por mais que Guardiões da Galáxia tenha sido o maior filme de heróis de 2014 na bilheteria mundial, sua continuação foi toda planejada para superar seu total. Para começar, a Marvel presenteou o Vol. 2 com o chamado “horário nobre” do estúdio, uma data de lançamento no início de maio que antes havia abrigado as maiores bilheterias do MCU. Era um sinal da confiança que o estúdio havia depositado em James Gunn e seu grupo de desajustados aventureiros espaciais, promovidos como um dos principais lançamentos da Disney de 2017.

 

Eis, porém, que o grupo encontrou seu adversário mais poderoso. Não Ronan, Ayesha, Ego ou mesmo Thanos, mas sim uma popularidade relativamente menor fora dos EUA do que dentro. Afinal, nos Estados Unidos, não só Guardiões como também outras sagas espaciais (como Star Wars e Star Trek) são tão absurdamente populares que fazem com que sua base de fãs fora de lá pareça bem menor em comparação. Os dois últimos Episódios de Star Wars lançados pela Disney, O Despertar da Força e Os Últimos Jedi, por exemplo, faturaram cerca de 45% de sua bilheteria global nos EUA, enquanto, na maioria dos blockbusters (como os filmes de herói), essa porcentagem cai para a casa dos 30%. Os recentes filmes de Star Trek também obtiveram uma proporção similar, mas com a desvantagem de faturar números bem menores que os da franquia criada por George Lucas.

 

 

Os dois longas dos Guardiões não escaparam da “maldição”, com 43% da bilheteria global do primeiro e 45% do segundo tendo sido feitas nos EUA. A título de comparação, essa porcentagem cai para 33% em Vingadores: Era de Ultron e 35% em Capitão América: Guerra Civil. O Vol. 1 faturou cerca de US$ 440 milhões fora dos Estados Unidos, um total internacional abaixo de seus concorrentes em 2014 (como O Soldado Invernal, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e até mesmo O Espetacular Homem-Aranha 2), enquanto o Vol. 2 saiu-se um pouco melhor, com US$ 474 milhões, embora ainda perdendo para os dois outros longas do MCU de 2017.

 

Claro, não é como se o filme foi algum fracasso de bilheteria fora dos EUA. Na sempre tão importante China, por exemplo, ele faturou pouco mais de US$ 100 milhões e na Europa o longa foi um sucesso, tornando-se o maior filme de heróis do ano em países como a França (US$ 25 milhões), a Alemanha (US$ 30 milhões) e o Reino Unido (US$ 53 milhões). Ainda assim, em outros territórios como o Brasil, o México e a Coréia do Sul, o filme não foi exatamente nenhum recordista, o que, no fim das contas, foi decisivo para impedi-lo de alcançar a (hoje não tão) exclusiva marca do US$ 1 bilhão na bilheteria mundial, o primeiro filme de maio da Marvel Studios a não atingi-la desde Thor, em 2011.

 

Mas isso não significa que o Vol. 2 foi algum tipo de fracasso de bilheteria, pelo contrário. Tendo custado cerca de US$ 200 milhões (bem abaixo do orçamento dos filmes dos Vingadores), o longa ainda foi bastante lucrativo para a Disney. Além disso, é sempre bom acrescentar que por muito pouco o filme de James Gunn não foi o campeão mundial dentre os longas de heróis de 2017 – como você viu acima, De Volta ao Lar recebeu um boost de última hora da bilheteria chinesa.

 

Finalmente, é sempre bom lembrar que Guardiões 2 é o maior filme da Marvel Studios a não trazer um segundo sequer de seu personagem mais popular, o Homem de Ferro de Robert Downey Jr. Pode parecer uma marca aleatória, porém é importante quando pensamos nos planos de longo prazo do MCU – Downey, afinal, não pode interpretar Tony Stark por toda a eternidade. Mas um longa da Marvel que, apoiando-se apenas na boa vontade de seu antecessor e no nome do estúdio, e ainda assim consegue faturar mais de US$ 860 milhões globalmente e se tornando um dos 10 maiores filmes de heróis da história na bilheteria mundial, bem… Eu diria que o futuro do MCU é bem lucrativo, com ou sem o Homem de Ferro.

 

3º Lugar: Thor: Ragnarok

Bilheteria nos EUA: US$ 314.143.225

Bilheteria internacional*: US$ 538.711.803

Bilheteria mundial: US$ 852.855.028

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 11º lugar

 

Completando o ano mais lucrativo da história da Marvel Studios temos Thor: Ragnarok, cuja excelente performance dentro e fora dos EUA garantiu que o MCU ficasse com o pódio entre os filmes de super-heróis de 2017 na bilheteria global. No caso da comédia estrelada por Chris Hemsworth e Tom Hiddleston, a Disney beneficiou-se por aplicar a inteligente estratégia de adiantar a estreia em uma semana em uma série de mercados internacionais, que já havia funcionado exemplarmente com seus blockbusters de maio.

 

Afinal, Ragnarok teria apenas 14 dias antes da chegada de Liga da Justiça, que, antes do embaraço que acabou se tornando, parecia um adversário bem formidável. E nunca é demais lembrar que, nos filmes de novembro da Marvel anteriores, o estúdio acabou perdendo na bilheteria global para competidores que estrearam poucas semanas depois. Thor: O Mundo Sombrio faturou US$ 645 milhões contra os US$ 865 milhões de Jogos Vorazes: Em Chamas, enquanto Doutor Estranho, apesar de ter rendido US$ 678 milhões, ficou abaixo dos US$ 814 milhões de Animais Fantásticos e Onde Habitam.

 

Ciente disso, a Disney estreou Ragnarok no final de outubro em 52% dos territórios internacionais que estavam agendados para recebê-lo, faturando cerca de US$ 108 milhões. Na semana seguinte, o filme abriu nos EUA e em territórios como a Alemanha, México, Japão, Rússia e, claro, na China, onde sua excelente estreia de US$ 55,6 milhões foi a maior da história para um filme de novembro. Dessa forma, ao final daquele fim de semana, o filme já somava US$ 427 milhões.

 

 

Ragnarok, aliás, agradou bastante o público de vários países: com US$ 538 milhões fora dos EUA, o longa ficou bem próximo de alcançar o total internacional de US$ 545 milhões de Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Na China, o filme de Taika Waititi foi o segundo maior filme de heróis do ano, com US$ 112 milhões naquele mercado. No Reino Unido (US$ 41 milhões) e na Coréia do Sul (US$ 35 milhões) Ragnarok também foi o medalhista de prata de 2017, enquanto em países como Austrália (US$ 27 milhões) e Itália (US$ 10,3 milhões) ele ficou na primeira colocação.

 

A Marvel Studios pode não ter lançado nenhum filme bilionário em 2017, porém, as bilheterias combinadas de seus três filmes no ano resultaram num faturamento combinado de quase US$ 2,6 bilhões. Foi a primeira vez, aliás, que os filmes do MCU renderam mais de US$ 2 bilhões no espaço de apenas um ano. Dessa forma, a Marvel Studios ultrapassou a marca de US$ 13 bilhões em faturamento global desde seu início lá em 2008, com Homem de Ferro.

 

É a franquia de maior bilheteria da história do cinema, e por uma margem bem alta.

 

4º Lugar: Mulher-Maravilha

Bilheteria nos EUA: US$ 412.563.408

Bilheteria internacional*: US$ 409.283.604

Bilheteria mundial: US$ 821.847.012

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 12º lugar

 

Medalhista de ouro no ranking americano e de prata no brasileiro, mundialmente Mulher-Maravilha precisou se contentar apenas com o 4º lugar entre os filmes de heróis do ano. Houve muitas discussões entre fãs e especialistas se isso qualificaria o longa de Patty Jenkins como uma “decepção” nas bilheterias o fato de o longa ter faturado mais nos EUA do que fora de lá. Afinal, o que houve? Performance mediana na bilheteria internacional? Ou foi a bilheteria americana que superou as expectativas? A resposta mais certa é: uma combinação de ambos os fatores.

 

É bem comum que um mesmo longa tenha desempenhos relativamente diferentes em diversos territórios – pessoas de culturas diferentes respondem de formas distintas a filmes, músicas, enfim, obras de arte em geral. Pegando dois exemplos do ano passado, Velozes & Furiosos 8 teve um desempenho apenas mediano nos EUA, porém tornou-se um sucesso de proporções épicas fora de lá, faturando mais de US$ 1 bilhão na bilheteria internacional, incluindo US$ 393 milhões na China, o maior filme hollywoodiano da história no país. Já Star Wars: Os Últimos Jedi foi um sucesso grandioso nos EUA, tornando-se um dos raríssimos filmes a faturar mais de US$ 600 milhões naquele território (juntamente com Os Vingadores, Jurassic World, Titanic, Avatar e O Despertar da Força), porém teve um desempenho apenas morno em diversos territórios.

 

Mulher-Maravilha, assim, pertence ao segundo caso. A aventura de guerra da DC tornou-se parte do zeitgeist norte-americano em 2017 e foi um verdadeiro fenômeno cultural naquele país. Em outros lugares, porém, Mulher-Maravilha apenas desempenhou como um filme de super-heróis comum, ficando abaixo, em muitos países, das bilheterias dos três filmes do MCU no ano. Não foi nenhum fracasso, porém: seu desempenho nos EUA foi tão fenomenal que fez o desempenho do longa fora de lá parecer decepcionante.

 

 

Seja como for, com US$ 821 milhões mundialmente, Mulher-Maravilha faturou pouco mais de US$ 100 mil a mais do que a bilheteria global (não ajustada) do Homem-Aranha de 2002, tornando-se o maior filme de origem de heróis da história na bilheteria global. Entre o DCEU, o longa de Patty Jenkins tornou-se o segundo maior mundialmente (atrás dos US$ 873 milhões de Batman vs Superman) e, enfim, o maior filme da DC em geral que não é estrelado pelo Batman, seu personagem mais bem sucedido nas telas.

 

Além disso, mesmo não conquistando o pódio na bilheteria global, Mulher-Maravilha conseguiu ser insanamente lucrativo para seu estúdio. Seu custo de produção foi de apenas US$ 150 milhões, bem abaixo da maioria dos blockbusters da Marvel ou da DC, de modo que sua bilheteria mundial foi mais do que suficiente para trazer dividendos a Warner. O estúdio, aliás, fez sucesso em 2017 com produções que, a custos de produção relativamente baixos, faturaram horrores mundialmente. Além de Mulher-Maravilha, a WB lançou também It: A Coisa (US$ 700 milhões a um custo de risíveis US$ 35 milhões) e Dunkirk (US$ 525 milhões com um custo de US$ 100 milhões).

 

Custo de produção que não foi exorbitante, produção tranquila, aclamação da crítica e do público… Bem que a Warner gostaria que Liga da Justiça tivesse se saído da mesma forma que Mulher-Maravilha.

 

5º Lugar: Liga da Justiça

Bilheteria nos EUA: US$ 228.561.662

Bilheteria internacional*: US$ 428.000.000

Bilheteria mundial: US$ 656.561.662

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 25º lugar

 

Falando nisso, eis que chegamos à maior tragédia da Warner em 2017. O que era para ser a maior bilheteria do estúdio no ano passado tornou-se um festival de situações constrangedoras e um faturamento bastante abaixo do que o estúdio teria gostado.

 

Desde o início, a produção do filme que acabaria se tornando Liga da Justiça foi marcada por percalços. Perturbada com as críticas recebidas pelo sombrio Batman vs Superman, a Warner determinou que o longa deveria ter um tom mais otimista e esperançoso. Insatisfeita com os resultados de Zack Snyder, o estúdio trouxe Joss Whedon, responsável pelos bilionários longas dos Vingadores, para trabalhar em cenas adicionais, vindo a assumir o controle do filme quando Snyder precisou se afastar por conta de uma tragédia familiar – embora rumores recentes indiquem que Snyder na realidade foi demitido pelo estúdio, e antes de sua perda pessoal. Para coroar, os executivos ordenaram que o longa tivesse apenas duas horas de duração (uma estratégia para aumentar o número de sessões por dia), porém foram incapazes de entrar num acordo com a Paramount acerca do bigode que Henry Cavill havia cultivado para Missão: Impossível 6.

 

Com as refilmagens, o custo de produção de Liga inflou para US$ 300 milhões, o que essencialmente o tornou um dos filmes mais caros da história do cinema em valores não ajustados pela inflação, perdendo apenas para dois longas da franquia Piratas do Caribe. Evidentemente, trata-se também do filme de super-heróis mais caro da história, superando monstros como Vingadores: Era de Ultron (US$ 280 milhões), o próprio Batman vs Superman e Capitão América: Guerra Civil (US$ 250 milhões cada um).

 

 

Dessa forma, segundo cálculos de analistas, o filme precisaria render no mínimo US$ 750 milhões apenas para evitar o prejuízo – o que é bem diferente de dar lucro, afinal. Até antes da estreia, mesmo com uma enxurrada de rumores e notícias negativas, esse parecia ser um número que não era impossível de ser atingido… Até que o filme chegou aos cinemas. Castigado por críticas ruins e enfrentando a desconfiança de um público calejado por anos de filmes decepcionantes e notícias negativas na imprensa, Liga decepcionou em sua estreia americana, embora tenha se saído um pouco melhor na bilheteria internacional. Dos US$ 279 milhões de sua estreia mundial no primeiro fim de semana, 66% vieram de fora dos EUA, uma proporção que viria a se manter mais ou menos a mesma na bilheteria final do longa.

 

Em lugares como a Austrália, Coréia do Sul e em alguns países europeus, Liga repetiu o desempenho decepcionante dos Estados Unidos e foi o menor dentre os seis principais blockbusters da Marvel, Fox e da DC de 2017. Por outro lado, em países da América Latina, como o México e o Brasil, o filme saiu-se bastante bem – em nosso país, como você viu aqui, Liga foi o maior do ano passado. Já na China o filme de Snyder e Whedon ficou em terceiro lugar entre os filmes de heróis do ano (atrás de Ragnarok e De Volta ao Lar), faturando US$ 106 milhões, o que, na verdade, é bastante promissor para o futuro da franquia no importante mercado oriental. Afinal, trata-se do maior filme da DC naquele país, superando os US$ 95 milhões de BvS, e olha que este havia feito cerca de US$ 5 milhões a mais em seu primeiro fim de semana na China do que Liga.

 

Mesmo assim, Liga não conseguiu chegar na quantia que precisava para não precisar dar prejuízo ao estúdio – na verdade, é provável que tenha perdido até US$ 100 milhões para os cofres da Warner. Tendo faturado US$ 656 milhões até o fechamento desta matéria, Liga vai sair de cartaz como o menor filme do DCEU na bilheteria global, abaixo de O Homem de Aço (US$ 668 milhões), Esquadrão Suicida (US$ 747 milhões), Mulher-Maravilha e BvS (US$ 873 milhões)Assim, o DCEU, que parecia ter encontrado seu caminho após o sucesso de Mulher-Maravilha, está de volta a uma encruzilhada. Críticas ruins, bilheteria abaixo do esperado, indefinições para o futuro… A decepção de Liga da Justiça foi devastadora para as pretensões da ainda nascente franquia. Vamos ver como (e se) eles conseguirão sair do buraco onde se enfiaram.

 

6º Lugar: Logan

Bilheteria nos EUA: US$ 226.277.068

Bilheteria internacional*: US$ 390.518.532

Bilheteria mundial: US$ 616.795.600

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 30º lugar

 

Um drama de western sombrio, pessimista, violento e proibido para menores de idade. Não parece ser o tipo de filme que fatura mais de US$ 600 milhões mundialmente, certo? No entanto, o atual indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado Logan não tomou conhecimento dessas barreiras para se tornar um dos maiores filmes de heróis já lançados pela Fox.

 

Em 2017, o estúdio recentemente comprado pela Disney resolveu tentar uma tática diferente para enfrentar seus concorrentes: apostar em blockbusters voltados para um público mais adulto. Tirando suas animações da DreamWorks e da Blue Sky, praticamente todos os grandes lançamentos da Raposa no ano passado ou tinham uma classificação indicativa mais restrita ou foram promovidos para uma audiência mais adulta: além de Logan, tivemos Alien: Covenant, Kingsman: O Círculo Dourado, Assassinato no Expresso do Oriente, Planeta dos Macacos: A Guerra, os indicados ao Oscar A Forma da Água e Três Anúncios para um Crime, entre outros. No entanto, tal estratégia foi recebida com resultados bem distintos. Expresso do Oriente foi um pequeno sucesso e gerou uma nova franquia para a Fox, enquanto os novos Planeta dos Macacos e Kingsman faturaram menos que seus respectivos predecessores, porém o bastante para não ficarem “no vermelho”. Por outro lado, Alien: Covenant naufragou na bilheteria, e pôs a franquia do xenomorfo em perigo – apesar do que Ridley Scott vive dizendo por aí.

 

 

Logan, por outro lado, foi o maior sucesso dessa estratégia de blockbusters para adultos” da Raposa. Ao estrear em março, o filme de James Mangold faturou em torno de US$ 150 milhões em 81 mercados, o que na época foi a terceira melhor abertura internacional do estúdio. Dentre esses países que receberam o longa estavam a China, que sempre fora extremamente restrita com quais filmes podem ser importados para o país. Antes, longas como Deadpool e Esquadrão Suicida tiveram sua entrada na China recusada, e mesmo o próprio Logan precisou cortar 14 minutos de seu tempo de exibição para poder ser exibido lá, além de carregar um aviso de restrição de idade (até então, qualquer longa por lá precisava ser livre para todos os públicos). Isso, claro, não deve ter deixado Mangold nem um pouco contente.

 

Por outro lado, ao menos tal sacrifício valeu a pena para o estúdio: Logan rendeu US$ 105 milhões na China, o quarto maior filme de heróis do ano no país oriental. Some isso a bons desempenhos em países como o Brasil e o Reino Unido (quase US$ 30 milhões, mais do que Mulher-Maravilha e Liga), mais seus US$ 226 milhões nos EUA e pronto: com US$ 616 milhões, Logan é o terceiro maior filme dos X-Men na bilheteria global não ajustada pela inflação, perdendo apenas para Deadpool (US$ 783 milhões) e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (US$ 748 milhões)E tudo isso, conforme comentei na análise da bilheteria americana, a um custo de apenas US$ 97 milhões. Afinal, em sua última tentativa, eis que finalmente o Wolverine de Hugh Jackman conquistou o sucesso de bilheteria e crítica em um filme solo que perseguiu por tanto tempo.

 

7º Lugar: Lego Batman: O Filme

Bilheteria nos EUA: US$ 175.750.384

Bilheteria internacional*: US$ 136.200.000

Bilheteria mundial: US$ 311.950.384

Posição que ocupa entre as 50 maiores bilheterias mundiais de heróis: 48º lugar

 

Uma das surpresas de 2014, Uma Aventura Lego pode ter grande parte de seu sucesso creditado ao público norte-americano: quase 55% da bilheteria global de US$ 469 milhões do longa foi feita nos EUA. Assim, não foi surpresa que sua sequência/spin-off Lego Batman: O Filme também desempenhou de modo similar: 56% de sua bilheteria global de US$ 311 milhões vieram dos Estados Unidos.

 

Apesar de ter sido bem recebida pela crítica e não ter enfrentado praticamente nenhuma concorrência entre filmes para a família por cerca de um mês, a animação da DC não parece ter caído no gosto do público global. Seu total internacional de US$ 136 milhões ficou abaixo de outros filmes familiares, como Carros 3 (US$ 231 milhões), O Touro Ferdinando (US$ 193 milhões) e Os Smurfs e a Vila Perdida (US$ 152 milhões).

 

 

Por outro lado, produzido por módicos US$ 80 milhões, Lego Batman conseguiu gerar lucro para seu estúdio. Trata-se de um resultado importante considerando que a Warner planeja investir mais em animações através de sua divisão Warner Animation Group que, inaugurada a poucos anos, lançou quatro filmes até hoje. Uma Aventura Lego e Lego Batman são suas maiores bilheterias até agora, seguidos por Cegonhas (US$ 183 milhões mundialmente em 2016) e um terceiro filme de Lego, Ninjago (US$ 123 milhões no ano passado). Aliás, foi o decepcionante desempenho deste último que pôs dúvida sobre a viabilidade de mais animações de Lego no futuro.

 

A Warner Animation Group possui mais alguns longas planejados para o futuro, incluindo Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas e uma continuação de Uma Aventura Lego. A nascente empresa pode não ser nenhuma Pixar, mas se continuar entregando resultados como os de Lego Batman, então terá um futuro promissor.

 

8º Lugar: Power Rangers

Bilheteria nos EUA: US$ 85.364.450

Bilheteria internacional*: US$ 56.972.790

Bilheteria mundial: US$ 142.337.240

 

A grande tentativa do pequeno estúdio americano Lionsgate em adentrar o mercado de super-heróis e lucrar com outra franquia para o público jovem após o final de Jogos Vorazes e o naufrágio de Divergente tornou-se um dos principais fracassos de bilheteria do ano passado.

 

Seu decepcionante desempenho nos EUA gerou a esperança de que, nos mercados estrangeiros, o longa pudesse ser salvo, porém, o desinteresse foi igualmente grande, inclusive na China, uma das grandes esperanças do filme. Afinal, os chineses também são grandes consumidores da cultura japonesa da qual Power Rangers se origina. Isso foi decisivo para que, em 2013, a aventura Círculo de Fogo, de Guillermo Del Toro, que traz influências de dois gêneros clássicos japoneses (os monstros gigantes e os mechas) tivessem um excelente desempenho na China.

 

 

Infelizmente, no caso de Power Rangers, sua bilheteria no país oriental foi horrível: apenas US$ 4 milhões (!), sendo que 80% disso foi feito no fim de semana de estreia (!!!). Com isso, o mercado internacional que deveria ser a grande esperança do longa contribuiu com apenas US$ 57 milhões, bem menos do que sua bilheteria americana. Assim, produzido a um custo de US$ 100 milhões, o filme saiu de cartaz com pouco mais de US$ 140 milhões. Um desempenho decepcionante, que deve impedir que vejamos mais dessa encarnação dos Rangers. Quem sabe daqui a alguns anos com o reboot

 

Qual você acha que será o ranking dos filmes de heróis de 2018? Será que Vingadores: Guerra Infinita conseguirá alcançar o primeiro? Deadpool 2 ultrapassará a bilheteria do primeiro filme do Mercenário? Venom X-Men: Fênix Negra fracassarão ou surpreenderão na bilheteria? E, afinal, o quão alta será a bilheteria de Pantera Negra? Comente com a gente!

 

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*Por internacional, leia-se a soma da bilheteria em todos os países, exceto os Estados Unidos.

Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
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