Como a China turbinou as bilheterias dos heróis da Marvel e DC – e o que isso significa para o cinema? [Parte 1]

Os chineses e o cinema

 

A primeira exibição de um filme na China, até onde se sabe, ocorreu em 11 de agosto de 1896, em Xangai. O primeiro filme chinês, porém, foi produzido apenas em 1905. Nos primeiros anos, os chineses produziram comédias e dramas, fortemente influenciados pelo cinema americano. Em 1931, os chineses lançaram seu primeiro filme sonoro, Sing-Song Girl Red Peony, com a ajuda da tecnologia da empresa francesa Pathé. 

 

Durante os anos 30, houve a primeira era de ouro do cinema chinês, na qual os longas retratavam temas como luta de classes, a vida de trabalhadores empobrecidos e as dificuldades dos pobres em cidades populosas, bem como a ameaça de agressores externos. Tal era de ouro, porém, acabou em 1937, quando tal ameaça realmente se concretizou na invasão japonesa do país, que levou ao fechamento de quase todas as produtoras e a fuga de vários cineastas.

 

O país enfrentou a guerra contra o Japão nos anos seguintes e depois sua própria guerra civil, que levou à revolução comunista chinesa, em 1949. O novo governo viu no cinema uma poderosa ferramenta de propaganda, e então proibiu filmes de Hollywood e de Hong Kong de serem exibidos no país. A maior parte dos longas produzidos nessa época serviam para divulgar os ideais comunistas chineses, e os cineastas do país foram enviados para a União Soviética para estudar seu estilo consolidado. E com a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, em 1966, o cinema do país ficou ainda mais restringido.

 

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Com a abertura econômica da China capitaneada por Deng Xiaoping no final da década de 1970, novos cineastas nativos começaram a surgir e a se aproveitar de uma maior liberdade para fazer filmes elogiados por críticos ocidentais. Diretores como Tian Zhuangzhuang, Chen Kaige, Zhang Junzhao e Zhang Yimou obtiveram considerável aclamação em seu país e fora dele, através de longas como Lanternas Vermelhas, o vencedor da Palma de Ouro em Cannes de 1993 Adeus, Minha Concubina e filmes de artes marciais, como Herói e O Clã das Adagas Voadoras.

 

Entretanto, apesar da lenta abertura da China, filmes hollywoodianos ainda não tinham a mesma popularidade no país que possuem hoje em dia. Longas como Homem-Aranha 3 (US$ 19 milhões), Transformers (US$ 37,2 milhões), O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (US$ 10,4 milhões) e, claro, Titanic (US$ 44 milhões) fizeram números até consideráveis para a época no país, mas que hoje ficam bem distantes das astronômicas bilheterias conquistadas por muitos blockbusters americanos na China.

 

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Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
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