Como a China turbinou as bilheterias dos heróis da Marvel e DC – e o que isso significa para o cinema? [Parte 2]

Conclusão: Quais são as implicações de tudo isso?

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Claro, talvez a ideia de que filmes como Godzilla II e Detetive Pikachu devam ser bem sucedidos na China parta de uma visão estereotipada que nós, ocidentais, fazemos dos habitantes desse país tão distante. Afinal, esperar que o público de lá corra para assistir a propriedades tão tipicamente orientais como essas, a despeito de longas estrelados por heróis americanos como o Homem-Aranha e o Capitão América, é bastante problemático e indica um profundo desconhecimento dos hábitos dos chineses.

 

Ainda assim, quando analisamos a bilheteria de alguns blockbusters lançados há poucos anos atrás, fica difícil não sentir uma leve decepção. Em 2017, Kong: A Ilha da Caveira faturou mais do que Homem-Aranha: De Volta ao Lar, mas dois anos depois as franquias se inverteram e Longe de Casa teve um desempenho bastante superior ao de Godzilla II. No início de 2018, Jogador Nº 1 arrecadou bem mais do que Pantera Negra, mas em 2019 Detetive Pikachu foi esmagado por Capitã Marvel.

 

Se isso de fato for uma tendência, então os chineses estão basicamente seguindo os espectadores ocidentais, que também tem favorecido os super-heróis e ignorado outros blockbusters. Veja os EUA, por exemplo: 6 das 10 maiores bilheterias americanas de 2018 foram para filmes de super-heróis. Até esse momento, 3 dos 5 maiores filmes de 2019 por lá são de heróis.

 

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Enquanto isso, outros longas de ação e aventura, como Han Solo: Uma História Star Wars e Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald em 2018, e os citados Alita, Detetive Pikachu, Godzilla II e MIB: Homens de Preto – Internacional são relativamente ignorados pelos públicos na China, nos EUA e no mundo todo. O que isso significa? Que hoje em dia o público procura os cinemas para assistir filmes de ação e aventura repletos de efeitos especiais apenas quando elas envolvem heróis dos quadrinhos, e que isso está ocorrendo até em lugares onde não costumava acontecer.

 

É fato que, graças ao talento e à competência de gente como o produtor Kevin Feige, os diretores James Wan, Ryan Coogler, Peyton Reed, Joe e Anthony Russo, Patty Jenkins e Jon Watts e os vários roteiristas, filmes de heróis são produções de alta qualidade e até premiadas com o Oscar, enquanto coisas como Os Crimes de Grindelwald e Homens de Preto – Internacional possuem péssimas críticas e são motivo de piada na internet. É uma situação similar a ocorrida em meados da década de 1990 no mundo da animação, quando os melhores artistas trabalhavam para a Disney, gerando gordas bilheterias para a Casa do Mickey, enquanto desenhos lançados por outros estúdios, como Gatos Não Sabem Dançar e Anastasia, sofriam para encontrar seu público. 

 

Mas isso não é exatamente uma coisa boa, pois o que acontece se o público simplesmente se cansar de filmes de super-heróis? Vão deixar de ir aos cinemas, afetando, portanto, toda uma indústria, que envolve desde os grandes executivos hollywoodianos até os donos e funcionários das salas de exibição?

 

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Claro, não é por acaso que o ápice dos heróis dos quadrinhos nas bilheterias tem acontecido justamente agora. Afinal, a Marvel Studios veio crescendo a cada filme, culminando no lançamento dos dois maiores longas da história do gênero nas bilheterias mundiais, Guerra Infinita e Ultimato, cuja popularidade foi tão grande que turbinou não só o MCU como também heróis que não participam da megafranquia, como o Deadpool e o Aquaman. É o famoso caso da maré alta que levanta todos os barcos.

 

Porém, ano que vem não teremos mais um novo filme dos Vingadores, e já começando em outubro, os próximos longas de heróis tem perspectivas de bilheteria bem mais, digamos, incertas. Coringa pode ou ser um bem sucedido e lucrativo suspense psicológico, tal como Cisne Negro, Se7en: Os Sete Crimes Capitais e Ilha do Medo, ou os espectadores podem não comprar sua proposta e fazê-lo afundar, assim como ocorreu com uma de suas principais inspirações, O Rei da Comédia – e o filme estrelado por Joaquin Phoenix provavelmente nem vai ser aprovado pelos censores chineses para passar lá. O mesmo vale para Aves de Rapina: sabemos que a Arlequina é popular, mas será o suficiente para levar o longa a alcançar uma bilheteria similar à de Esquadrão Suicida?

 

Na Marvel Studios, Viúva Negra e as sequências de Doutor Estranho e Pantera Negra devem ser bem sucedidos, assim como Os Eternos e Shang-Chi (se tem uma coisa que o estúdio de Kevin Feige faz bem, esta é introduzir os espectadores a novos heróis), porém qual será o impacto financeiro que as séries do Disney+ trarão aos filmes da casa? E o mais importante: nem esses longas, nem os da DC (Mulher-Maravilha 1984, The Batman e o Esquadrão Suicida de James Gunn) deverão alcançar os números globais dos Vingadores.

 

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Os próximos filmes de heróis não poderão mais contar agora com a ajuda da super-equipe da Marvel, de longe a franquia mais popular da década de 2010, e que ainda ajudou na formação de muitos jovens cinéfilos. Os quatro longas dos Heróis Mais Poderosos da Terra foram para muitas crianças e adolescentes nascidos no início deste século o que Harry Potter e O Senhor dos Anéis foram para os jovens do início dos anos 2000 e Star Wars foi para os dos anos 1980. Será que esse mesmo público que cresceu com Tony Stark e Steve Rogers vai continuar comparecendo às aventuras com novos e diferentes personagens?

 

O cinema de heróis entra na nova década mais poderoso do que nunca, e com o grande desafio de, sem a ajuda dos Vingadores, fazer jus à gigantesca popularidade que ganhou nos últimos anos. Já que hoje em dia a indústria do cinema hollywoodiano depende do sucesso dos super-heróis, então os novos longas precisarão manter a popularidade conquistada ao longo desta década.

 

Nos Estados Unidos, na China e no mundo inteiro.

 

 

Publicitário, formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalho com Marketing Digital desde 2015. Apaixonado por bilheterias de cinemas, estudo o mercado cinematográfico brasileiro e estrangeiro já há vários anos, e desde 2017 sirvo como o principal analista de bilheterias para o Legado da Marvel.
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