[CRÍTICA] Pantera Negra 2 encerra a Fase 4 com seu melhor filme

É inegável que todos os filmes da Marvel em 2022 vieram carregados de muita expectativa. Porém, existem diversos motivos – dos mais aos menos óbvios – que colocam Pantera Negra 2 muito acima de Doutor Estranho 2 e Thor 4.

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Afinal, Wakanda Para Sempre é de longe um dos projetos mais complicados da história da Marvel Studios. Superando até mesmo o primeiro Homem de Ferro, numa época onde uma Marvel cheia de empréstimos precisava de sucesso com a aposta de seu MCU.

E essa complicação já surge lá em 2019, quando ainda estávamos longe de qualquer tragédia na produção e o filme havia acabado de ser anunciado na D23. Pois bem, como Ryan Coogler e cia superariam o sucesso histórico e o marco cultural que foi o primeiro Pantera Negra?

Como superar o filme da Marvel que ganhou 4 Oscars e conseguiu uma histórica indicação na categoria de Melhor Filme? Um grande desafio por si só que ganhou contornos dramáticos com a trágica morte de Chadwick Boseman.

Com a paralisação da produção, tivemos outras polêmicas. Como as declarações anti-vacina de Covid-19 de Letitia Wright, que revoltou os fãs na internet e fez muitos especularem que ela poderia ser demitida. Tal como a decisão da Marvel de não substituir Chadwick e colocar um outro ator como T’Challa, mas sim aposentando o personagem.

Que apesar de totalmente focada em respeitar o ator, fez com que alguns fãs iniciassem uma campanha pedindo para a Marvel não matar T’Challa em tela e simplesmente trazer outro ator. 3 anos depois do primeiro anúncio e tantos problemas, quem diria que o resultado seria o grande candidato de melhor filme da Fase 4 do MCU.

Se não o melhor absoluto, pelo menos ele se consagra de longe como um dos mais consistentes. Coogler consegue transformar todos os seus obstáculos da produção em elementos importantes da narrativa do filme em si.

Chadwick Boseman ganha uma homenagem à sua altura

 

 

Dialogando o tempo inteiro com o público, Wakanda Para Sempre lida com o luto da morte precoce de T’Challa de uma maneira muito íntima e profunda. Que entendemos bem porque é tão bem feita, basta ver as inúmeras entrevistas onde Coogler entrega tudo de si para homenagear o seu amigo falecido.

Não é à toa que o roteiro, cujo arco dramático principal é de Shuri lidando com o luto da morte do irmão, consegue ser tão poderoso e um dos tributos mais bonitos já visto em Hollywood, principalmente no gênero de heróis.

O protagonismo de Shuri eleva a personagem e a transforma na super-heroína mais profunda do MCU. Dando vida ao texto poderoso de Coogler, quem diria que Letitia conseguiria deixar todas as polêmicas e ódio do público para trás, entregando uma atuação comovente e ao mesmo tempo imponente. Ela assume a missão de ser a nova protagonista da franquia de um jeito surpreendentemente positivo, o filme é DELA!

Da mesma que as adversidades movimentam as peças do tabuleiro de para transformar o filme numa inevitável histórias das mulheres guerreiras de Wakanda, culminando todos os acontecimentos de Guerra Civil e Ultimato.

É daí que o roteiro também se aproveita das pontas soltas do universo compartilhado para responder uma dúvida interessante dos fãs: quem governou Wakanda durante a morte de T’Challa no estalo de Thanos? Felizmente, isso tudo serviu para termos um destaque ainda maior para a Rainha Ramonda.

Angela Bassett é uma atriz que dispensa apresentações e (embora jamais precisasse) prova todo o seu talento ao transformar a presença maior de sua personagem em uma das melhores coisas do filme. Com uma atuação que justifica o hype do filme como algo além de um simples filme de herói ou filme da Marvel.

Relação entre mãe e filha e o futuro de Wakanda são grande destaque

Curiosamente, ele é tão definitivo como um filme de luto que se consagra também como um dos filmes com menos alívios cômicos de toda a Marvel e COM CERTEZA da Fase 4.

E é aí que entra uma outra grande conquista de Coogler. Afinal, como um filme sobre luto e a homenagem a um grande ator pode também ser um filme de ação? Com a personalidade que lhe fizera famoso, o diretor consegue amarrar as duas extremidades de tom narrativo e conecta tudo de uma maneira muito concisa.

Misturando o drama e a ação da ficção, o diretor não esquece do elemento político e social que tornou o primeiro Pantera Negra tão especial. A história de Wakanda segue em frente com o desenrolar das relações internacionais da nação negra mais poderosa do mundo.

E com a chegada do Namor e o seu reino, temos mais uma retratação incrível sobre o período da colonização e como essas feridas geraram consequências que vivemos hoje em dia, principalmente nos EUA e todas suas questões raciais e imigratórias.

A relação de Wakanda, Talocan e os EUA é uma crítica bastante inteligente que mostra o quanto essa franquia é um ponto fora da curva e porque ela é tão importante para a trama. No fim, temos alguns elementos e resoluções dramáticos que são quase uma repetição do primeiro filme, mas passam longe de ser algo que prejudique o filme.

Isso porque essa adaptação ousada do Namor e transformar Atlândida em Talocan é simplesmente perfeita! Tenoch Huerta chega com muito carisma e liberdade para construir um antagonista diferente do habitual do MCU, e com certeza um mutante que precisamos URGENTE ver mais vezes nas telas.

Namor: mais um “vilão” que rouba a cena

O herói mais antigo das HQs da Marvel foi atualizado de maneira inteligente e com todo o cuidado para que fosse totalmente desvencilhado da imagem do Aquaman de Jason Momoa. Toda a concepção do povo aquático que ameaça Wakanda nos leva também a outra surpresa: Ludwig Göransson conseguiu NOVAMENTE!

Depois de entregar uma trilha sonora inesquecível no primeiro filme, o compositor retorna apostando em uma sonoridade totalmente nova para entrar no clima dos Talocanos. O trabalho vocal das faixas que embalam a presença dos vilões já nasceu icônico, mas quando os temas antigos de Wakanda voltam a ecoar, é como rever um velho amigo ou retornar a um lugar que você já visitou antes.

Finalizando as conquistas de Coogler em extrair o melhor do filme, a introdução de Riri Williams no MCU e sua importância na trama é uma aula do pouco mais de capricho que Multiverso da Loucura poderia ter tido com o tema de “proteja a adolescente prodígio”.

Num filme todo sobre saudade e olhar para o passado, é um sucesso enorme que Coogler consiga introduzir a Coração de Ferro de maneira orgânica e sem prejudicar o seu filme só porque a Marvel quer mais conteúdo para o Disney+. Dessa vez, o filme entrega mais um sucesso, ao trazer uma grande expectativa para a série da super-heroína da excelente e carismática Dominique Thorne.

Pantera Negra 2 pode não ter o mesmo fator surpresa ou ser melhor que o primeiro filme, mas é uma obra consistente e honesta. Encerrando a Fase 4 fazendo os fãs esquecerem um pouco de projetos que só geraram polêmicas.

NOTA: 8,0/10

MAIS SOBRE PANTERA NEGRA 2

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é o título oficial da continuação de um dos maiores sucessos do MCU, marcado para 10 de Novembro de 2022! Apesar de não ter revelado o destino de T’Challa, a Marvel confirmou que não substituirá o ator Chadwick Boseman, falecido em agosto de 2020.

Honrando o seu legado e levando a história de Wakanda adiante, o elenco conta com o retorno de Letitia Wright (Shuri), Lupita Nyong’o (Nakia), Angela Bassett (Ramonda), Danai Gurira (Okoye) e Winston Duke (M’Baku).

As novidades incluem a estreia de Dominique Thorne como a Coração de Ferro, antes de sua série no Disney+. Tal como Tenoch Huerta, que dará vida ao NAMOR, um dos heróis (e mutantes) mais antigos das HQs da Marvel! Depois de fazer história, Ryan Coogler retorna como diretor e roteirista.

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
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