[CRÍTICA] Shang-Chi é tudo aquilo que Mulan falhou em ser

Antes de falarmos sério: SÓ PREPARE O SEU CORAÇÃO! O Legado da Marvel pôde assistir com antecedência o aguardado filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, a grande estreia em live-action de um dos maiores lutadores do universo Marvel. E vocês não estão prontos para isso!

Mas vamos lá! À medida que o tempo passa, Hollywood vem apostando cada vez mais em se desconstruir e se redimir por séculos de representações erradas e preconceituosas, dando espaço a uma representatividade mais abrangente. E um respeito cultural que não existia, nessa magnitude, nos grandes blockbusters estadunidenses.

Portanto, depois de 13 anos e mais de 20 filmes no MCU, já estava na hora de um filme protagonizado por um super-herói e/ou um ator asiático. Reparando suas limitações do passado, a Marvel anunciou em 2019 o surpreendente Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis.

Trazendo para as telonas o grande lutador conhecido nas HQs como ‘O Mestre do Kung Fu’, baseando-se nas tendências e sucessos da década de 70. O personagem foi reimaginado e remodelado para promover um verdadeiro evento em celebração à cultura asiática, de forma parecida que tivemos em Pantera Negra, e todo o seu impacto de representatividade.

É uma das primeiras vezes onde vemos um filme dos ESTADOS UNIDOS com um elenco formado majoritariamente por atores asiáticos, e a primeira vez que vemos isso em um filme de super-heróis de altíssimo orçamento. Hollywood vem trabalhando com mais atenção os seus filmes, e os ajeitando visando o grande e lucrativo público das bilheterias chinesas.

Desde Homem de Ferro 1, finalmente conheceremos os verdadeiros Dez Anéis!

Essa direção não é novidade, mas em Shang-Chi temos a primeira vez onde essa abordagem é feita com verdadeiro capricho, não apenas uma estratégia para obter mais lucros. E o filme da Marvel teve êxito exatamente em tudo onde Mulan falhou.

Mulan, o live-action da Disney lançado no ano passado, passou por muitas mudanças no roteiro para adequar-se ao público chinês. De nada adiantou, pois o filme não agradou o público de país nenhum. Com uma ação ruim, direção sem graça e tudo mais, Mulan termina como um filme americano que tenta ser chinês.

Que é exatamente o contrário de Shang-Chi, que parece ser um filme 100% feito no cinema chinês. Não apenas na estética, mas na estrutura, tom e no CORAÇÃO. Você sente o carinho dos envolvidos na produção, e as cenas são um produto autêntico desse tipo de cinema, não apenas uma recriação ou homenagem.

Nisso, o filme é simplesmente PERFEITO! E não para por aí, pois eles conquistam algo igualmente difícil, já que temos MAIS UMA história de origem no MCU. Fazer filmes introduzindo novos heróis é algo que pode se tornar repetitivo, chato e muito genérico. Mas eles deram um jeito, e temos uma pegada bem dinâmica para não cair nesses clichês.

O roteiro monta a história num clássico vai-e-volta, com cenas do presente intercaladas com sequências de flashback, mas todas encaixadas enquanto os mistérios e segredos vão sendo descobertos pelo público. Assim como um ritmo ÁGIL!

A cena do torneio não é tão longa, mas não vai te decepcionar!

Não há perda de tempo, e logo nos primeiros 30 minutos já temos a incrível sequência de ação no ônibus. Essa porradaria é uma prova do capricho de Destin Cretton em sua criativa e empolgante direção. Com ares de John Wick ou até mesmo um The Raid da vida, a cena é muito mais épica do que o pouco que vimos nos trailers!

E não muito depois, vem um combo ainda maior de cenas de luta, com o torneio de artes-marciais em que Shang-Chi se envolve, que se encaixa diretamente com a sequência do lado de fora do prédio. Que é uma das experiências MAIS TENSAS para quem tem medo de altura, e estou falando sério!

Com três sequências tão boas, ficava a dúvida se o filme manteria o bom ritmo no terceiro ato e batalha final. Bom, ela não é tão única e diferenciada quanto as outras, mas longe de ser mais um terceiro ato exagerado e sem tempero do MCU.

Mesmo não sendo tão boa, ela traz MUITAS surpresas e coisas que você nunca imaginou ver em um filme da Marvel. E é por volta dessa mesma altura que temos o ponto do filme que pode dividir os fãs. Já que temos uma pequena mudança no tom, transitando no humor clássico do MCU e apresentando novos conceitos e mitologias.

Os animais fantásticos (esses sim) que aparecem pode não parecer ter nada a ver com a trama da gangue criminosa e secular dos Dez Anéis, mas de algum jeito eles conseguem amarrar todos esses tons, e fazer dar certo!

Talvez, tudo isso dê certo e não sejam mudanças bipolares ou desconexas graças ao elenco poderosíssimo que carrega o filme. Simu Liu nasceu para ser o Shang-Chi, e em menos de 1 hora de filme nós já estamos apaixonados pelo personagem. E parece que já o conhecemos há mais de 10 anos! É esse o nível de carisma e presença que ele tem!

E a presença fica ainda mais poderosa através da química mágica que Simu tem com a atriz Awkwafina, que vai além do alívio-cômico e se marca como uma das mulheres mais divertidas do MCU. Outra grande surpresa fica por conta da atriz Meng’er Zhang, que estreia seu PRIMEIRO filme como atriz, mandando muito bem como Xialing, a irmã do Shang-Chi!

Mesmo todos sendo ótimos, resume-se em um nome quem é o grande destaque e dono do filme toda vez que parece. Já que é difícil de não sentir o peso da presença de Tony Leung como Wenwu, a belíssima adaptação do vilão Mandarim.

Veterano no cinema de seu país natal, Leung traz uma atuação diferente de tudo que você já viu em um filme da Marvel. Fazendo suas cenas como se fosse o verdadeiro protagonista do filme. É difícil de desviar o olhar do seu olhar mágico e aquele sorriso meio escondido.

Uma das cenas mais impactantes e que reforça o ótimo lado dramático do filme.

O que ajuda a tornar Wenwu ainda mais imponente, forte e aquele oponente que você duvida que vá ser derrotado de maneira justa. Nessa renovação do famoso vilão das HQs, temos uma motivação interessante que o torna tudo exceto um vilão genérico ou fraco.

Se tem uma coisa que dá prazer de ver, é ver Wenwu em ação usando os poderes dos Dez Anéis (POR FAVOR, sem trocadilhos!). E assim, os famosos artefatos mágicos conseguem se tornar num dos itens mais interessantes do MCU, provando que podemos facilmente dar adeus às Joias do Infinito.

Diferente de tudo que você viu antes nos filmes da Marvel, Shang-Chi surpreende por esconder o auge das suas cenas de luta dos trailers. Se você gostou do que viu nos trailers, você ainda não viu nada! Vá sem medo para uma das experiências mais divertidas que você poderia ter nos cinemas.

E prepare-se: as cenas pós-créditos vão deixar você maluco! Falaremos delas e todos os SPOILERS aqui no site, então fique de olho!

NOTA: 4/5

 

          LEIA TAMBÉM!

 

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis contará com um elenco quase que totalmente formado por asiáticos, assim como toda a equipe criativa por trás da produção! As filmagens do filme já foram concluídas! O elenco conta com Simu Liu como o protagonista. Estão confirmados também a vencedora do Globo de Ouro Awkwafina, em papel ainda não confirmado.

O veterano Tony Leung será o VERDADEIRO Mandarim. Com roteiro de Dave Callaham (Godzilla, Os Mercenários, Mulher-Maravilha 1984) e direção de Destin Daniel Cretton (Temporário 12, O Castelo de Vidro). Após o surto do coronavírus, o filme teve estreia remarcada nos cinemas brasileiros para 2 de setembro de 2021.

Leia TUDO SOBRE Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis!

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
Leia também
Comentários fechados

Os comentários desse post foram encerrados.