O que o visual do Namor nos diz sobre a trama de Pantera Negra 2
Para a surpresa de todos, no último sábado vazaram artes com o visual do Namor no próximo filme do Pantera Negra. Muitos nerds ficaram chocados ao constatar que o personagem não só seria interpretado por um ator mexicano, o elogiado Tenoch Huerta de Narcos México, como teria seu visual inspirado nos maias e astecas.
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Passado o espanto inicial (infelizmente, o choro eu ainda acho que irá durar um bom tempo), chegou a hora de analisar o que essas artes nos revelam sobre o que pode acontecer em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre. Porque muitos não perceberam, mas essas artes podem ter revelado as motivações e a carga histórica do roteiro de Ryan Coogler.
Bora conferir o que nos aguarda? Vamos lá!
Namor é o primeiro, mas nem tanto
Junto com o Tocha-Humana (o androide, não aquele do Quarteto Fantástico), Namor divide o título de primeiro herói da Marvel, quando ela nem tinha esse nome ainda e era chamada de Timely Comics. Ambos foram criados em 1939, sendo fruto de seu tempo: o Tocha era um robô que pegava fogo o tempo inteiro enquanto o Namor por algum motivo tinha asas nos pés.
E se você prestar atenção nas datas, vai notar algo bem interessante: o Aquaman foi criado DEPOIS do personagem submarino da Marvel. Acontece que Arthur Curry só foi dar as caras nos quadrinhos em 1941. Posso estar enganado, mas esse é um dos únicos casos em que uma criação da Marvel veio antes de uma da DC. Por favor, marvetes, não me matem pela piada.
Só que no cinema aconteceu o contrário: o Aquaman ganhou as telas primeiro. E apesar de achar Jason Momoa um ator medíocre, para dizer o mínimo, é inegável que a versão dele do herói caiu nas graças do público. Para muitos, sua versão roqueira e impulsiva do Aquaman redimiu os muitos anos de piadas que eram feitas com o personagem.
Mas o MCU está sempre crescendo, e alguma hora o Namor iria aparecer. E, para o azar da Marvel, ele não poderia ser adaptado como é nos quadrinhos, ou ganharia o rótulo de cópia de Arthur Curry. As comparações seriam inevitáveis para o pobre amante de Sue Storm. O jeito então é mudar e deixá-lo diferente.
Precisa ser fiel?
– Mas, ó não, e a sagrada fidelidade aos quadrinhos? – devem ter pensado alguns nerds.
Como eu já comentei em outros textos: gibi é gibi, filme é filme. Vários personagens do MCU não são cópias exatas de suas contrapartes nos quadrinhos. O Thanos tem uma motivação diferente, alguns dizem até que é melhor. Os Guardiões da Galáxia estavam longe de ouvir pop rock oitentista antes do James Gunn. O Falcão passou longe de ter seu uniforme vermelho com decote em V.
Saindo do Universo Cinematográfico da Marvel, o Hugh Jackman, considerado por vários fãs como a versão definitiva do Wolverine, não tem nada a ver com o canadense de 1,60 m que lemos nos quadrinhos. O Nicolas Cage, então, nem se fala. Eu amo a versão dele do Motoqueiro Fantasma, mas de Johnny Blaze é só a jaqueta mesmo.
Adaptações são feitas, e o jeito é esperar sair antes de julgar e pagar com língua como já aconteceu antes.
Muito mais do que falar com peixe
Levando em conta tudo que eu comentei nos parágrafos anteriores, não dava para levar o Namor para o cinema como apenas mais um personagem que fala com peixes. Além do Aquaman, ainda temos o Profundo, de The Boys, que é uma grande piada com esse tipo de personagem.
Não, é preciso contextualizar o Namor. Dar um pano de fundo para o personagem para que ele não soe vazio. E o MCU já explorou várias culturas com seus personagens: nórdica, africana, asiática, muçulmana… Agora, pelo jeito, o universo Marvel irá voltar seus olhos para os povos pré-colombianos.
Nas imagens vazadas, podemos ver que o traje do Namor tem influências maias, astecas e incas. Mais do que isso: o traje cerimonial de uma das imagens dá a entender que, além de governante, ele também é uma espécie de líder espiritual daquele povo.
Mas não podemos esquecer que Pantera Negra 2 será dirigido e roteirizado por Ryan Coogler. Com apenas 3 filmes no currículo, podemos notar que Coogler tem preferência por abordar temas mais sociais em suas obras. Mesmo em Creed, spin-off de sucesso da franquia Rocky, o diretor enveredou para este lado.
Ao meu ver, isso faz com que seus filmes tenham mais conteúdo que os blockbuster tradicionais. O primeiro Pantera Negra foi elogiado justamente por essa característica.
Wakanda para sempre
Ao que tudo indica, Pantera Negra 2 não será diferente. Para quem conhece a história do “descobrimento” das Américas, sabe que como os povos pré-colombianos foram exterminados de forma brutal pelos espanhóis. Culturas inteiras foram varridas do mapa pelas expedições europeias, seja por conta da violência ou mesmo pelas doenças para as quais os nativos não tinham imunidade.
Talvez, para não sofrer o mesmo destino dos outros povos das Américas, os atlantes tenham decidido se afastar do restante do mundo. Só que enquanto Wakanda preferiu fazer isso em terra firma, se valendo de uma redoma, Namor e sua nação podem ter ido para debaixo d’água a fim de não serem descobertos.
A partir daí, eles podem ter se desenvolvido no ambiente marinho, mudando sua biologia e desenvolvendo tecnologias que os permitisse viver por lá. Ou podem, desde o início, ser um povo submarino, a pele azul de alguns atlantes nas imagens pode ser uma pista para isso.
Mas é claro que o Namor não estará em missão de paz. A presença de Atlântida no novo filme do Pantera Negra sugere que a nação submarina estará em confronto com Wakanda. Talvez o soberano dos mares não tenha uma posição tão pacífica quanto T’Challa e Shuri a respeito dos crimes cometidos pelos colonizadores.
Talvez Namor queira se valer da tecnologia avançada de Wakanda para devolver a América aos verdadeiros americanos. Ou então, talvez, ele apenas declare guerra à superfície por tudo que aconteceu durante a colonização, restando a Wakanda, pelo seu poderio militar e tecnológico, a missão de proteger o mundo contra a vingança de Namor.
Atlântida para agora
Sim, eu sei que são muitos “e se…” e que as duas ideias são muito parecidas com o arco do Killmonger no filme passado. Mas o meu ponto não é nem tentar adivinhar exatamente o que vai acontecer, mas sim mostrar que há um motivo para o Namor e seu povo terem aquele visual.
Ryan Coogler, melhor do que ninguém, entende que histórias são reflexo do mundo em que vivemos. Não dá para pegar um personagem de quase 100 anos atrás e adaptá-lo para os dias de hoje de forma totalmente fiel.
Quando foi criado, o Aquaman não era um headbanger inconsequente lutando contra a poluição dos mares como é mostrado no longa de James Wan. Com o Namor é a mesma coisa, ele pode ser mais do que apenas outro personagem sabe nadar muito bem. Ele pode ser relevante!
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MAIS SOBRE O FILME:
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é o título oficial da continuação de um dos maiores sucessos do MCU, marcado para 11 de Novembro de 2022!
O filme também contará com retorno do diretor e roteirista Ryan Coogler e boa parte do elenco original. Apesar de não ter revelado o destino de T’Challa, a Marvel confirmou que não substituirá o ator Chadwick Boseman, falecido em agosto de 2020.