Os 50 Maiores Filmes de Super-Heróis da História nas Bilheterias | Parte 2: Brasil

Baseando-se nas multidões que correm aos cinemas paras conferir as mais novas aventuras dos super-heróis, podemos dizer que o público brasileiro tem tanta paixão pelo gênero quanto o americano! 🙂 Continuando nossa matéria especial, vamos abordar agora quais são os 50 maiores filmes de herói nas bilheterias brasileiras, do Superman de Christopher Reeve à Fase 3 do MCU.

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A mesma regra da Parte 1 desse especial vale aqui também, ou seja: apenas filmes que já saíram dos cinemas estão qualificados. Portanto, Logan e Lego Batman podem competir; Guardiões da Galáxia Vol. 2 e Mulher-Maravilha, não. No entanto, a tabela do Brasil será levemente diferente por estar ordenada pelo número de ingressos vendidos, não pelo seu faturamento. Isto por dois motivos: em primeiro lugar, ao analisar a bilheteria brasileira, é tão ou mais comum considerar o número de ingressos do que a arrecadação. Finalmente, como você deve se lembrar, nem todos os filmes dessa lista tiveram sua arrecadação em reais. Afinal, o Plano Real só entrou em vigor depois de 1994, portanto, anos após o lançamento de filmes como Superman: O Filme e Batman. Quem foi aos cinemas em 1979 assistir ao primeiro filme de Reeve como o Azulão, pagou seu ingresso em Cruzeiros (Cr$); dez anos depois, quem foi conferir a estreia de Michael Keaton como o Cavaleiro das Trevas, pagou em Cruzado Novo (NCz$).

Esclarecido isso, vamos à tabela:

Do 1º ao 10º lugar:

Os Vingadores foi um fenômeno não apenas nos EUA, como também no nosso país. O filme precisou de apenas poucos dias em cartaz para deixar para trás todos os longas anteriores do MCU, e de um mês para superar Homem-Aranha, até então a maior bilheteria para um filme de heróis no país. Aliás, para se ter uma ideia, Vingadores foi um sucesso tão grande, mas tão grande, que até hoje é o 5º filme mais visto nos cinemas brasileiros da história, atrás apenas de Titanic (16,3 milhões de ingressos vendidos em 1998), Tubarão (13 milhões em 1976), Os Dez Mandamentos: O Filme (11,2 milhões no ano passado) e Tropa de Elite 2 (11 milhões em 2010).

Três anos depois, sua sequência, não superou o primeiro, mas ainda teve um faturamento gigantesco o suficiente para comprovar a mania que os filmes dos Vingadores viraram no Brasil. No ranking histórico, Era de Ultron ocupa a 9ª posição entre os filmes mais vistos da história, atrás dos longas citados, e também de Dona Flor e Seus Dois Maridos (10,7 milhões em 1976), Inferno Na Torre (10,3 milhões em 1975) e A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (10,3 milhões em 2012).

Aliás, os dois filmes dos Heróis Mais Poderosos da Terra também beneficiaram o MCU de um modo geral. Nesta nobre parte da lista, também temos Capitão América: Guerra Civil e Homem de Ferro 3, que saíram logo após um novo longa dos Vingadores e tiveram públicos 106,7% e 137,5% maiores que O Soldado Invernal e Homem de Ferro 2, respectivamente. Aliás, Guerra Civil, que foi um filme dos Vingadores em tudo, menos no nome, teve uma bilheteria alta o bastante para garantir a medalha de bronze ao MCU.

Em 4º lugar, está o segundo capítulo do DCEU, o polêmico Batman vs Superman. Ainda que lá nos EUA a fraca recepção do filme o tenha levado a despencar nas bilheterias após sua estreia, os brasileiros mostraram mais apoio ao violento filme comandado por Zack Snyder. É possível que nem seu estúdio tenha esperado tamanho sucesso: BvS é atualmente o segundo filme da Warner Bros. mais visto no Brasil de todos os tempos (!), perdendo apenas para Inferno na Torre, que saiu lá no longínquo 1975. Seu sucessor no DCEU, Esquadrão Suicida, também não decepcionou e, com 7,8 milhões de ingressos vendidos, também figura entre os longas mais assistidos da Warner. Em outras palavras: BvS  e Esquadrão Suicida botaram mais brasileiros dentro do cinema que diversos outros clássicos da WB, incluindo as séries Máquina Mortífera, Matrix, O Senhor dos Anéis, Harry Potter, O Hobbit, O Cavaleiro das Trevas, e por aí vai. Claro, aqui há uma conversa a ser tida sobre as flutuações do mercado cinematográfico brasileiro ao longo das décadas, mas isso não tira o mérito do gigantesco sucesso dos filmes de Snyder e Ayer.

Em 5º lugar, o filme que por 10 anos reinou no topo dos filmes de heróis no país: Homem-Aranha foi o maior sucesso em nossas salas desde Titanic, arrastando milhões às salas escuras de Norte a Sul do Brasil, e se tornando mania entre adultos, adolescentes e crianças. O “auê” em torno do filme foi tão grande que muitos pais, querendo apresentar o herói aracnídeo a seus filhos pequenos, chegaram a pedir ao Ministério da Justiça para que o filme fosse reclassificado como “Livre”, sendo prontamente atendidos (é sério). Nos anos seguintes, a trilogia comandada por Sam Raimi continuou sua bem sucedida trajetória, ainda que em volumes menores: o segundo filme (em 7º nesta tabela) vendeu cerca de 700 mil ingressos a menos que o primeiro, e o terceiro (em 10º lugar) levou 1,6 milhão de pessoas a menos que seu antecessor.

Finalmente, esta parte da lista também traz o recente Logan, que aliás é o filme dos X-Men de maior público e renda no Brasil. Como você vai ver no restante dessa lista, nosso país recebeu os longas da X-série, e em especial aqueles com Hugh Jackman como Wolverine, de forma tão calorosa que o astro inclusive deu uma passada aqui em sua turnê de divulgação de Logan.

Do 11º ao 20º lugar:

É curioso que as duas maiores bilheterias dos X-Men no Brasil nem sequer tenham as palavras “X-Men” no título: além do citado Logan, Deadpool alcançou uma bilheteria surpreendente ao estrear em fevereiro do ano passado. Muito do sucesso do filme pode ser creditado a sua excelente campanha de divulgação, que captou bem o espírito “zoeiro” do filme, e o adaptou à linguagem dos internautas brasileiros, fanáticos por memes. Ainda na franquia mutante da Fox, essa parte da tabela inclui também Dias de um Futuro Esquecido, cujo ótimo resultado em maio de 2014 lhe rendeu não apenas a coroa de maior bilheteria dos X-Men no país (ao menos até Deadpool), como também o maior filme de super-heróis no Brasil de seu ano.

O MCU conta com três representantes aqui. Thor: O Mundo Sombrio e Capitão América: O Soldado Invernal também foram beneficiados pela participação de seus personagens no hit Os Vingadores. Os dois tiveram um ótimo crescimento em relação aos seus antecessores: o segundo filme do Bandeiroso aumentou em mais de 60% sua bilheteria em comparação com o primeiro, enquanto o Deus do Trovão praticamente dobrou seu número de espectadores entre seu primeiro longa e sua sequência. Mas o resultado mais surpreendente aqui é o de Doutor Estranho, que é, de (bem) longe, a maior bilheteria para um filme de origem do MCU no Brasil. Trata-se de mais um testemunho que a força que o Universo Marvel acumulou em nosso país alcançou seu ápice no ano passado, de forma que mesmo um longa sem um único Vingador conseguiu alcançar uma bilheteria fenomenal, superior até a de outros concorrentes do final de 2016, como Animais Fantásticos e Onde Habitam e Rogue One: Uma História Star Wars.

Aqui também encontramos dois dos “vovôs” dos filmes de super-heróis atuais: os primeiros Superman e Batman foram grandes sucessos também no Brasil. Claro, na época, filmes de super-heróis eram bem menos comuns do que são hoje, portanto, ver os dois icônicos personagens da DC nas telas pela primeira vez foi um verdadeiro evento para os cinéfilos tupiniquins. Enquanto isso, na 20ª posição, Os Incríveis é a maior bilheteria para um filme de heróis não baseado em personagens da Marvel ou da DC e, com os 4,2 milhões de espectadores conquistados no final de 2004, até hoje é a terceira maior bilheteria da Pixar no Brasil, atrás de Procurando Nemo e sua sequência Procurando Dory.

Do 21º ao 30º lugar:

Diversos filmes dos X-Men povoam essa parte da lista, mostrando que o público da franquia tem sido relativamente consistente no Brasil ao longo dos anos. Aliás, podemos utilizar a franquia dos mutantes para ilustrar o crescimento e a popularização das salas de cinema no Brasil, ocorrida a partir do início da atual década. X2, O Confronto Final e os dois primeiros filmes do Wolverine levaram entre 3,1 milhões e 3,9 milhões de pessoas às salas escuras, que foi suficiente para lhes garantir uma ótima posição nos rankings de seus respectivos anos: 6º para X2, 4º para Confronto Final, e 7º para os dois do Wolverine. Anos depois, Apocalipse até conseguiu levar mais gente aos cinemas do que esses longas todos, porém isso não foi o suficiente para chegar nem no top 10 de 2016, tendo que se contentar com a 13ª posição. Assim, é possível concluir que o crescimento experimentado pela franquia nos treze anos que separam X2 de Apocalipse foi menor que o crescimento do público brasileiro em geral.

Portanto, atualmente, o excelente momento vivido pelos filmes de heróis no Brasil beneficia especialmente o MCU, o DCEU e os ousados spin-offs da Fox, enquanto a saga da franquia mutante em si luta para sair da marca de 4 milhões de espectadores (após passar anos na marca dos 3 milhões). Será que algum dia veremos um filme dos X-Men levando uma multidão aos cinemas tão grande quanto a de um blockbuster da Marvel Studios?

Esta parte da tabela também conta com algumas presenças ilustres. Temos o reboot das Tartarugas Ninja, produzido por Michael Bay, que, em agosto de 2014, conseguiu ter uma bilheteria maior que Guardiões da Galáxia em nosso país. Temos também o segundo filme d’O Espetacular Homem-Aranha, que deu prosseguimento à tendência de queda nas  bilheterias dos filmes do herói aracnídeo também no Brasil (perceba como A Ameaça de Electro não alcançou nem a metade do público do primeiro Homem-Aranha, lançado 12 anos antes).

Finalmente, na 23ª posição, está o elogiadíssimo Batman: O Cavaleiro das Trevas. Apesar de ter sido a maior bilheteria para um filme da DC em nosso país desde o Batman de 89, o filme de Nolan aqui ficou em 2º lugar no ranking de seu ano, perdendo para a animação infantil Madagascar 2: Os Procurados. Uma situação bem diferente de nos EUA, no qual, como você pode ver na lista daquele país, ocupa uma posição bem mais elevada.

Do 31º ao 40º lugar:

Falando em discrepâncias entre os gostos dos americanos e dos brasileiros, a 31ª posição de nossa lista trás uma das maiores. Lá nos EUA, Guardiões da Galáxia foi o maior sucesso de sua temporada de verão, o maior filme de super-heróis de seu ano e, aliás, a terceira maior bilheteria de 2014 em geral. Aqui no Brasil, porém, foi praticamente o oposto: superado por um sem-número de concorrentes (variando da fantasia da Disney Malévola ao romance A Culpa é das Estrelas, passando pelos novos capítulos de Planeta dos Macacos, Transformers e Como Treinar seu Dragão), o menor filme de heróis live-action de seu ano (como você percebeu, o longa perdeu até para Espetacular Homem-Aranha 2 e Tartarugas Ninja), e ocupando um humilde 18º lugar em geral em 2014. E, se você acompanhou minhas análises semanais de sua sequência, sabe que o Vol. 2 também não teve um desempenho exatamente fenomenal por aqui. Mas, enfim, quem sabe isso não muda uma vez que Starlord e sua equipe aparecerem em Vingadores: Guerra Infinita?

A Fase 1 do MCU, aliás, conta com três representantes aqui, no caso, os primeiros filmes do Homem de Ferro, Thor e Capitão América. Como você já sabe, todos eles vieram a multiplicar seus faturamentos uma vez que apareceram juntos nos Vingadores, mas, em seus primeiros filmes, o trio de heróis botou menos gente nos cinemas tupiniquins do que o Quarteto Fantástico de 2005. Sem querer desmerecer a comédia de aventura também estrelada pelo Chris Evans, que aliás foi um dos maiores sucessos de seu ano no Brasil (!), superando diversos hits do mercado americano, como Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith e Batman Begins.

Esta parte da lista também inclui dois filmes do Superman. O segundo filme da série de Christopher Reeve perdeu quase a metade do público em comparação com o primeiro, mas ainda conseguiu ficar a frente do reboot O Homem de Aço, de Zack Snyder e Henry Cavill por aqui. Finalmente, Operação Big Hero alcançou números apenas medianos por aqui (é o menor público para uma animação da Disney na atual fase do estúdio, que começou em Enrolados, com exceção do filme do Ursinho Pooh de 2011, que ninguém viu), enquanto X-Men: Primeira Classe, a despeito de sua excelente recepção crítica, não foi exatamente um hit no Brasil. O primeiro filme da trilogia capitaneada por James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence, aliás, é a segunda menor bilheteria da franquia mutante por aqui, atrás apenas do X-Men original, de 2000.

Do 41º ao 50º lugar:

Concluindo nossa tabela do Brasil, temos uma série de rostos curiosos. Alguns filmes que encontramos aqui tiveram bilheterias medianas ou ruins nos EUA, porém encontraram recepções (relativamente) mais calorosas do público tupiniquim. O terror sobrenatural Constantine, baseado no personagem da Vertigo, custou US$ 100 milhões para ser feito e faturou apenas US$ 75 milhões em seu país de origem, mas no Brasil o filme atraiu gente o bastante para ser a 7ª maior bilheteria de 2005, por exemplo. O mesmo vale para Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, que decepcionou nos Estados Unidos (US$ 131 milhões lá, num orçamento de US$ 130 milhões), mas encontrou melhor sorte aqui, retendo com eficiência boa parte do público do primeiro filme.

Na década de 90, A Máscara do Zorro alcançou números de respeito por aqui, tornando-se a 5ª maior bilheteria de seu ano, enquanto nos EUA o faturamento do filme (US$ 94 milhões) não conseguiu sequer empatar seu custo de produção (US$ 95 milhões). E, na última posição, temos aquele que é considerado o “pior filme de heróis da história”: Batman & Robin naufragou nos Estados Unidos, porém no Brasil ele foi a 2ª maior bilheteria de 1997, perdendo apenas para O Mundo Perdido: Jurassic Park (Titanic só chegou ao Brasil no ano seguinte).

Mas a presença mais curiosa nessa lista (que surpreendeu até a mim mesmo, enquanto eu compilava os dados) é a de Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança, o segundo filme com Nicolas Cage no papel do personagem demoníaco da Marvel (anos antes dele ser rebootado na 4ª temporada de Agents of S.H.I.E.L.D.). Tal longa fracassou de maneira humilhante nos EUA (US$ 51 milhões, abaixo de seu orçamento de US$ 57 milhões, e ocupando uma risível 65ª posição no ranking anual), mas aqui no Brasil o longa não apenas teve um público superior ao de seu antecessor (!!), como também ocupou por um bom tempo o posto de segunda maior bilheteria de 2012 no Brasil (!!!) até a chegada da temporada de blockbusters, que começou com Vingadores.

Com isso, concluímos nossa lista do Brasil. Amanhã, a terceira e última parte de nossa matéria: os 50 maiores filmes de super-heróis em todo o globo.