Previsão de bilheteria para os filmes do MCU de 2017 – Parte 2: Bilheteria americana
Para quem é fã de filmes de super-herói, o início de maio (e final de abril em nosso país) é uma das datas mais aguardadas do ano: a chegada aos cinemas de mais uma aventura com os heróis da Marvel. Em 2017, o filme de maio da Marvel é Guardiões da Galáxia Vol. 2, a sequência da bem sucedida aventura espacial comandada por James Gunn. A nova aventura do Senhor das Estrelas, Rocky, Groot, Drax e Gamora foi promovida ao horário nobre da Marvel depois que o longa anterior conquistou resultados surpreendentes de crítica e bilheteria, e veio a se tornar um dos favoritos dos fãs do MCU, por mais que não traga Tony Stark ou Steve Rogers entre os personagens.
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Depois, o próximo filme do MCU será Homem-Aranha: De Volta ao Lar, que chegará aos cinemas em julho. Tal longa está sendo divulgado e distribuído pela Sony Pictures, e não pela Walt Disney, devido aos termos do acordo entre os dois estúdios. Finalmente, Thor: Ragnarok fecha o ano, com a promessa de uma colorida aventura espacial que irá colocar o Deus do Trovão ao lado do colega Vingador Hulk, e de seu irmão/rival/favorito dos fãs, Loki, enquanto tentam derrotar a poderosa Hela.
Todos já sabemos que os três longas serão sucessos imensos de bilheteria, mas a grande questão é: por quanto? Obviamente, você precisaria ser o inumano Ulysses Cain para saber com exatidão o tamanho do sucesso de tais filmes com meses de antecedência. No entanto, algumas análises podem nos fornecer pistas dos padrões de comportamento da audiência do longa. Acompanhe com a gente! (Não leu a Parte 1? Pare agora e leia clicando aqui.)
Guardiões da Galáxia Vol. 2
O site especializado em análise de bilheterias BoxOffice Pro assim estimou as receitas do novo Guardiões: o longa deverá render 160 milhões de dólares em seu primeiro fim de semana de estreia nos Estados Unidos, e sairá de cartaz naquele país tendo faturado 400 milhões. É um número respeitável: basta dizer que, se o longa desempenhar como o site previu, então ele terá a 11ª maior bilheteria de estreia da história (num empate técnico com Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que rendeu 160,8 milhões em seu primeiro fim de semana), e encerrará sua carreira como o 27º longa de maior faturamento dos Estados Unidos (ficando pouco abaixo dos 400,7 milhões de Frozen).
Além disso, tais números estariam relativamente dentro da média dos filmes de maio do MCU depois de Vingadores. Observe as bilheterias de estreia e final após o blockbuster dirigido por Joss Whedon catapultar o Universo Marvel dos Cinemas para a estratosfera:
Filme | Bilheteria de estreia | Bilheteria final |
Os Vingadores | US$ 207,4 milhões | US$ 623,3 milhões |
Homem de Ferro 3 | US$ 174,1 milhões | US$ 409 milhões |
Vingadores: Era de Ultron | US$ 191,2 milhões | US$ 459 milhões |
Capitão América: Guerra Civil | US$ 179,1 milhões | US$ 408 milhões |
O BoxOffice Pro utiliza um complexo conjunto de análise de redes sociais, expectativa do público, venda antecipada de ingressos, entre outras métricas, para estimar seus números. Ainda assim, particularmente, considero a estimativa do site levemente conservadora. Considerando a antecipação pelo longa, construída tanto pela ótima campanha de marketing da Disney (que enfatiza o espetáculo visual e as interações dos personagens, lembrando à audiência do porquê gostaram tanto do primeiro Guardiões), quanto pela boa vontade conquistada pelo sucesso de seu antecessor, não duvido que o filme possa brigar de igual para igual com os terceiros Homem de Ferro e Capitão América, e abrir na casa dos US$ 170 milhões.
O primeiro Guardiões deve muito de seu sucesso ao ótimo boca a boca. Se a segunda aventura espacial comandada por James Gunn estrear com os US$ 160 milhões da previsão, e desempenhar conforme o primeiro, sairá de cartaz nos Estados Unidos com absurdos US$ 565 milhões*, o suficiente para ser a sexta maior bilheteria da história. Entretanto, isso não deve acontecer, muito por causa da data de estreia de cada um. O Volume 1 estreou em agosto, um mês que costuma ser fraco para blockbusters – o maior concorrente de Guardiões em 2014 foi o criticado (porém bem sucedido financeiramente) remake de As Tartarugas Ninja.
Já o Vol. 2 enfrentará nas semanas seguintes o épico de ação Rei Arthur: A Lenda da Espada, o terror espacial Alien: Covenant, a aventura Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar e a comédia Baywatch. Embora, desses concorrentes, apenas o quinto longa da saga de Jack Sparrow possa ser considerado um sucesso garantido, certamente todos devem contribuir para roubar a audiência de Guardiões, em especial se o longa fizer mais sucesso com um público mais adulto do que com os jovens.
Assim, se ao mesmo tempo é improvável que o longa não alcance a marca de US$ 400 milhões, também é difícil que vá muito além disso. Dessa forma, Star-Lord e seus amigos terão de se contentar em disputar com Homem de Ferro 3 e Guerra Civil o posto de maior bilheteria do MCU para um longa que não traz a palavra Vingadores no título.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
Curiosidade: você sabia que, desde o lançamento do primeiro Homem-Aranha, em 2002, as bilheterias dos filmes do herói aracnídeo nos Estados Unidos vem decrescendo a cada longa lançado? Veja na tabela abaixo:
Filme | Bilheteria doméstica |
Homem-Aranha | US$ 403,7 milhões |
Homem-Aranha 2 | US$ 373,5 milhões |
Homem-Aranha 3 | US$ 336,5 milhões |
O Espetacular Homem-Aranha | US$ 262 milhões |
O Espetacular Homem-Aranha 2 | US$ 202,8 milhões |
É provável que De Volta ao Lar reverta essa tendência, até porque, caso fature menos que o último longa do herói (considerado responsável por “assassinar” os planos da Sony de construir um universo compartilhado ao redor do Cabeça de Teia), isso provavelmente fará Kevin Feige e a Disney pensarem seriamente em rever o acordo com a empresa japonesa. No atual momento, o possível sucesso do longa reside no quanto ele irá agradar o público e a crítica. Sua data de estreia, bem no meio do verão americano, pode vir a ser perigosa: caso a audiência não goste, o Teioso poderá perder o público familiar para Meu Malvado Favorito 3 e os adultos para Planeta dos Macacos: A Guerra e Dunkirk. É um dos pesares da temporada de verão americano: se o seu filme não for forte o suficiente para se sustentar perante concorrentes tão poderosos quanto, ele poderá ver sua bilheteria potencial minguar.
Por outro lado, De Volta ao Lar tem uma carta coringa nas mãos, que atende pelo nome de Robert Downey Jr. Os longas que trazem o ator como Tony Stark num papel substancial (ou seja, incluindo Guerra Civil, mas deixando de lado sua ponta em O Incrível Hulk) já faturaram mais de US$ 2,5 bilhões só nos EUA, com uma média de US$ 421,7 milhões por filme. A Sony tem procurado enfatizar a presença do Homem de Ferro em De Volta ao Lar, não apenas para assegurar ao público que o novo longa se passa no Universo Marvel dos Cinemas, como também porque sabe do poder de atração do ator, encarnando Tony Stark, sobre o público. Assim, mesmo que De Volta ao Lar não fature as mesmas quantias absurdas dos últimos quatro filmes com o Homem de Ferro, a mera presença do personagem pode levar a um interesse maior da audiência do que pelos dois mal-sucedidos longas estrelados por Andrew Garfield.
Se a Sony tiver realmente aprendido a lição, então sabe que o importante nesse momento é fazer um longa que seja efetivamente bem recebido. Mesmo que a bilheteria do novo Aranha seja mais próxima dos US$ 262 milhões do primeiro longa de Garfield do que dos mais de US$ 330 milhões conquistados pelos filmes da Era Raimi, se a crítica e o público continuarem mostrando a mesma apreciação por Holland, então o novo Cabeça de Teia terá vida longa no MCU.
Thor: Ragnarok
Se você perguntar a qualquer pessoa que acompanhe os filmes da Marvel qual o seu longa preferido do MCU, é improvável que a resposta seja qualquer uma das duas aventuras estreladas pelo Thor. Tanto o primeiro longa, dirigido por Kenneth Branagh, quanto sua continuação, O Mundo Sombrio, são considerados filmes apenas medianos, esquecíveis, recebidos com críticas mornas e bilheteria apenas decente. Bastou, porém, um único trailer explosivo, para o público esquecer tudo isso. Lançado no último dia 10 de abril, o vídeo, embalado pelo clássico Immigrant Song, do Led Zeppelin, viralizou nas redes sociais, e se tornou o trailer mais visto em 24 horas para um filme da Disney, superando outros blockbusters recentes da Casa do Mickey, como Star Wars: O Despertar da Força, Capitão América: Guerra Civil e A Bela e a Fera.
A excelente recepção do primeiro trailer afastou para longe qualquer desconfiança que o público pudesse ter para com o longa (efeito similar ao experimentado pelas campanhas de Logan e Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar). Além disso, a presença de favoritos dos fãs como Loki e Hulk, agora embarcando numa grandiosa aventura cósmica ao lado do Deus do Trovão, será o suficiente para atrair a audiência aos montes, em especial se essas possibilidades forem bem exploradas pelo marketing da Disney (e, considerando o trailer, tudo indica que vai ser). Em suma, Ragnarok tem tudo conspirando a seu favor.
Bem, quase tudo. Afinal, duas semanas depois, chegará aos cinemas outro imenso blockbuster super-heroico: Liga da Justiça. A primeira aventura do super-grupo da DC Comics estreará nas telonas de todo o mundo enfrentando uma nada invejável batalha para reconquistar público e crítica depois da fraca recepção de Batman vs. Superman: A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida.
Ao longo da história dos filmes de super-herói, um caso como o de Ragnarok e Liga da Justiça é simplesmente sem precedentes. Em geral, mesmo num ano tumultuado de longas de quadrinhos, eles costumam estrear com cerca de um mês de distância de seus concorrentes, para não saturar a audiência e enfrentar um adversário ainda forte. A exceção mais notória a essa regra ocorreu em julho de 2008, um mês que recebeu nada menos que três filmes de super-heróis, Batman: O Cavaleiro das Trevas, Hellboy II: O Exército Dourado e Hancock, e, mesmo assim, eram três longas completamente distintos um do outro.
Matematicamente, as chances estão a favor de Liga da Justiça. Ora, em geral, os longas do MCU costumam perder boa parte de seu público com a chegada de um novo blockbuster. O Mundo Sombrio e Doutor Estranho, dois filmes que, como Ragnarok, foram lançados em novembro, rapidamente foram banidos para as bordas da bilheteria americana conforme foram confrontados por longas como Jogos Vorazes: Em Chamas e Frozen, no caso do segundo Thor, e Animais Fantásticos e Onde Habitam e Moana, no caso do mago interpretado por Benedict Cumberbatch. Todos estes longas faturaram mais que os citados adversários da Marvel nos EUA em seus respectivos anos. Ou seja, mesmo que Ragnarok faça jus a toda a antecipação e supere seus antecessores no fim de semana de estreia, a chegada de Liga da Justiça irá destroná-lo meras duas semanas depois.
Além disso, as campanhas de marketing da Warner para seus filmes de super-heróis costumam garantir ao menos um ótimo fim de semana de abertura. Os dois últimos filmes de Christopher Nolan com o Batman, O Homem de Aço, A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida, todos estrearam com números excelentes. Ainda assim, no caso específico dos longas dirigidos por Zack Snyder (que também comanda Liga da Justiça), a recepção ruim dos filmes levou a audiência a abandoná-los, fazendo com que seus números afundassem nas semanas seguintes.
É aí que entra os fatores subjetivos dessa briga toda. Ragnarok, aparentemente, está com a vantagem: um trailer bem recebido, narrativas midiáticas a favor, interesse do público em ver os Vingadores mais poderosos numa aventura cósmica colorida. Poderá isso ser o suficiente para amortecer a queda que o longa inevitavelmente sofrerá quando Liga estrear? Ou ao menos para que ele fature o suficiente para que a queda não influencie tanto no resultado final? E quanto ao longa da DC? Será que a Warner é capaz de fazer o público a esquecer as últimas decepções, e se focar apenas na expectativa de ver o super-grupo mais famoso dos quadrinhos, junto pela primeira vez nos cinemas?
Seja como for, uma coisa parece certa: até então, novembro é um mês em que as bilheterias americanas costumam ser dominadas não por super-heróis, mas por fantasias para o público jovem (como os capítulos de séries como Jogos Vorazes e Harry Potter) e animações da Disney (os citados Frozen e Moana, bem como Detona Ralph, Operação Big Hero, etc). Em 2017, isso deverá mudar, quer seja com Thor: Ragnarok, quer com Liga da Justiça, ou com ambos.
*Tal estimativa foi baseada no desempenho final do primeiro Guardiões da Galáxia em comparação com seu fim de semana de estreia, e depois projetada na bilheteria estimada para o segundo. Em outras palavras: 333.176.600 (bilheteria final do Volume 1) / 94.320.883 (fim de semana de estreia do Volume 1) = 3,5323… * 160.000.000 (fim de semana de estreia estimado para o Volume 2) = 565.179.781.