Saiba o porquê de Thor: Ragnarok ser o filme mais autoral da Marvel

Em 2014, em mais uma das apresentações históricas da Marvel Studios, Kevin Feige nos dava de presente o que seria a Fase 3 do MCU. Todas as atenções foram para o bombástico anúncio de Capitão América: Guerra Civil, mas outros filmes já começavam a despertar uma tremenda expectativa.

 

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Thor: Ragnarok foi confirmado como o terceiro filme da trilogia do Deus do Trovão, com uma logo bem sombria, digno do título de fim dos nove mundos. Esse logo já deu uma ideia do que poderíamos esperar do filme, sem falar nos rumores de que Kenneth Branagh (diretor do primeiro Thor) assumiria a direção novamente, o que só alimentou a ideia de que veríamos mais um longa mediano do Thor, mas indo numa abordagem muito mais “séria e sombria”. Tudo isso foi jogado no lixo com o anúncio inesperado de quem seria, de fato, o diretor do filme.

 

Taika Waititi foi confirmado, e muitos ficaram sem entender nada. Naquela época, quase NINGUÉM o conhecia, e quem já era familiarizado nunca imaginaria essa aposta. O fato dele ser um diretor especializado em comédias, e uma logo atualizada, agora bem mais colorida, apresentava uma outra proposta, que foi recebida de maneira calorosa com o lançamento do teaser (é, aquele teaser que eu e você assistimos mais de mil vezes sem parar). Desde então, foi só se confirmando o quanto o filme abraçaria a comédia, o que muitos fãs viram como um erro ou potencial fracasso, enquanto os mais sensatos já tinham o principal motivo para confiar no filme: o Taikão da massa.

 

 

Por que tanta fé? No meu caso, a admiração já veio com a descoberta de What We Do in the Shadows (O Que Fazemos Nas Sombras, aqui no Brasil), o falso documentário, co-dirigido por Taika, sobre um grupo de vampiros colegas de quarto. Foi uma das melhores surpresas que tive em anos, sendo de longe a que mais me fez rir, com um estilo de humor único. Mas foi o seu antecessor que me fez colocá-lo como um dos meus diretores favoritos dessa década. Boy, de 2010, começa como uma inocente e divertida comédia, mas aos poucos se transforma num pesado e seco drama sobre a relação de pai e filho. Simplesmente você começa rindo e termina chorando, e foi um baita choque ver que aquele cara da comédia dos vampiros pudesse fazer algo tão profundo e comovente.

 

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E em 2016 ele fechou uma trinca perfeita de filmes dirigidos com Hunt for the Wilderpeople (A Incrível Aventura de Rick Baker, no Brasil). Mesmo não sendo tão dramático e pesado igual à Boy, a aventura de Rick Baker tem muito coração e desenvolve mais uma baita relação entre pai e filho, com uma puta química entre os personagens, carregando, preenchendo e tornando o filme numa experiência agradável e boa de se assistir. O maior problema do humor na fórmula da Marvel Studios muitas vezes é o excesso, a superficialidade e a forçação na qualidade das piadas, mas isso não é nem digno de preocupação quando se tem um diretor que não deixa que uma piada destrua o desenvolvimento dramático da trama e dos personagens, sem desviar do tom mais pessimista da história. Taika faz com que o filme seja divertido sem precisar de uma trama rasa e burra.

 

 

Além do humor, a identidade visual e técnica dos filmes do Taika são notáveis, e tudo apresentado sobre Ragnarok nos mostra a mais linda e quadrinesca fotografia dos filmes da Marvel Studios até agora. É puramente Jack Kirby, e consegue dar vida a uma mistura de quadrinhos dos anos 60 e todas aquelas cores intensas, com cenários psicodélicos e ares de opera-rock, sem perder o senso de urgência e caos que apenas o fim dos mundos pode proporcionar. Simplesmente com 2 trailers já se vê um filme fortemente armado no humor e porradeiramente épico. Surreal uma mistura dessas funcionar, né?

 

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A participação de Taika transformou o filme, e cativou todo o elenco e produção com seu jeito peculiar de trabalho, com a serenidade de fazer um blockbuster caro pra cacete como se fosse mais um filme indie gravado com alguns amigos. O cara firmou uma brodagem foda com os atores e ainda é tido que foi o filme que reacendeu a chama do amor de Chris Hemsworth pelo seu personagem. É uma obra tão genuinamente “do Taika” e não “do Thor” que nem parece continuação de Thor e Thor: O Mundo Sombrio. Na verdade, é uma das produções mais autorais da Marvel até agora, superando fácil a alopração satírica de Shane Black em Homem de Ferro 3 e James Gunn e suas liberdades trash em Guardiões da Galáxia.

 

 

Faltando poucos dias para o lançamento de um dos filmes de heróis mais ousados de todos, apenas confie em Taika Waititi, e vá NESTE EXATO MOMENTO assistir:

 

Eagle vs Shark (Loucos por Nada)
Boy
What We Do in the Shadows (O Que Fazemos nas Sombras, disponível na Netflix)
The Hunt for the Wilderpeople (A Incrível Aventura de Rick Baker)

 

Thor: Ragnarok chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, no dia 26 de outubro. O Legado da Marvel já escreveu sobre o filme, quer saber o que achamos? Clique aqui!

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
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