Quarteto Fantástico (2015)
Quarteto Fantástico foi o terceiro e último filme da família de super-heróis da Marvel produzidos pela antiga 20th Century Fox, antes do estúdio ser comprado pela Disney, além de ser um reboot da franquia, após a decepção com a bilheteria de Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado em 2007.
Os planos de rebootar a franquia foram anunciados em 2009, e após o desempenho e hype surpreendente do filme Poder Sem Limites (Chronicle), o diretor em ascensão Josh Trank foi confirmado no comando do longa. A escolha parecia promissora e empolgante, mas acabou se tornando numa das maiores tretas que resultou na produção mais problemática da história da Marvel.
A treta começou com o anúncio de Trank na direção e Jeremy Slater como roteirista. Acontece que Trank simplesmente detestou o roteiro de Slater, e fez de tudo para diminuir e descartar as ideias propostas por ele. Por isso, Slater abandonou o projeto seis meses após a sua confirmação. Em 2013, foi confirmado que Simon Kinberg (ele mesmo) entrou no projeto assumindo a vaga de co-roteirista. Apesar de muito ter sido reescrito durante as filmagens, os três ganharam créditos de roteiristas do filme.
Antes do caos das filmagens, o filme foi recebido com uma polêmica lamentável, com a reação negativa de alguns fãs à escalação de Michael B. Jordan no papel do Tocha Humana, pelo fato dele ser um ator negro assumindo um personagem branco. Trank chegou até a receber ameaças de morte. O racismo disfarçado de ‘desejo por fidelidade’ foi uma das coisas mais estúpidas já disparadas, ainda mais tendo em mente o talento incomparável de B. Jordan.
Durante as filmagens, Kinberg começou a reescrever o roteiro diariamente, mudando escolhas de Trank e criando um final diferente. Em janeiro de 2015, a Fox se viu descontente com o que Trank estava fazendo e decidiu por fazer várias refilmagens, que tiveram um resultado perceptível na versão final, sendo evidente quais cenas haviam sido incluídas depois, a julgar pela aparência dos atores. Uma treta histórica rompeu entre Trank e a Fox, com o estúdio tirando o poder criativo do diretor, que não teve controle nenhum sobre as filmagens.
Fontes alegam que foi Kinberg quem dirigiu as cenas nas refilmagens. Ao mesmo tempo em que fontes alegam um comportamento errático e agressivo de Trank nos sets. Pelo que muitos informam, o diretor chegou até a frequentar os sets estando bêbado, rendendo desconforto, críticas e deboche por parte dos atores e parte técnica. O fato é que Trank se isolou de todos durante a produção, e não teve participação nenhuma nas refilmagens.
Assim como na montagem final, que foi feita totalmente sem seu consentimento. Não é à toa, Trank diz que o editor Stephen E. Rivkin é praticamente o diretor real da versão do filme que chegou aos cinemas. O ápice do desconforto e do conflito veio um dia antes da estreia do filme em 2015, com Trank postando no Twitter que 1 anos antes, existia uma versão fantástica do filme, que os críticos adorariam mas que nunca irá existir, infelizmente.
Alguns pequenos trechos dos bastidores chegaram a cair na internet, com muitas cenas que não chegaram na versão dos cinemas, incluindo uma cena que tem até o Fantásticarro, e um ambiente bem mais agradável e de alegria entre os atores. Com tantos problemas e desavenças, o resultado foi um desastre remendado cheio de inserções que só pioraram tudo. Não é à toa, o filme foi MASSACRADO pela crítica, rendendo apenas 9% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes.
Os relatos dos problemas internos, a declaração de Trank e tudo mais, resultaram num desinteresse e boca-a-boca- negativo entre os fãs, desencadeando num dos maiores fracassos de 2015, com o filme arrecadando ridículos 167 milhões de dólares na bilheteria mundial. Só nos EUA foram 56 milhões, algo inimaginável para um filme de super-heróis tão amados pelos marvetes. Obviamente, os planos para a continuação agendada para 2017, foram logo cancelados pela Fox.
Quarteto Fantástico foi o ponto de virada na tragédia da carreira de Trank, que passou de diretor em ascensão para o homem que brigou com a Fox e perdeu a direção de um filme de Star Wars (Na época, ele estava confirmado na direção de um spin-off do Bobba Fett). Apesar de tudo isso, precisamos ressaltar a única coisa boa do filme: o elenco!
Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan e Jamie Bell se esforçam além do possível, e mesmo assim conseguiram construir uma química bem bacana entre si. Definitivamente o elenco não foi parte do problema, e eles mereciam muito uma segunda chance ou qualquer forma de redenção por terem sido prejudicados gratuitamente. O filme mais infame na história da Marvel está disponível atualmente no Disney+.