Bilheterias de Filmes de Super-Heróis em 2017: Brasil – Parte 2
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Que o público brasileiro sempre foi fascinado por filmes de super-heróis não é novidade para mais ninguém. Em 2017, porém, essa paixão só ficou mais forte, sendo reconhecida internacionalmente de diversas formas e, claro, contemplando incontáveis longas diferentes. Seja da Marvel ou da DC, não importa: o brasileiro compareceu em peso às salas escuras para conferir as novas aventuras de seus heróis favoritos.
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Ainda assim, de todos os nove longas do tipo lançados no ano passado no país, quem ficou em primeiro? Quem foi um sucesso, e quem decepcionou na bilheteria brasileira? É o que você vai descobrir na segunda parte de nossa matéria especial! Lembrando que a regra para a criação deste ranking foi o número de ingressos vendidos, não o faturamento, uma vez que o primeiro costuma ser tão ou mais utilizado na análise de bilheterias no Brasil do que o segundo. Os dados são do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, um órgão pertencente à Agência Nacional do Cinema – ANCINE.
1º Lugar: Liga da Justiça
Data de estreia nos Brasil: 16/11/2017
Ingressos vendidos: 8.442.364
Faturamento (em R$): 132.575.577
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 6º lugar
Diferentemente de nos EUA e no restante do globo, a malfadada estreia do supergrupo da DC Liga da Justiça ocupou o topo dentre os filmes de heróis mais vistos do ano no ranking brasileiro. Mas como poderia ser diferente? A DC, afinal, tem recuperado nos últimos anos toda a popularidade que tinha entre os brasileiros, fazendo com que, mal recebidos ou não, seus longas no mínimo arrastem multidões às nossas salas.
Batman vs Superman foi o longa que inaugurou essa nova e gigantesca fase da DC no Brasil. Antes disso, longas como Batman Begins, Superman: O Retorno e O Homem de Aço fizeram números bastante abaixo dos megasucessos de hoje, enquanto O Cavaleiro das Trevas e sua continuação desempenharam de modo decente, porém nada espetacular.
Para BvS, porém, a Warner montou uma gigantesca campanha de marketing, que visava atrair para o longa do DCEU um status de blockbuster que até então apenas os filmes mais poderosos do MCU aproveitavam no Brasil. O resultado foram multidões nos cinemas do país, conquistando para o longa dirigido por Zack Snyder o status de maior bilheteria de abertura nas salas brasileiras da história (foi superado um mês depois por Capitão América: Guerra Civil). Logo, A Origem da Justiça saiu de cartaz com 8,5 milhões de espectadores nos cinemas, o bastante para deixar outras franquias da Warner (como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Matrix, etc) no chinelo e se tornar um dos longas mais vistos da história do estúdio no país.
Além disso, o fenomenal sucesso de BvS por aqui abriu a porteira para que os longas seguintes do DCEU também tivessem desempenhos colossais e se tornassem uma ameaça real à hegemonia da Marvel no país. Assim, após as ótimas performances de Esquadrão Suicida e Mulher-Maravilha, tudo isso culminou na épica estreia do aguardadíssimo Liga da Justiça. Diferentemente do restante do globo, aqui Liga foi um sucesso de proporções super-heroicas. Novamente bancado por uma imensa campanha de marketing de seu estúdio, o longa estreou fazendo barulho: com R$ 13 milhões de faturamento, o filme conquistou na pré estreia do feriado de 15/11 o maior dia de abertura da história do cinema no Brasil. Considerando os números apenas do fim de semana (entre 16/11 e 19/11), o de Liga foi o terceiro maior de 2017 (atrás de A Bela e a Fera e Velozes & Furiosos 8) e o quarto maior para um filme de heróis (atrás de Esquadrão, Vingadores: Era de Ultron, BvS e Guerra Civil).
Nas semanas seguintes, porém, Liga desempenhou de forma similar a BvS, e deve sair de cartaz com cerca de 8,4 milhões de ingressos vendidos. É o bastante para ser o terceiro filme mais visto do ano (atrás de Meu Malvado Favorito 3 e Velozes & Furiosos 8), o sexto filme de heróis mais visto no ranking histórico e o segundo da DC, perdendo apenas para A Origem da Justiça. Talvez alguns considerem decepcionante que o longa não tenha conseguido superar seu antecessor no número de ingressos vendidos, embora o tenha ultrapassado em faturamento (R$ 132,5 milhões para Liga contra R$ 132,4 milhões para BvS). Mesmo assim, não deixa de ser mais um excelente resultado para o DCEU, demonstrando que, mesmo com filmes massacrados pela crítica, o complicado universo cinematográfico da DC ainda não perdeu sua capacidade de atrair multidões no Brasil.
A Warner, aliás, teria gostado que o filme tivesse se saído tão bem no restante do globo quanto foi por aqui. O Brasil foi o terceiro maior país que mais contribuiu para o faturamento mundial de Liga, atrás apenas dos EUA e da China. Quem sabe no próximo longa eles não colocam uma cena onde os heróis enfrentam as forças de Apokolips no Rio de Janeiro? Ou na Amazônia?
2º Lugar: Mulher-Maravilha
Data de estreia nos Brasil: 01/06/2017
Ingressos vendidos: 7.011.338
Faturamento (em R$): 109.894.366
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 10º lugar
Conforme comentei acima, BvS inaugurou toda uma nova era de incontáveis riquezas para o DCEU nas bilheterias brasileiras. Como resultado, os dois filmes de heróis mais vistos e de maior faturamento do ano passado vieram da DC. No caso, antes que Liga quebrasse tudo em novembro, Mulher-Maravilha já havia tido um desempenho excelente antes – e notável por seu próprio conjunto particular de razões.
Na realidade, a saga de Diana de Themyscira no Brasil foi mais ou menos parecida com a dos EUA. Ao abrir em nosso país, Mulher-Maravilha levou 1,3 milhão de pessoas aos cinemas, um número razoável, porém apenas a nona maior abertura de 2017 no país – menor inclusive que a de coisas como Meu Malvado Favorito 3 e Cinquenta Tons Mais Escuros. Além disso, foi abaixo das de quase todos os outros filmes de super-herói de 2017. No entanto, turbinada por ótimo boca a boca e o auxílio de toda uma nova faixa demográfica, Mulher-Maravilha sustentou-se de forma brilhante nas bilheterias. Em sua terceira semana, aliás, o longa conquistou um feito milagroso e raríssimo, ao levar mais pessoas aos cinemas do que na segunda semana – o normal é que o público vá diminuindo aos poucos com o passar dos dias.
A matemática explica o quão boa foi a sustentação de Mulher-Maravilha. Em geral, no Brasil a maioria dos blockbusters (com os filmes de super-herói em especial) costumam levar entre 24% a 28% de seu público final aos cinemas no fim de semana de estreia – turbinada pelo interesse dos fãs, os cinemas lotam na abertura, e vão perdendo público subsequentemente. No caso de Mulher-Maravilha, apenas 18,8% de seus espectadores assistiram ao longa na estreia, um índice normalmente reservado às animações infantis atuais, e que demonstra que ele foi sendo promovido através do boca a boca dos espectadores nas semanas seguintes.
Com isso, Mulher-Maravilha conseguiu superar seus concorrentes e garantir o posto de 5º filme mais visto em 2017 no Brasil (atrás de Meu Malvado 3, Velozes 8, Liga e A Bela e a Fera), e o 10º filme de super-heróis mais visto de todos os tempos. Nada mal para Diana de Themiscyra, que, a depender da excelente receptividade de brasileiros e americanos, ainda viverá muitas outras aventuras na tela do cinema.
3º Lugar: Homem-Aranha: De Volta ao Lar
Data de estreia nos Brasil: 06/07/2017
Ingressos vendidos: 6.686.527
Faturamento (em R$): 102.723.816
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 11º lugar
Uma outra similaridade entre os cinéfilos brasileiros e americanos é como eles responderam aos filmes do Homem-Aranha. O primeiro, lançado em 2002, quebrou recordes em ambos os países, e até hoje é, tanto lá quanto cá, uma das maiores bilheterias de todos os tempos para filmes de super-heróis. Porém, cada longa subsequente do Cabeça de Teia conseguiu ter uma bilheteria menor do que seu predecessor. Por aqui, Homem-Aranha levou quase 8,5 milhões de pessoas aos cinemas, o segundo atraiu 7,7 milhões e o terceiro, 6,1 milhões. Cinco anos depois, O Espetacular Homem-Aranha caiu para 5,1 milhões e sua sequência mal conseguiu passar dos 4 milhões.
Em desespero, a Sony viu que a melhor estratégia para reverter essa tendência era simples: fazer um acordo com a Disney e permitir que o Aranha finalmente integrasse o MCU. Assim, entre os fãs brasileiros o truque funcionou brilhantemente: Homem-Aranha: De Volta ao Lar conquistou a quarta maior abertura do ano (atrás de Velozes 8, A Bela e a Fera e Liga da Justiça) e a nona maior da história para um filme de super-heróis.
Elogiadíssima pela crítica e atraindo fãs de todas as idades do herói, De Volta ao Lar precisou de apenas três semanas em cartaz para superar o público dos dois longas do Teioso de Andrew Garfield, e assim reverter a “maldição do Homem-Aranha” também no Brasil. Duas semanas depois, ele também ultrapassava o público de Homem-Aranha 3 e se tornava o terceiro filme mais visto do herói no Brasil, posição que ocupa atualmente. No fim das contas, De Volta ao Lar conquistou a sexta posição dentre os maiores filmes do ano na bilheteria brasileira. No quesito faturamento, aliás, De Volta ao Lar deixou seus predecessores comendo poeira, muito embora isso apenas ilustre o quanto o preço dos ingressos subiu nos últimos anos.
Os dois filmes de Garfield, por exemplo, faturaram R$ 54 milhões no segundo e R$ 60 milhões no primeiro, enquanto os três de Maguire tiveram faturamentos de pouco menos de R$ 50 milhões cada um. Dentro do MCU, pode-se dizer que o jovem Peter Parker de Tom Holland chegou fazendo barulho. O longa tornou-se o quinto mais visto de todo o Universo Cinematográfico da Marvel, e o maior para um que introduz um herói pela primeira vez no MCU. Considerando todo esse sucesso, a pergunta que fica é: por que a Sony não havia pensado em fazer o acordo com a Disney antes?
4º Lugar: Logan
Data de estreia nos Brasil: 02/03/2017
Ingressos vendidos: 6.400.985
Faturamento (em R$): 91.260.487
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 12º lugar
Tal como eu disse na matéria dos 50 maiores filmes de heróis no Brasil, em nosso país os filmes mais vistos dos X-Men nem sequer trazem as palavras “X-Men” no título – além de serem proibidos para o público mais novo. Até o ano passado, o campeão da franquia X por aqui era Deadpool, a gigantesca estreia do Mercenário Bocudo que havia levado pouco mais de 6 milhões de pessoas aos cinemas em 2016. Mas o reinado de Wade Wilson não durou, sendo superado pouco mais de um ano depois pelo último capítulo do Wolverine de Hugh Jackman em Logan.
Claro, a estreia de Logan no Brasil, embora imensa (a décima maior da história para um filme de super-heróis) foi pouca coisa inferior à de Deadpool: 1,63 milhão de ingressos vendidos para o Carcaju contra 1,7 milhão do Mercenário. Nas semanas seguintes, porém, Logan sustentou-se melhor que o longa estrelado por Ryan Reynolds por aqui, mesmo enfrentando, duas semanas depois, a estreia do aguardadíssimo musical da Disney A Bela e a Fera – que, como você já sabe, veio a se tornar o quarto maior filme de 2017 no país.
Claro que o fato de serem filmes muito diferentes e, principalmente, voltados para públicos muito distintos, foi o que permitiu que ambos os longas pudessem coexistir e conquistar sua audiência. Logan, afinal, era restrito para menores de idade, enquanto A Bela e a Fera foi planejado para conquistar famílias com crianças e o público feminino de todas as idades. E mesmo concorrentes em potencial que poderiam oferecer algum desafio ao mutante com garras, como Kong: A Ilha da Caveira, Power Rangers e A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, não foram exatamente nenhum hit muito grande no Brasil, permitindo que toda a aclamação gerada por Logan continuasse atraindo grandes volumes de público para o longa comandado por James Mangold. Dessa forma, Logan pôde sair de cartaz como o oitavo maior filme de 2017 no país.
No fim, mesmo não sendo exatamente um longa “divertido” como Deadpool, Logan conseguiu ser bem sucedido ao conquistar as pessoas que haviam crescido com Hugh Jackman como Wolverine e queriam ver sua despedida. Será que Deadpool 2 conseguirá superar os números do Carcaju? Bem, o retrospecto sugere que continuações de filmes introdutórios de heróis que alcançaram números estratosféricos em sua parte 1 farão menos que seus antecessores (vide o Superman de 79, o Batman de 89, o Homem-Aranha de 2002 e o primeiro Vingadores), mas nunca é sensato duvidar de Wade Wilson.
5º Lugar: Thor: Ragnarok
Data de estreia nos Brasil: 26/10/2017
Ingressos vendidos: 6.359.663
Faturamento (em R$): 99.761.710
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 13º lugar
Finalmente, em 5º lugar, encontramos um filme de heróis pertencente ao MCU e distribuído pela Disney. Desde que a Casa do Mickey assumiu a distribuição dos filmes da Marvel com o primeiro Vingadores, houve apenas uma ocasião em que o maior longa de heróis do ano não havia saído pela Disney: foi em 2014, quando X-Men: Dias de um Futuro Esquecido derrotou Capitão América 2: O Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia no país.
Mas não precisa ficar triste por isso: embora Thor: Ragnarok não tenha sido o maior do MCU no ano (tal honra, como você já viu, coube a Homem-Aranha: De Volta ao Lar), ainda foi um enorme sucesso no país. E um grande crédito por isso cabe à inteligente estratégia da Disney de antecipar a estreia do longa em alguns mercados, Brasil incluso, a fim de dar a Ragnarok uma semana de vantagem antes de Liga da Justiça.
E o resultado não poderia ter sido melhor: Ragnarok por aqui chegou num período de vacas magras, onde seus maiores concorrentes foram o fracassado filme-catástrofe Tempestade: Planeta em Fúria, o infantil Pica-Pau: O Filme, o terror A Morte te dá Parabéns e a muito elogiada porém pouco vista ficção científica Blade Runner 2049. Com a audiência faminta por um grande blockbuster de ação e aventura (algo que não recebiam desde, bem, De Volta ao Lar), cerca de 1,4 milhão de pessoas compareceram à estreia de Ragnarok. Trata-se um número 11 vezes maior que o público do segundo colocado na tabela daquele fim de semana (!), muito embora a aventura estrelada por Chris Hemsworth estivesse passando em oito vezes mais salas.
A semana seguinte do longa trouxe uma tempestade perfeita de fatores que, combinados, trouxeram números poderosos ao Deus do Trovão no Brasil. Afinal, a segunda semana de Ragnarok coincidiu com o feriado prolongado do Dia de Finados, o que, somado à já citada inexistência de concorrentes (a maior estreia daquela semana foi o romance Depois Daquela Montanha, exibido em seis vezes menos salas do que a aventura da Marvel), fez do longa o único blockbuster em cartaz. Assim, o público de Ragnarok na segunda semana foi apenas 3,2% menor que o da primeira. Para se ter uma ideia, filmes de super-heróis costumam ter uma queda de mais de 30% no público entre a abertura e a segunda semana.
Mas isso, porém, cobrou seu preço na terceira semana, quando o longa perdeu 56,4% de sua audiência – um caso curiosamente similar ao de Vingadores: Era de Ultron, que também teve seu segundo final de semana num feriado prolongado. Em seguida, quando precisou ceder salas para a gigantesca estreia de Liga, Ragnarok caiu ainda mais, porém àquela altura já havia conquistado quase 90% de seu público final.
Por fim, os Vingativos saíram de cartaz como o nono maior filme do ano no Brasil, e o sexto filme mais visto do MCU no país, além de deixar para trás a bilheteria nacional do longa anterior do Deus do Trovão, O Mundo Sombrio. É um ótimo número de toda forma, demonstrando que, mesmo brigando contra toda a força dos Super Amigos, o MCU ainda tem força para conquistar uma excelente bilheteria.
6º Lugar: Guardiões da Galáxia Vol. 2
Data de estreia nos Brasil: 27/04/2017
Ingressos vendidos: 4.207.641
Faturamento (em R$): 67.529.482
Posição que ocupa entre os 50 maiores filmes de heróis no Brasil: 26º lugar
Em 2014, os Guardiões da Galáxia evoluíram de desconhecidos a uma das equipes super-heroicas mais populares do planeta… menos no Brasil. Por aqui, o primeiro Guardiões alcançou resultados pouco expressivos: tendo vendido magros 2,8 milhões de ingressos, o longa de James Gunn foi apenas a 18ª maior bilheteria do ano no Brasil. Superado em seu ano de estreia pelos duramente criticados As Tartarugas Ninja e O Espetacular Homem-Aranha 2, hoje Guardiões não é nem sequer um dos dez filmes mais vistos do MCU no país, com um público menor que até mesmo o de Homem Formiga.
Ainda assim, a Disney lançou sua continuação, Guardiões da Galáxia Vol. 2, com toda a pompa e circunstância no Brasil, inclusive adiantando sua estreia para o último fim de semana de abril – uma decisão que antes havia beneficiado os megahits de maio da Marvel. Claro que, para o crédito do estúdio, a Disney ao menos se esforçou ao máximo para promover o longa por aqui, mesmo batalhando contra o fato de que o primeiro Guardiões não havia caído tanto no chamado “gosto popular” quanto os longas estrelados pelos outros Vingadores.
Ao aportar em nossas salas em 27 de abril do ano passado, Guardiões 2 foi assistido por 1,2 milhão de pessoas, mais ou menos a metade do público que havia comparecido à estreia de Era de Ultron dois anos antes. Mas tudo bem, certamente a filial tupiniquim da Disney não esperava mesmo que o Vol. 2 repetisse os números de Ultron e, além disso, o boca a boca do público e a falta de concorrentes relevantes ao longo do mês de maio contribuiria para números maiores nas semanas posteriores, certo?
Nem tanto. Guardiões 2 permaneceu na liderança das bilheterias brasileiras pelas duas semanas seguintes, mesmo vendo seu público cair numa velocidade perturbadora. Na quarta semana, precisou perder o topo para Rei Arthur: A Lenda da Espada e na sexta semana despencou para a 10ª colocação na tabela, deixando-a logo após. Lembram-se do caso da fenomenal sustentação de Mulher-Maravilha? Bem, pode-se dizer que Guardiões 2 seria sua antítese: 29,4% do público do Vol. 2 assistiu ao longa no fim de semana de estreia. Trata-se de uma porcentagem bem alta para um filme de super-heróis, normalmente reservada apenas para sagas que possuem uma base de fãs relativamente limitada no Brasil (Star Wars, Jogos Vorazes, os últimos filmes da franquia Harry Potter, entre outros).
Assim, Guardiões 2 saiu de cartaz com pouco mais de 4,2 milhões de ingressos vendidos, tornando-se o décimo filme mais assistido do MCU no Brasil. No ranking anual, trata-se do 14º maior filme do ano na bilheteria brasileira. Não é exatamente nenhum fracasso de bilheteria, mas mostra que a Disney tem algum trabalho a fazer se quiser popularizar de vez a equipe de Star-Lord e seus amigos.
E a resposta para isso parece estar a caminho: botar os Guardiões para interagir com os Vingadores em Guerra Infinita. Afinal, depois de aparecerem no primeiro filme dos Heróis Mais Poderosos da Terra, o Homem de Ferro, o Capitão América e o Thor viram a bilheteria de seus respectivos filmes-solo aumentarem de forma espetacular: Homem de Ferro 3 vendeu 137% mais ingressos do que o segundo; O Mundo Sombrio teve aumento de 94% em seu público em comparação com o primeiro do Deus do Trovão, e O Soldado Invernal levou 64% mais pessoas aos cinemas do que O Primeiro Vingador.
7º Lugar: Lego Batman: O Filme
Data de estreia nos Brasil: 09/02/2017
Ingressos vendidos: 1.336.388
Faturamento (em R$): 19.841.259
Outra mania dos americanos que parece não ter pego muito no Brasil é a das animações em Lego. Em 2014, apesar dos elogios da crítica, Uma Aventura Lego mal conseguiu passar de 1 milhão de ingressos vendidos entre o público nacional. Três anos depois, Lego Batman: O Filme saiu-se um pouco melhor, levando 1,3 milhão de pessoas aos cinemas. Mesmo assim, trata-se de um público menor que o de outros longas familiares que também aportaram em 2017, inclusive filmes de qualidade duvidosa como Os Smurfs e a Vila Perdida, Pica-Pau: O Filme e Emoji: O Filme.
Mas a verdade é que 2017 não foi um ano muito bom para as animações nas bilheterias brasileiras. Houveram exceções, claro: O Poderoso Chefinho é o filme da DreamWorks mais visto no país desde Como Treinar seu Dragão 2, de 2014; Moana: Um Mar de Aventuras se tornou um dos maiores sucessos da história da Disney, praticamente empatando com o público de O Rei Leão; e Meu Malvado Favorito 3 foi simplesmente o longa mais assistido do ano. O restante, porém, teve de se contentar com bilheterias medianas ou ruins, sejam filmes menores, sejam aspirantes a blockbusters, como Carros 3 e Lego Batman.
Para piorar, Lego Batman chegou num período onde praticamente não havia nenhum outro filme-família para lhe servir de concorrência. Competindo com longas adultos, que incluíam Cinquenta Tons Mais Escuros, O Chamado 3 e um punhado de filmes do Oscar, a versão Lego do Cavaleiro das Trevas poderia ter atraído um público maior, mas é bem provável que tenha havido desinteresse da audiência mesmo.
Parafraseando a canção-tema de Uma Aventura Lego, tudo não foi incrível para a animação da DC no Brasil.
8º Lugar: Power Rangers
Data de estreia nos Brasil: 23/03/2017
Ingressos vendidos: 1.240.526
Faturamento (em R$): 15.866.589
A julgar pelos números de Power Rangers no Brasil, o longa não conseguiu atrair os jovens adultos que cresceram assistindo às incontáveis temporadas da série nos programas infantis matutinos dos anos 1990 e início dos 2000.
Na teoria, o filme tinha tudo para ter alcançado uma bilheteria maior. Afinal, Power Rangers poderia ter servido como a melhor opção para garotos adolescentes e jovens do sexo masculino, que não se interessariam por A Bela e a Fera, porém ainda não tinham idade para assistir a Logan sozinhos. Além disso, o longa tinha a seu favor a máquina de marketing da distribuidora tupiniquim Paris Filmes, responsável por lançar sucessos como a Saga Crepúsculo, Os Dez Mandamentos: O Filme, incontáveis comédias produzidas pela Globo Filmes e, mais recentemente, o imenso hit Extraordinário.
Mas não foi bem isso o que ocorreu. Power Rangers estreou em segundo lugar, vendendo apenas 465 mil ingressos no fim de semana, e depois só desabou, vindo a sair de cartaz tendo levado 1,2 milhão de pessoas aos cinemas, mais ou menos o que Guardiões 2 fez em sua estreia por aqui – e olha que, como você viu, o Vol. 2 nem foi exatamente um dos maiores filmes dessa lista.
Isso é decepcionante, pois, considerando que a importância da série na infância de muitos “vintões” e “trintões” brasileiros, poderia ter desempenhado bem melhor por aqui.
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Amanhã, concluiremos nossa série com a terceira e última parte, que abordará a bilheteria mundial. Não perca!