Bob Marley surpreende e humilha Madame Teia nas bilheterias
Cinebiografia do ícone do reggae Bob Marley não tomou conhecimento da concorrência com Madame Teia e atingiu bilheteria muito maior que a do filme da Sony/Marvel.
Em vários mercados através do mundo, uma cena que poderia parecer improvável na década passada parece ser o novo normal dos anos 2020: um filme da Marvel sendo absolutamente destroçado nas bilheterias e superado por uma cinebiografia musical.
Bob Marley: One Love, a história do icônico artista de reggae, segue com boa performance nas bilheterias. Já o novo blockbuster (mal) adaptado das HQs da Marvel Madame Teia já partiu de péssima abertura e desde então só decaiu. E isso não só nos EUA/Canadá como também no Brasil.
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Na América do Norte, ambos os filmes estrearam em 14 de fevereiro, porém a diferença em seu total acumulado é abissal: Madame Teia encerrou o dia 25 com US$ 35 milhões enquanto Bob Marley tinha quase o dobro, com US$ 71 milhões.
Claro, desde o dia de abertura o drama musical vem postando números superiores aos do thriller da Marvel na bilheteria americana, portanto esse resultado não chega a ser uma surpresa.
Os resultados globais até este domingo revelam que Madame Teia tinha US$ 61 milhões (sendo US$ 26 milhões nos mercados internacionais) e One Love uma arrecadação de US$ 111 milhões (US$ 40 milhões fora dos EUA/Canadá).
Já no Brasil, algo diferente ocorreu: Madame Teia largou na liderança, à frente de Bob Marley (que, para ser justo, fez algumas sessões de pré-estreia durante o Carnaval). Porém, não demorou para todo o boca a boca negativo em torno da produção da Sony começar a afetar as vendas e o músico ultrapassar a clarividente nos últimos dias.
No primeiro fim de semana, Madame Teia fechou com um faturamento de R$ 6 milhões e 284 mil ingressos vendidos para a heroína marvete contra R$ 5,2 milhões e 227 mil entradas para o pioneiro autor de No Woman, No Cry e Three Little Birds.
Apesar disso, Madame Teia tornou-se a menor abertura no Brasil para um filme do Universo da Sony de personagens da Marvel, abaixo não só dos dois filmes do Venom (R$ 18,8 milhões/1,05 milhão de ingressos para o primeiro em outubro de 2018 e R$ 15,4 milhões/878 mil pagantes para o segundo três anos depois) como também do igualmente desprezado pela crítica Morbius (R$ 9,08 milhões/456 mil de público em março de 2022).
Nos dias úteis que se seguiram, One Love passou à frente do concorrente, com R$ 1,64 milhão e 98 mil pagantes nas salas entre segunda e quarta contra R$ 1,39 milhão e 88 mil ingressos para Cassie Webb. Com isso, o acumulado do musical chegou a R$ 10,3 milhões e 491 mil ingressos vendidos contra R$ 8,96 milhões/457 mil de Madame Teia.
Como dá para ver, o novo filme da Sony precisou de 9 dias para levar aos cinemas nacionais a mesma quantidade de pessoas que seu antecessor Morbius conseguiu em 4 – nos EUA, Madame Teia fez em 9 pouco menos do que Morbius tinha ao final de seu segundo dia (US$ 30,4 milhões).
Voltando ao Brasil, por aqui a nova edição da Semana do Cinema, que trará ingressos em várias redes em todo o país por apenas R$ 12, começou na última quinta-feira. Assim, One Love foi o maior beneficiado: seu público no primeiro dia, de 46,6 mil pessoas, foi 35% acima do de quinta-feira passada (que, claro, foi o primeiro dia útil logo após a Quarta-Feira de Cinzas).
Madame Teia, por sua vez, retraiu 14% em relação à última quinta. Ou seja, mesmo com o preço promocional dos ingressos, o longa ainda atraiu menos gente às salas do que na ressaca do Carnaval. No ranking diário, foi ultrapassado por outro filme da Sony (que curiosamente também traz Sydney Sweeney no elenco): a comédia romântica Todos Menos Você, que, com 44 mil espectadores no dia 22, cresceu quase 60% em relação à quinta-feira passada.
Tendo estreado no Brasil no início deste mês, Todos Menos Você é visto como um retorno do gênero romance às grandes bilheterias – antes ele parecia relegado aos serviços de streaming. Apesar de um início ruim, Todos Menos Você já alcançou US$ 191 milhões na bilheteria global (sendo US$ 87 milhões nos EUA), um total bem acima de seu módico orçamento de US$ 25 milhões. Por aqui, o filme tinha um acumulado de R$ 27,5 milhões e 1,37 milhão de ingressos vendidos, um total superlativo para uma comédia estrangeira.
A ironia de tudo isso é que nenhum desses filmes foi exatamente adorado pelos críticos. Todos Menos Você tem apenas 53% no Rotten Tomatoes, Bob Marley: One Love tem 42% e Madame Teia tem 13%.Ou seja, mesmo com nenhum deles sendo exatamente um novo clássico da Sétima Arte, o público tem preferido assistir a comédia romântica e o musical sobre o filme de super-heróis.
E isso mostra o tamanho do desserviço que Madame Teia e outros flops similares tem prestado aos longas baseados em HQs. Nos últimos doze meses, a Marvel e a DC combinadas lançaram 9 filmes, e desses somente dois foram bem sucedidos nas bilheterias e na recepção dos fãs e críticos: Guardiões da Galáxia Vol. 3 e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Ambos até mesmo foram indicados ao Oscar (de Melhores Efeitos Especiais e Melhor Animação respectivamente).
Os outros sete foram fracassos retumbantes na bilheteria, com três deles (As Marvels, The Flash e Besouro Azul) ao menos conquistando críticas razoáveis, enquanto os outros quatro (Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Shazam! Fúria dos Deuses, Aquaman 2: O Reino Perdido e, claro, Madame Teia) ostentando um tomate podre no Rotten Tomatoes.
Enfim, os super-heróis, que antes eram dominantes nas bilheterias, hoje mostram dificuldade para encontrar um nível de hype que justifique seus imensos custos de produção. E a péssima recepção de filmes como Madame Teia ajuda a contribuir para a narrativa que os longas de quadrinhos agora são muito ruins e não valem a pena serem vistos, perdendo na bilheteria até para outros concorrentes que, apesar de não serem adorados pela crítica, ao menos fornecem o entretenimento que cinéfilos procurando uma comédia romântica ou um musical sobre um artista icônico buscam nesse tipo de filme.
Dito isso, pode ser que Deadpool & Wolverine domine as bilheterias quando estrear em julho. Porém, os filmes da Marvel agora se encontram na defensiva em parte graças a iniciativas desastradas como a da Sony, o que levou o espectador nesta década a procurar outros tipos de longas nos cinemas – que, aliás, custam muito menos para serem produzidos do que o típico blockbuster de heróis.
O Mercenário e o Carcaju precisarão ser muito bem recebidos pela audiência e pela crítica se quiserem que a Marvel, e os super-heróis em geral, sobrevivam nas telonas.
Fontes: The Numbers, Filme B
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TUDO SOBRE MADAME TEIA
Madame Teia é um dos projetos mais inusitados da Sony Pictures para o seu SSU (Universo Homem-Aranha da Sony), que é o universo cinematográfico de personagens do universo do Homem-Aranha. O universo já conta com filmes como: Venom 1 e 2, Morbius, e Kraven – O Caçador.
Leia a sinopse do filme: “Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan, tem habilidades de clarividência. Forçada a confrontar revelações sobre seu passado, ela forja uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos”.
A atriz Dakota Johnson (50 Tons de Cinza) será a Madame Teia. Sydney Sweeney (Euphoria) também está confirmada no elenco, enquanto S.J. Clarkson (Jessica Jones, Os Defensores, Succession) assume a direção. Matt Sazama e Burk Sharpless, os roteiristas de Morbius, também estão confirmados! O longa está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.