[CRÍTICA] Doutor Estranho 2: a polêmica obra-prima do TERROR na Marvel

ESSA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS DE DOUTOR ESTRANHO 2!

Todo filme da Marvel sempre vem carregado de MUITA expectativa. E não é à toa que Doutor Estranho 2 tenha vindo carregado com uma expectativa absurda. Tão grande, e de vez em quando até maior que o hype para Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.

 

        LEIA TAMBÉM!

 

A expectativa, nesse caso, tem uma carga até maior que o filme do Aranhaverso. Isso porque a continuação de Doutor Estranho, a surpresa de 2016, já era antecipada e comentada desde então. Depois de muito silêncio, o longa fora confirmado em 2019 durante um épico painel na Comic Con.

Com o título de Multiverso da Loucura, ele rapidamente passou de um simples ‘Doutor Estranho 2’ para o FILME EVENTO dessa Fase 4 do MCU. Muito disso também por conter a Feiticeira Escarlate como uma das principais personagens.

Pra intensificar essa expectativa, o longa foi um dos mais prejudicados pela pandemia do coronavírus. E ainda passou por uma troca de diretor, algo que costuma causas grandes problemas para um filme. Felizmente, acontece que esse imprevisto acabou se tornando na MELHOR coisa que poderia acontecer para o Multiverso da Loucura!

Saiu Scott Derrickson, que fez um trabalho elogiado no primeiro filme, para a entrada do lendário Sam Raimi! O diretor que comandou a trilogia do Homem-Aranha retorna ao universo Marvel, e quem diria que essa seria simplesmente a melhor decisão da Marvel Studios em anos?!

Indo mais além, quem diria que num filme sobre Multiverso, Doutor Estranho, Wanda e Illuminati, seria o charme, talento e estilo de Sam Raimi que se sairia como o verdadeiro CRAQUE DO JOGO?

O filme sofre com muitos elementos que poderiam atrapalhar – e muito – alguma produção. O principal deles, e que tem gerado muitas reclamações, é o roteiro apressado de Michael Waldron, que assume a coragem e dá a cara à tapa para fazer o filme chegar onde quer chegar.

Doutor Estranho 2 trouxe o retorno triunfal e redenção gloriosa da Sam Raimi!

Afinal, em 15 minutos temos TUDO: a apresentação do multiverso, America Chavez, o arco do Estranho, variantes do Estranho, Wanda e… uma BAITA REVIRAVOLTA. Sem mais nem menos, e direcionando o final de WandaVision para um caminho ainda mais trágico, o roteiro assume que vai ser desse jeito, e obriga o público a escolher se vai comprar essa ideia… ou não.

Ver a Wanda ser assumida tão rapidamente como VILÃ e GRANDE VILÃ é um conceito muito interessante, do jeito que os fãs adoram ver heróis medindo seus poderes entre si. Mas é uma pena que o filme faça isso sem nenhuma calma, apenas mencionando 2 vezes que o Darkhold afeta a mente de que os lê.

Sem sutileza e muitas vezes esquecendo de reforçar o drama e lado trágico das decisões da Wanda, entra uma versão da heroína que é assumida como vilã, e vilã de novela mexicana. Pode revoltar muita gente, mas quando você compra a ideia… se torna num verdadeiro espetáculo.

Em meio a grande estrelas, Xochitl Gomez brilha como a America Chavez

Gostando ou não, o fato é que Elizabeth Olsen está DIVINA. Ela explora essa reviravolta ousada e entrega uma atuação que poucos atores do MCU teriam a coragem e capacidade de fazer. Em tudo o que o roteiro peca, ela adiciona profundidade e faz a ideia funcionar.

Perfeita como vilã, mas sem perder toda a emoção que a transforma numa das personagens mais interessantes do MCU. Ela tem feito isso desde Guerra Infinita, e mais uma vez eleva a Wanda a um patamar de que ela tem potencial para muito mais.

Mas aí que está outra grande surpresa do filme. Já que com a presença da Wanda, esperava-se que ela fosse roubar a cena e ser a verdadeira protagonista, tirando toda a atenção do Strange. Mas de forma muito equilibrada, é o desenvolvimento do arco pessoal do Estranho que é a verdadeira base do filme.

Elizabeth Olsen está IMPECÁVEL. A melhor atriz do MCU, facilmente.

Cada versão nova do Estranho é feita com tantas nuances pelo Benedict Cumberbatch, e com tanta diversão, que aceitaríamos felizes um filme que fosse apenas o Estranho conhecendo 100 versões diferentes de si mesmo.

Traçando um paralelo muito interessante entre o Estranho e a Wanda, o filme brinca com os erros do Mago e funciona como um processo de autodescoberta para ele. Quem diria que num filme com nome de MULTIVERSO, o foco seria no Estranho lidando com seus erros e demônios internos.

O que é uma decisão OUSADA, mas coloca o Multiverso e as diferentes realidades que visitamos, tudo servindo ao propósito do arco pessoal do próprio Doutor Estranho. É compreensível que muitos fãs se revoltem, e não gostem disso, mas em vez de um evento épico sobre multiverso, temos um filme bastante íntimo. Quase que uma versão épica e cheia de participações de seu episódio lá em What If.

Quem diria também que ao mesmo tempo em que a Marvel ousaria transformar um filme épico em algo mais simples, que o estúdio FINALMENTE teria coragem de fazer um filme 100% jogado no gênero do TERROR.

Não é só da boca pra fora ou com algumas cenas específicas. O filme traz os recursos de filmes de terror o tempo inteiro, utilizando da trilha para criar momentos de tensão e medo em cenas que normalmente são de pura ação.

Como pode um filme de TERROR com super-heróis, cheio de bom humor e uma dose de drama poderia funcionar? Parece impossível, mas isso funciona graças à liberdade que a Marvel deu para Sam Raimi. Com essa liberdade, Raimi faz um filme que mais parece com Evil Dead e Arraste-Me Para o Inferno do que qualquer coisa.

Benedict prova todo seu carisma como todas as versões do Strange

Para mim, que sou um grande fã dos filmes bem humorados de horror do diretor, o resultado foi uma experiência fantástica. Mas é compreensível que fãs habituais da Marvel não achem graça ou sentido em ver a Wanda como um monstro de terror, perseguindo os heróis o tempo inteiro.

Também não parece fazer SENTIDO nenhum que a Marvel tenha pensado que após Vingadores: Ultimato, a ideia do estúdio foi de pegar uma das heroínas que derrotou o Thanos, e fazer ISSO. Não vai agradar a todos, mas essa coragem era algo que o MCU estava precisando há tempos.

Você chegou até aqui nesse texto e não viu nada sobre o tom ÉPICO do filme e de participações especiais que vão fazer o cinema gritar, não é? Pois bem, isso porque o Multiverso da Loucura NÃO é esse tipo de filme. Ele não é um Homem-Aranha 3 e sequer tem esse intuito.

Mas dizer isso é até um pouco injusto. Afinal, trazer Patrick Stewart de volta como Xavier e realizar o sonho de ver John Krasinski como o Sr. Fantástico é SIM algo grandioso. Expectativas à parte, estamos vendo algo inimaginável e um presente agridoce mas hilário para os fãs.

Acontece que diferente de Sem Volta Para Casa, esse filme não é todo montado e preparado para nos entregar fanservice e uma celebração à nostalgia. Só encontrou um meio controverso de dar esse presentinho aos fãs, sem desviar muito de contar a história SOMENTE do Estranho e Wanda.

De longe, um dos filmes mais bonitos da Marvel.

Com algumas forçações de roteiro para justificar o poder e encontrar um jeito de derrotar a Feiticeira Escarlate, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não é o filme que todo mundo esperava. Afinal, quem esperava que uma das maiores batalhas fosse… uma briga de MÚSICA? (E todo o parabéns do mundo para Danny Elfman por ter feito a melhor trilha do MCU em anos)

Por fim, o resultado é algo genuíno e autoral, independente de ser o que poderia ser ou o que gostaríamos. Talvez a recepção seja tão dividida que a Marvel nunca mais faça algo parecido novamente. Se for esse o caso, pelo menos eles fizeram o melhor possível e que valerá por anos de produções mais básicas e genéricas.

NOTA: 4,5/5

Escute o Podcast do Legado:

MAIS SOBRE O FILME:

Doutor Estranho 2 faz parte da chamada ‘Trilogia do Multiverso’ do MCU, iniciada em WandaVision e continuada em Homem-Aranha 3! Com a saída do diretor Scott DerricksonSam Raimi (da trilogia do Homem-Aranha de Tobey Maguire) foi confirmado como o substituto na direção! O roteiro ficou por conta de Michael Waldron, que brilhou na série do Loki!

Confira a sinopse do filme: “Viaje para o desconhecido com o Doutor Estranho. Que com a ajuda de velhos e novos aliados místicos, atravessam as perigosas realidades alternativas do Multiverso para confrontar um misterioso novo adversário.”

Além do retorno de Raimi ao universo Marvel, o elenco conta com Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho), Elizabeth Olsen (Wanda), Benedict Wong (Wong), Chiwetel Ejiofor (Mordo), Rachel McAdams (Christine Palmer)  e Xochitl Gomez (America Chavez). E uma bomba: Patrick Stewart está confirmado e voltará como o Professor Xavier! O filme já está em exibição nos cinemas brasileiros, com sessões em 2D e 3D. Corre lá pra assistir!

Leia TUDO SOBRE Doutor Estranho no Multiverso da Loucura!

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
Leia também
Sair da versão mobile