[CRÍTICA] Muito além da representatividade, Pantera Negra é histórico!
Histórico. É a melhor, e talvez a única, palavra para descrever o que é Pantera Negra. É divertido igual todos os filmes da Marvel Studios, e mais pesado do que algum filme com temas sociais que aparecem em premiações como o Oscar, por exemplo. Toda a comoção e reações causadas pelos presentes na première do filme não é nem um pouco exagerada, esse realmente é um filme diferente de qualquer coisa que você já tenha visto.
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A genialidade do filme não vem só em promover algo inovador, mas também por trabalhar com assuntos tão sérios os encaixando numa estrutura comum de filme de super-herói, ou a dita “Fórmula da Marvel”. Seria um filme comum, se não fosse a primeira vez que um blockbuster AMERICANO retrata com tanta grandiosidade e orgulho a cultura africana. O filme é quase todo embalado por percussão de tambores e cantos tribais, sobrando pouco espaço para trilhas orquestradas genéricas, e com uma presença quase espiritual das musicas feitas especialmente para o filme. Não tem como falar do filme sem mencionar as batidas absurdas que Kendrick Lamar e seu bonde fizeram. Se tem uma trilha que te envolve e faz ficar mexendo a cabeça ou acompanhando o ritmo com os pés, é esse!
E é nessa visão do ponto de vista duma nação Africana absurdamente rica e tecnológica que o filme de forma simples conta (para quem talvez não entenda a situação) de como o continente berço da humanidade tenha se tornado símbolo de miséria e sofrimento. O povo de Wakanda escolheu a reclusão para evitar os problemas que as outras nações enfrentaram ao longo do século, mas é nessa diferença entre os povos que surge a coisa mais profunda do filme, que é Erik Killmonger e toda sua história e motivações.
Ele é simplesmente o melhor vilão da Marvel (até para quem discorde), e talvez um dos melhores PERSONAGENS em filmes de heróis, simplesmente pelo fato de ser um personagem que nunca estaria num filme desse gênero. Tire do contexto do filme as suas frases, e tome várias porradas na mente, simples e direta, sobre o racismo sofrido ao longo da história e por todo o planeta. É tão brutal e real, e tão inteligente que o roteiro jogue tantas verdades na cara do mundo sem precisar utilizar a palavra NEGRO nem uma vez. O roteiro não tem esse impacto todo só por ser um filme de um herói negro, mas por ser uma poderosa voz para causas sociais de maneira tão simples.
As atenções se viram pro já icônico vilão, mas o elenco coadjuvante e o próprio protagonista são igualmente carismáticos. E o que é ainda mais louvável é o fato do filme ser do Pantera Negra mas TODO MUNDO ter seu momento de brilhar. T’Challa consegue ser sério, engraçado, marrento e humilde de forma que Capitão América: Guerra Civil, e nenhum trailer entregou isso. Okoye é uma general que vale o melhor e mais justo emprego da palavra BADASS. Nakia é a síntese perfeita de como valorizar uma personagem sem jogar pro clichê do interesse romântico.
No meio da representatividade e respeito, até os brancos ganharam personagens que dá gosto de acompanhar: seja na alopragem do Garra Sônica e o sorriso contagiante de Andy Serkis, e a participação, bem maior do que o esperado, de Martin Freeman como Everrett Ross. E guarde minhas palavras aqui: M’Baku é um dos melhores coadjuvantes do MCU. SIM, DO MCU!
E merecendo um parágrafo especial para si, não tem como não amar a irmã mais nova do T’Challa, a jovem Shuri. Uma das cientistas mais brilhantes do mundo, ela é responsável por todos aparatos tecnológicos que o Pantera utiliza e mostra o nível absurdamente avançado da tecnologia de Wakanda. Até pelo visual de seu laboratório, Shuri é mais inteligente que Tony Stark e até mais foda. Essa comparação levanta o quanto cada personagem de Pantera Negra supera facilmente qualquer um outro comparável por todo o MCU.
Com uma identidade visual única, o diretor Ryan Coogler continua com o trabalho autoral que os últimos diretores tem feito em filmes da Marvel Studios, mas supera os colegas de trabalho pelo jeito que ele quebra o gênero e faz algo compatível com sua filmografia. As cenas ambientadas nos anos 90 tem uma genuína estética de filmes sobre o gueto, parecendo mais cenas de Fruitvale Station: A Última Parada ou Creed: Nascido Para Lutar do que algo do extenso Universo Marvel. Tem um plano sequência que ele faz no filme que passeia pelo cenário dando destaque a cada personagem, que me é tão marcante quanto a cena onde vemos todos os Vingadores prontos para combate lá em 2012.
O filme tem quebrado todos os recordes possíveis, triplicando as expectativas de bilheteria, além da emoção causada no público negro americano. É um momento tão especial na cultura negra e na cultura pop que chegam numa época difícil para o povo dos EUA, não sendo à toa o quanto todos tem abraçado o filme como uma força maior de incentivo e orgulho. Se você achar “exagerado, cartunesco ou esquisito” (como eu já li por aí) sobre a representação cultural do filme, talvez você realmente não entenda tudo que está acontecendo e o filme retratou, e talvez precise vê-lo novamente. Ou só ficar quieto e respeitar.
Veja a nossa galeria do filme:
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