Gavião Arqueiro prova que a Marvel não precisa só de multiverso [CRÍTICA]

Por Elvis de Sá • 23 de novembro de 2021, às 14:00

NÓS JÁ VIMOS OS DOIS PRIMEIROS EPISÓDIOS DE GAVIÃO ARQUEIRO!!! Mas antes disso tudo, lá em 2019, a Marvel Studios encerrava a sua Saga do Infinito com Vingadores: Ultimato, dando fim a uma geração que marcou o público. Tendo a coragem de dar adeus a boa parte da formação original da equipe, parecia que o tempo do Gavião Arqueiro no MCU também tinha se encerrado.

E seria um final honesto: Clint Barton, embora carregasse o peso da morte de Natasha, enfim terá a chance de ter paz e aproveitar ao máximo o retorno de sua família. Porém, a grande sacada da Marvel foi em achar o detalhe perfeito para justificar a existência da série.

Com isso, a série do GaviGod foi anunciada como um dos grandes projetos da nova Fase 4 do MCU, e talvez seja ela o projeto que mais resume todo o lado bom e potencial dessa fase. Afinal, a série é uma celebração a um personagem veterano que em 10 anos não teve seu projeto solo.

Uma reparação aos fãs que pediram por isso durante uma década. Ao mesmo tempo em que respeita o passado, a Marvel aproveita o presente pra já iniciar o futuro e a próxima geração do MCU. E aí temos a entrada de outro sonho antigo dos fãs: a estreia de Kate Bishop.

A prodígio, aprendiz e sucessora do posto de Arqueiro da Marvel já era especulada há um bom tempo, até mesmo no Ultimato. Mas no timing perfeito, Gavião Arqueiro é uma série sobre Clint, e também uma história de origem PERFEITA para Clint.

Some todos esses elementos e vemos que a Marvel com certeza sabia da necessidade de trazer algo de realmente ESPECIAL para o projeto, além de aventuras dessa dupla de mestre e aprendiz. Talvez nem tenham quebrado muito a cabeça, pois o caminho era um só.

A dupla perfeita de Gavião Arqueiro: dos quadrinhos às telas

Em uma tacada de gênio, a série é baseada na run mais PREMIADA E ADORADA do Gavião Arqueiro nas HQs, a série iniciada em 2012 que foi escrita por Matt Fraction e David Aja. Seja a dinâmica de Clint e Kate, e até mesmo a LOGO, a série é uma homenagem merecida ao arco que transformou o Gavião Arqueiro na última década.

De fato, Fraction é creditado como produtor e consultor para a série, merecidamente. Mas por que essa HQ foi a escolha perfeita para inspirar a série? Ela simplesmente tem os elementos que a Marvel Studios mais precisava para fazer essa série dar certo.

Com um clima descompromissado e unicamente divertido, a HQ de Fraction e Aja largou a ideia de mostrar o Gavigod em uma aventura ÉPICA e luta contra robôs, aliens e entidades cósmicas, em vez disso focando no cotidiano e botando os pés totalmente no chão.

E esse é exatamente o tom que torna a série tão válida e interessante. Afinal, como competir com a explosão caótica e gigantesca do MULTIVERSO e INFINITAS REALIDADES? Simplesmente não competindo, ignorando isso e apostando tudo no SIMPLES.

O Legado da Marvel teve a honra de assistir os DOIS PRIMEIROS EPISÓDIOS da série antecipadamente. Felizmente, só por esses dois episódios já podemos assegurar o grande mérito da série. O foco na aventura cotidiana que se passará ao longo de apenas 1 semaninha, é a ideia que os marvetes precisavam, mas podiam nem saber disso.

Esqueça Thanos, morte de metade do universo ou os gigantes Celestiais, a grande treta aqui vem com… um grupo de mafiosos que andam de moletom esportivo. Sem pretensões de revolucionar o universo Marvel, sobra tempo para desenvolver melhor os personagens.

Com muito carisma, Jeremy e Hailee elevam o nível da série!

Não é à toa, Jeremy Renner e Hailee Steinfeld se aproveitam disso e conseguem criar uma química fluída, natural e imediata entre Clint e Kate. Reforçando mais uma qualidade do MCU: de criar boas interações entre os personagens e nos deixar cativados por duplas improváveis.

Vemos um Jeremy ainda mais confortável no papel que interpreta há tantos anos, e prova que sempre teve a moral para liderar um projeto. E seu carisma fica ainda maior ao lado de Hailee, que em 1 minuto deixa evidente o motivo da Marvel nunca ter pensado em ninguém além dela para o papel.

Como movimentar uma trama e deixá-la interessante quando temos todo o carisma do mundo em seus protagonistas? É aí que vem mais um acerto, já que a série aposta em nomes veteranos da TV. Chocando ninguém, a presença poderosa de Vera Farmiga passa a sensação perfeita de estarmos vendo algo com qualidade de CINEMA e TV.

Há pouco para se avaliar em sua Eleanor Bishop até o momento, mas precisa? É a Vera Farmiga, isso basta! E não é que no meio de tantos nomes veteranos, a grande surpresa veio com o ator Tony Dalton? O ator que brilhou em Better Call Saul transforma cada segundo de seu Jack Duquesne em algo cativante. Mesmo que você não saiba o porquê.

Lorraine Warren e Lalo Salamanca: grandes novidades no MCU

O elenco é afiado, e o roteiro se aproveita disso para nos entregar episódios NON-STOP. Tirando a absurda cena inicial, que é um presente nostálgico aos fãs do MCU, a trama logo começa e não temos tempo para enrolação. Isso nos causa um pouco de preocupação em relação aos próximos episódios.

Com 6 episódios no total, e 4 faltando, é difícil não ficar com a impressão de que esse ritmo frenético e uma falta de respiro pode apressar a trama até demais. É claro que falta muita coisa, mas é difícil não suspeitar disso tão à beira do meio de temporada.

Mesmo que os dois episódios sejam ÓTIMOS, será que essa nova série vai concretizar o formato de 6 episódios, ou provará que uma alternativa deveria ser considerada?

Por fim, Gavião Arqueiro chegou na hora certa. Pra provar aos fãs que a Marvel pode fazer uma simples aventura de um pai de família contra a máfia, e isso ser tão ou mais divertido que uma saga épica do Homem-Aranha. De verdade!

Episódios iniciais começam a desenvolver mais uma etapa importantíssimo na representatividade do MCU!

Ao mesmo tempo em que acostuma os fãs para uma variedade maior de histórias. Com isso, vemos a Marvel tendo mais coragem e liberdade para explorar novos gêneros, evitando um desgaste de novidades e surpresas nesse universo cinematográfico.

Pense como se eles produzissem a série mais como uma ‘fórmula Duro de Matar’ do que a tal ‘fórmula Marvel’, e temos uma genuína série de ação com um ar de algo original, sem perder a fidelidade às HQs que com certeza deixarão os fãs satisfeitos.

NOTA: 8/10