Homem-Aranha: Longe de Casa supera O Senhor dos Anéis na bilheteria global!
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No início de 2004, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei tornou-se apenas o segundo filme da história a faturar mais de US$ 1 bilhão na bilheteria global, juntamente com Titanic. Naquela época, ultrapassar o bilhão era algo extremamente especial, reservado apenas a esses dois épicos de mais de 3h de duração, que levaram 11 estatuetas do Oscar pra casa cada um (incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor).
Mais de uma década e meia depois, 24 filmes com diferentes recepções da crítica ultrapassaram a bilheteria do último longa da Trilogia do Anel, incluindo dois Star Wars, dois Jurassic World, duas reimaginações de clássicos da Disney (O Rei Leão e A Bela e a Fera), os dois últimos Velozes & Furiosos, um longa dos Transformers (O Lado Oculto da Lua), mais um encerramento de uma saga de fantasia baseada em sucessos da literatura (Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2), outro épico de James Cameron (Avatar), três animações (Frozen, Os Incríveis 2 e Minions) e, claro, nada menos que 10 filmes live-action de super heróis, a imensa maioria deles sendo do MCU – a única exceção é o blockbuster da DC Aquaman. Ultrapassar o bilhão hoje em dia ainda é notável, porém bem mais fácil do que em 2004, não é?
Homem-Aranha: Longe de Casa não é nem sequer a maior bilheteria global de 2019 (atualmente, está em 4º lugar, atrás de Vingadores: Ultimato, O Rei Leão e Capitã Marvel) e ainda assim já faturou mais do que o que O Retorno do Rei suou para alcançar há 16 anos e se tornar então um dos maiores filmes da história. Isso só mostra o quão turbinadas estão as bilheterias de hoje, graças à popularização do 3D, de salas especiais como o IMAX e o Cinermark XD, e claro, da expansão do mercado chinês – saiba como a China vem aumentando as bilheterias dos heróis nesta matéria especial do seu Legado da Marvel!
Mas isso não significa que Longe de Casa foi necessariamente mais popular do que O Retorno do Rei, embora isso varie de país a país. Nos EUA, o clássico de Peter Jackson vendeu 44% a mais de ingressos do que a aventura de Jon Watts, enquanto no Brasil, um mercado fanático por super-heróis, o Peter Parker de Tom Holland teve um público 54% superior ao do Frodo de Elijah Wood. Ainda assim, a bilheteria ajustada pela inflação de O Retorno do Rei deve ser de mais de US$ 1.5 bilhão, ou seja, caso fosse lançado hoje e tivesse à sua disposição os mesmo boosts de Longe de Casa (China, exibição em 3D, mais salas IMAX, etc), o último capítulo da Terra-Média ainda seria um dos maiores filmes da história nas bilheterias.
Mas enfim, voltemos à Longe de Casa. Mesmo tendo ultrapassado os números (não ajustados) de Homem-Aranha 2 e se tornado o segundo maior longa do Teioso na bilheteria americana, a Sony decidiu que a vitoriosa carreira do longa ainda não se encerrou. Por isso, eles decidiram trazer o filme de volta para os cinemas com 4 minutos de cenas adicionais, uma estratégia similar à empregada pela Disney com a tal nova versão estendida de Vingadores: Ultimato.
Questionável ou não, ao menos a Sony escolheu a data certa para o relançamento do longa: na última segunda, dia 2/9, foi o feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos, que tipicamente marca o fim da temporada de blockbusters do verão americano. Apesar de ser um dia de folga, no qual os pais podem levar seus filhos aos cinemas, o Dia do Trabalho não é comumente visto por Hollywood como uma boa data para estrear novos grandes filmes – pelo contrário, trata-se de um dos fins de semana onde os cinemas ficam mais desertos em todo o ano.
Em questão de novos blockbusters, esse feriado não tem o mesmo prestígio da Páscoa, do Memorial Day ou do Dia de Ação de Graças, pelo contrário, os maiores longas a estrear no Dia do Trabalho são filmes B de ação e terror, como Halloween (não o do ano passado, mas sim o remake de 2007 de Rob Zombie), Possessão, Carga Explosiva 2, Machete, dois capítulos da franquia Olhos Famintos, e por aí vai. Por isso, um filme que tenha estreado com bons números em meados de julho ou no início de agosto pode aproveitar o período desértico de concorrentes para ter longas e frutíferas carreiras se estendendo até o Dia do Trabalho, como O Sexto Sentido, Guardiões da Galáxia, Esquadrão Suicida, vários longas de Christopher Nolan e, mais recentemente, O Rei Leão, que massacrou impiedosamente adversários como Dora e a Cidade Perdida e Angry Birds 2: O Filme ao longo de todo o mês passado.
Enfim, em um fim de semana de vacas magérrimas, quem quisesse ver um espetáculo com aventura e efeitos de ponta teria que escolher apenas entre O Rei Leão, Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw e agora a nova versão de Longe de Casa. Assim, o Cabeça de Teia, em cartaz em mais de 3.160 salas nos EUA (mais de 2.100 a mais do que na semana passada) saltou da 15ª colocação no ranking do fim de semana passado para a 8ª neste último. Ele faturou mais bons US$ 4,3 milhões de sexta a sábado e mais US$ 1,2 milhão na segunda, totalizando um feriado de 4 dias de US$ 5,5 milhões.
Com isso, o longa soma agora ótimos US$ 386 milhões na bilheteria americana. Trata-se do quinto maior filme do ano nos EUA e o maior para um que não é distribuído pela Disney, um título que o longa deve manter a não ser que It: Capítulo 2 ou Jumanji: Próxima Fase surpreendam e alcancem totais superiores aos de seus já inacreditáveis antecessores. Além disso, o longa é também a terceira maior bilheteria americana da história da Sony, perdendo apenas para Jumanji: Bem-Vindo à Selva (US$ 404,5 milhões) e o primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi (US$ 403,7 milhões).
Ajustado pela inflação, Longe de Casa é o sexto maior filme distribuído pela Sony, tendo vendido menos ingressos apenas do que a clássica trilogia de Raimi e Tobey Maguire, o primeiro MIB: Homens de Preto e Bem-Vindo à Selva. Porém, quando acrescentamos também os filmes da antiga Columbia Pictures na lista, Longe de Casa cai para a 14ª posição. A Columbia na verdade é um dos estúdios mais antigos de Hollywood, tendo sido fundada em 1918 e adquirido seu nome em 1924. Por muitos anos, ela existiu como um estúdio independente, apenas em 1982 ela foi comprada pela Coca-Cola (!) e sete anos depois pela Sony. Longe de Casa ainda é uma produção da Columbia, uma marca que a Sony reserva para seus blockbusters mais proeminentes, por isso, quando comparamos sua bilheteria ajustada com a de outros sucessos passados de seu estúdio, o longa fica atrás de clássicos como A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia, Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Os Caça-Fantasmas. Por outro lado, uma vez que ultrapassar os US$ 390 milhões, Longe de Casa vai ter levado mais gente aos cinemas do que outros dois clássicos do passado da Columbia, no caso Adivinhe Quem vem para Jantar e Kramer vs Kramer.
E não só eles: graças a este relançamento, Longe de Casa está a meros US$ 3,8 milhões de distância de ultrapassar Guardiões da Galáxia Vol. 2 e se tornar a nona maior bilheteria americana do MCU, o que eu imagino que seja uma questão de honra para a Sony. Afinal, que forma melhor de mostrar à Disney o que ela está perdendo sem o Aranha ao fazer Longe de Casa deixar para trás o maior filme do MCU de 2017 distribuído pelo Mickey? No mínimo, seria uma forma da Sony dar uma banana à parceira/rival.
Seja como for, ao contrário da Disney, que hoje em dia pode confiar em Kevin Feige para transformar qualquer quadrinho bizarro e obscuro da Marvel em um instantâneo sucesso de público e crítica, a Sony hoje depende quase que inteiramente do Homem-Aranha e de seus coadjuvantes para se manter como um grande estúdio de cinema. De Volta ao Lar e Venom trouxeram bilheterias gigantescas e mais de US$ 200 milhões de lucro cada um em 2017 e 2018 respectivamente, e Longe de Casa, que ao contrário desses dois ultrapassou o bilhão, certamente será mais lucrativo do que ambos.
E também, convenhamos, mesmo que o Homem-Aranha de Tom Holland não fosse tão popular quanto é, ele ainda assim seria a única esperança da Sony. Afinal, quais outras franquias o estúdio tem? Claro, eles conseguiram ressuscitar uma antiga e esquecida fantasia dos anos 1990 e transformá-la num dos sucessos mais surpreendentes de 2017 com Jumanji: Bem-Vindo à Selva, mas quem garante que sua sequência, que sairá em dezembro nos EUA, não sofrerá uma queda similar às de segundas partes que assassinaram suas franquias, como As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras? Além disso, o estúdio vai dar outra chance para os Caça-Fantasmas com o longa do ano que vem, que tem a missão de não repetir o humilhante fiasco de bilheteria que o reboot de 2016 foi. E a franquia Homens de Preto foi enterrada após o desastroso fracasso de seu último longa, lançado em junho desse ano, enquanto James Bond, após ter quatro dos longas de Daniel Craig distribuídos pelo estúdio, precisou arrumar outra casa para seu novo longa No Time to Die depois da Sony se cansar de receber apenas uma pequena porcentagem pela bilheteria das aventuras do espião.
Afora isso, o que mais tem a Sony? Não é razoável esperar que, de uma hora para a outra, o reboot de As Panteras que estreia esse ano, o novo Zumbilândia e a adaptação do jogo Monster Hunter se tornem tão lucrativos a ponto de tornar o Homem-Aranha desnecessário para o estúdio. Não, num mundo onde as pessoas vão aos cinemas quase que exclusivamente para ver filmes de heróis (curiosidade: um quinto de todos os ingressos vendidos na temporada de verão nos EUA foram para Ultimato) e onde os tipos de longas que a Sony costumava fazer (como comédias de ação com um conceito interessante por trás e estreladas pelos astros do momento, tal como Os Caça-Fantasmas, MIB e Anjos da Lei) não são o bastante para fazer a maior parte das pessoas largarem a Netflix e o YouTube por duas horas para ir aos cinemas, o Homem-Aranha e sua turma são mais vitais do que nunca para a Sony – e totalmente desnecessários para a Disney.
Na bilheteria internacional, Longe de Casa chegou a US$ 736,2 milhões. Quem diria que um filme solo do Homem-Aranha teria um total fora dos EUA comparável ao de Capitão América: Guerra Civil (US$ 745 milhões), um dos maiores e mais importantes longas do MCU, e que é basicamente um Vingadores 2.5, hein?? E nesse caso, não dá nem para culpar só a China: apesar de que, sim, Longe de Casa faturou mais por lá (US$ 200 milhões) do que Guerra Civil (US$ 180 milhões), tal diferença não foi exatamente gigantesca a ponto de ser decisiva. Espectadores ao redor do globo (e nos EUA, onde apenas US$ 23 milhões separam os dois longas) também compareceram num peso similar.
Portanto, somando as bilheterias obtidas nos Estados Unidos e fora de lá, Longe de Casa chega a um total de US$ 1.12 bilhão global. Como dito no início desse texto, o longa ultrapassou O Retorno do Rei no ranking das maiores bilheterias globais da história e agora ocupa a 25ª posição. Nos próximos dias, o filme deverá deixar para trás também O Lado Oculto da Lua (US$ 1.123 bilhão) e, com um pouco de sorte, Capitã Marvel (US$ 1.128 bilhão).
Será que um Homem-Aranha estrelado por Holland que não aborde outros eventos do MCU poderá alcançar números tão grandes quanto esses? Talvez não, mas convenhamos que, caso custe os mesmos US$ 160 milhões de Longe de Casa ou até menos, um futuro terceiro capítulo do Peter de Holland pode até se dar ao luxo de alcançar um faturamento no nível do primeiro Homem-Aranha ou de Mulher-Maravilha (em torno dos US$ 820 milhões) e ainda assim ser bastante lucrativo – embora certamente vá ser desmoralizante para a Sony.
De qualquer forma, saberemos a resposta nos próximos anos. Continue acompanhando o Legado da Marvel para não perder nenhuma novidade!