X-Men: Fênix Negra tem estreia DESASTROSA ao redor do mundo!
Depois de meses de antecipação, o final épico de uma franquia de super-heróis chegou aos cinemas, onde foi recebido com excelentes críticas e recordes de bilheteria de abertura. Agora, ele está a caminho de se tornar um dos maiores sucessos da história.
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Mas o assunto desse texto não é Vingadores: Ultimato (que chegou a incríveis US$ 824,4 milhões nos EUA e US$ 2.73 bilhões mundialmente). Na realidade, outro final de uma franquia super-heroica também chegou aos cinemas em 2019 – e com resultados que não poderiam ser mais diferentes dos de Ultimato. Após muito drama, refilmagens e duas mudanças de data, X-Men: Fênix Negra estreou nos cinemas com uma bilheteria pavorosa.
Foram apenas US$ 32,8 milhões nos Estados Unidos ao longo de sua estreia, um valor abaixo até das previsões mais pessimistas. O filme ficou em segundo lugar no ranking do fim de semana, atrás da abertura da animação infantil Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 – que por sua vez também ficou abaixo das expectativas (é o segundo fim de semana consecutivo em que os novos blockbusters decepcionam).
Já Fênix Negra está caminhando para ser não só a menor bilheteria da franquia, como também um dos maiores fiascos da atual temporada. Recebido com críticas terríveis e total indiferença pelo público, o filme conseguiu o feito de ter uma abertura menor que as de longas como Homem-Aranha no Aranhaverso (US$ 35,3 milhões), o Power Rangers de 2017 (US$ 40,3 milhões) e As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras (US$ 35,3 milhões) – os dois últimos, aliás, fracassaram de tal maneira que efetivamente assassinaram suas respectivas franquias.
Aliás, trata-se da menor abertura para um filme live-action baseado em personagens da Marvel ou da DC desde o fiasco Quarteto Fantástico, que estreou com patéticos US$ 25,6 milhões em 2015. Ambos Fênix Negra e Quarteto Fantástico também tem outra coisa em comum (além do fato de serem da Fox): os dois não estrearam em primeiro lugar, com o desastre “dirigido” por Josh Trank ficando atrás de Missão: Impossível – Nação Secreta. Aliás, a abertura ajustada pela inflação de Quarteto seria em torno de US$ 28 milhões, o que demonstra que ela vendeu poucos ingressos a mais do que a estreia de Fênix Negra.
Evidentemente, o desastrado longa comandado por Simon Kinberg é também a menor abertura da franquia dos X-Men, incluindo os spin-offs estrelados por Deadpool e Wolverine. Até então, a menor estreia era a de Wolverine: Imortal, que fora muito criticado por abrir com apenas US$ 53,1 milhões em julho de 2013 – um valor que agora seria um sonho para Fênix Negra.
É um fim deprimente para a franquia dos X-Men, que antes governava as bilheterias. Por terem tido seu ápice quando os filmes de heróis eram poucos e espaçados, os longas conseguiam se destacar em meio aos blockbusters da época. No ano 2000, X-Men: O Filme conquistou a sexta maior bilheteria de abertura até então. Já em 2003 X-Men 2 abriu com US$ 85,5 milhões e foi a 4ª maior estreia da história até aquele momento, perdendo apenas para Homem-Aranha (US$ 114,8 milhões), Harry Potter e a Pedra Filosofal (US$ 90,2 milhões) e Harry Potter e a Câmara Secreta (US$ 90,2 milhões). Três anos depois, X-Men: O Confronto Final faturou US$ 102,7 milhões em sua abertura, tornando-se também a 4ª maior da história, atrás de Homem-Aranha, Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith (US$ 108,4 milhões) e Shrek 2 (US$ 108 milhões). Fênix Negra, por sua vez, não conseguiu ser sequer o maior filme de seu fim de semana de estreia.
E por que isso aconteceu? Bem, para começar, a franquia dos X-Men já vinha perdendo fôlego a muito tempo. Muitos cinéfilos não conseguiram abraçar a nova geração de mutantes encabeçada por James McAvoy, Jennifer Lawrence e Michael Fassbender, e em vez disso voltaram suas atenções para os filmes-solo da saga, nomeadamente os dois Deadpool e Logan. O único filme das (na falta de uma palavra melhor) prequels dos mutantes a se sair bem nas bilheterias foi Dias de um Futuro Esquecido, que conquistou US$ 233,9 milhões nos EUA e US$ 747,8 milhões mundialmente. Já Primeira Classe e Apocalipse tiveram desempenhos decepcionantes em relação ao seu orçamento – e o segundo ainda foi recebido de forma fraca pelas críticas, o que ajudou ainda mais a minar o interesse pela franquia.
Portanto, após a recepção ruim de Apocalipse, o certo a se fazer seria encerrar a saga, certo? Nada disso: segundo matéria do The Hollywood Reporter, os produtores e executivos da Fox culparam a fraca performance de Apocalipse nas bilheterias à ação ininterrupta e às explosões do filme, não ao cansaço do público com a franquia. Então, eles decidiram produzir mais um longa que “consertasse” a adaptação da clássica Saga da Fênix Negra, feita em O Confronto Final, e tivesse um tom diferente do longa anterior. As filmagens transcorreram normalmente, e depois houveram as refilmagens, que recriaram todo o terceiro ato do longa, mas isso não preocupou os executivos – refilmagens são comuns em filmes de heróis, e a Fox já havia estado em situação pior com Primeira Classe, que teve uma produção bem mais caótica.
Entretanto, as refilmagens ainda forçaram uma mudança de data, passando o longa de 2 de novembro de 2018 (na qual eventualmente acabou estreando o megasucesso Bohemian Rhapsody) para 14 de fevereiro de 2019. Depois, ele acabou sendo empurrado para junho, mês no qual Fênix Negra eventualmente abriu. A Fox havia alegado que a ideia era aproveitar um feriado na China e assim ter uma grande performance global. Entretanto, a verdadeira razão é que a Fox não queria desagradar James Cameron, seu mais importante cineasta, que havia comandado os épicos Avatar e Titanic para o estúdio, com performances bilionárias. O criador do Exterminador do Futuro não queria que seu novo filme como produtor Alita: Anjo de Combate estreasse em dezembro, onde teria de enfrentar Aquaman, O Retorno de Mary Poppins e Bumblebee, e em vez disso fez lobby na Fox para que o longa fosse adiado para a data de Fênix Negra, em fevereiro.
Para agradar Cameron, e também para ter um blockbuster em meio à temporada do verão americano, a Fox concordou em adiar o último capítulo dos X-Men para junho – apesar do diretor Simon Kinberg e dos produtores Emma Watts e Hutch Parker terem literalmente implorado ao estúdio para que os deixassem ficar em fevereiro. O motivo para isso era que Fênix Negra teria uma escala menor e mais intimista do que Apocalipse, e desse modo não teria a menor chance contra as produções recheadas de efeitos especiais que costumam estrear no meio do ano.
Para piorar a situação, o lançamento do longa se deu em meio aos preparativos para a compra da Fox pela Disney, o que tornou o marketing do filme uma confusão. O estúdio simplesmente não soube como vender o longa, como superar o cansaço do público com a franquia. Ele teria um desafio imenso ao estrear em meio à temporada de verão, e o marketing simplesmente não conseguiu tornar o filme um evento.
Enfim, some o desinteresse do público com mais uma campanha de marketing desastrosa, um estúdio passando por profundas mudanças e críticas terríveis, e você tem uma tempestade perfeita para um desastre. Mas qual poderá ser o caminho de Fênix Negra a partir desta péssima abertura? Bem, para começar, os filmes dos X-Men não costumam ter carreiras muito longas nas bilheterias, mesmo os mais elogiados como Dias de um Futuro Esquecido costumam cair rapidamente. Uma performance similar à do longa de 2014 leva Fênix Negra a encerrar sua carreira com míseros US$ 84,5 milhões, o que seria abaixo dos fins de semana de abertura (!) de X-Men Origens: Wolverine e X2. Já um desempenho similar ao de Apocalipse seria ainda pior e colocaria o filme em US$ 77,5 milhões, enquanto uma performance como a de Quarteto Fantástico o faz encerrar sua carreira com patéticos US$ 71,7 milhões.
Sim, Fênix Negra terá uma bilheteria menor do que a de Godzilla II: Rei dos Monstros, que por sua vez foi outro fiasco. Vai sair de cartaz tendo faturado menos que os dois últimos longas do John Wick. Vai ter uma bilheteria inferior à de Alita. Provavelmente, a depender de como se sairão na temporada, vai encerrar sua carreira tendo faturado menos do que Rocketman – ou, como é conhecido aqui no Brasil, o “filme do Elton John”.
E mundialmente a situação de Fênix Negra não é muito melhor. O longa estreou com US$ 103,7 milhões na bilheteria internacional, bom o bastante para ser o maior filme do fim de semana fora dos EUA, mas ainda 27% abaixo de Apocalipse e 19% a menos do que Dias de um Futuro Esquecido, bem como mais uma vez abaixo das expectativas.
Na China, onde se esperava que o longa estreasse com valores entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, ele acabou terminando o fim de semana com míseros US$ 45,6 milhões. E o filme deve ter uma carreira curtíssima nas bilheterias chinesas, pois muita competição irá invadir o mercado nos próximos meses. Já na Coréia do Sul Fênix Negra enfrentou pesada competição de Aladdin e do blockbuster local Parasite e faturou apenas US$ 5,7 milhões. Por outro lado, em mercados fanáticos por super-heróis como o México e o Brasil o filme ao menos conseguiu ficar em primeiro lugar.
Somando as bilheterias americana e internacional, Fênix Negra possui magros US$ 136,5 milhões globalmente. Muito provavelmente o filme deverá encerrar sua carreira em torno dos US$ 300 milhões, atrás da bilheteria global de filmes como Pokémon: Detetive Pikachu, Shazam!, Alita e Homem-Aranha no Aranhaverso.
A única chance para Fênix Negra seria se na próxima semana MIB: Homens de Preto – Internacional também fracassar, e assim os mutantes poderão se posicionar como o único blockbuster em live-action de ação e aventura do mês até a chegada de Homem-Aranha: Longe de Casa em julho – as outras estreias de junho serão ou animações como Toy Story 4 ou filmes de terror como Annabelle 3: De Volta Para Casa. Porém, como só nesta abertura o público já mostrou completa rejeição ao filme, será muito difícil de isso acontecer.
Seja como for, analistas do mercado cinematográfico já estão projetando que Fênix Negra pode dar um prejuízo acima dos US$ 100 milhões. Graças às refilmagens, o orçamento do longa subiu para acima dos US$ 200 milhões, de modo que ele teria de faturar ao menos US$ 600 milhões para dar lucro – ele deverá fazer metade disso, porém.
Triste fim para a antes inovadora franquia mutante.