[CRÍTICA] Cavaleiro da Lua ignora e revoluciona o MCU, mas repete antigos erros

Cavaleiro da Lua é de longe um dos projetos mais inusitados da história da Marvel Studios. A surpresa já veio em seu anúncio, que ocorreu em 2019 na D23. Na época, ainda digerindo o sucesso de Vingadores: Ultimato, ninguém imaginaria que esse obscuro herói pudesse fazer parte dos planos para o MCU.

 

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3 anos e CINCO séries depois, o Cavaleiro da Lua continua atraindo uma grande curiosidade e altas expectativas. Afinal, estamos falando de um herói completamente diferente de todos os outros da Marvel. Então é natural que os fãs tenham a dúvida e preocupação: a Marvel Studios vai conseguir adaptá-lo?

Ou ainda mais… o Cavaleiro é mesmo um herói apropriado para o MCU?! Depois de tanta especulação e apreensão, chegamos à hora das respostas. Felizmente, o Legado da Marvel teve a honra de receber 4 dos 6 episódios da série.

E mesmo não estando completa, esse mais do que metade já foi o suficiente para deixar claro que temos, SIM, a série e produção mais diferente do MCU até o momento. Apesar dessa frase estar sempre aparecendo nas reações para os últimos filmes e séries do estúdio, Cavaleiro da Lua tem um diferencial para realmente merecer essa análise.

Isso porque ela não é diferente somente em seu tom ou nas suas inspirações de gênero, mas ela vai mais além ao tomar a coragem de se desprender do MCU como estamos acostumados. Por isso, esqueça das referências aos eventos dos filmes dos Vingadores ou qualquer outro personagem conhecido. Simplesmente esqueça.

Sem a preocupação de perder tempo amarrando pontos e conectando tudo, sobra tempo para contar uma história genuína e exclusivamente preocupada apenas com seus personagens e sua mitologia. E eles precisariam realmente de cada segundo para isso.

Cavaleiro da Lua ganha uma ótima ‘origem’ no MCU

Um grande alívio, é que a Marvel Studios conseguiu mandar bem ao driblar do desafio de fazer MAIS UMA origem de super-herói. E achou um tom certo para misturar Mitologia Egípcia, Deuses, mercenários e transtorno de personalidade.

Portanto, não fica aquele peso chato de ver mais um herói surgindo, e nos deixa realmente intrigados para conhecer mais desse novato. A solução para a introdução desse mundo diferente está no mistério. Nos colocando na perspectiva de Steven Grant, a personalidade de Marc Spector que não faz ideia de NADA do que está acontecendo em sua vida.

A trama se desenrola à medida em que Steven descobre as coisas junto ao público, mas sem perder muito do nosso tempo até chegarmos às vias de fato. Com isso, temos um primeiro episódio FANTÁSTICO, com muita personalidade e uma dinâmica interessante e sem enrolação.

Auxiliada de uma trilha-sonora intensa, a primeira transformação do Cavaleiro da Lua é de arrepiar. Trazendo aquela empolgação de ver um herói utilizando seu traje, que muitos filmes e séries parecem nem mais se preocupar em fazer.

Esse sentimento de fascínio ao ver o Cavaleiro da Lua em ação se repete por todos os outros episódios. Porém, quando não estamos vendo o herói uniformizado, a trama em geral sofre um apagão (sem trocadilhos) à medida em que avança.

Resultando num terceiro episódio que diminui muito o nível da série. Se descobrir sobre a Mitologia Egípcia é interessante nos episódios 1 e 2, no terceiro nada causa grande impacto. Dando a sensação de que os 50 minutos do episódio são de puro desperdício e uma perda de ritmo notável.

Sr. da Lua pode decepcionar fãs por humor ousado, mas como o traje é LINDO!

Quase como se fosse um filler, o episódio 3 também traz a sequência de ação mais decepcionante da série, em algo que visivelmente poderia ser muito, muito melhor. Ao fim, vemos que ele existe apenas para uma cena específica, mas custando de deixar até o vilão menos atrativo ou com uma boa motivação.

Essa queda de ritmo acaba evidenciando o verdadeiro grande problema da série. Já que em muitos momentos, a trama se perde e é desviada para algo bobo e bem básico. Se ela começa com lampejos de Mr. Robot e algo criativo e cheio de propósitos, de repente ela parece não saber bem para onde vai.

Desde o começo, a série vem carregada com alguns alívios cômicos que não são diferentes do habitual do MCU, mas também não incomodam. Mas nos momentos sem muita inspiração, o bom humor traz a sensação de que a série não consegue ser o thriller psicológico que ela QUASE conseguiu ser.

Perdida no desperdício de se inspirar em certos gêneros, mas não SER algo realmente do gênero. O que expõe que a Marvel Studios realmente está tentando fazer algo fora da sua caixa, mas ainda não descobriu exatamente como fazer isso 100%.

Lógico, que é o mais diferente e livre que eles conseguiram chegar até aqui. Mas que podia ser muito mais, ah, como poderia! Talvez muitos fãs culpem as piadas ou a falta de violência como culpados pela série não atingir seu potencial, mas isso não seria muito sensato.

Já que a série realmente brinca bem com os limites da censura, trazendo uma quantidade bacana de sangue e uma contagem de corpos elevada para as mãos de um herói da Marvel. Claro que poderíamos ter algo +16 ou +18, mas a forma agressiva do Cavaleiro da Lua é até que bem competente.

Uma boa surpresa: Oscar e May Calamawy possuem grande química em tela

Mas mais uma vez, mostra que a Marvel está apenas flertando com a maturidade, ainda não tendo de fato chegado lá. Não só a questão do gênero e tom, mas também a estrutura de séries em si. Com 4 dos 6 episódios, ainda é difícil enxergá-la como uma TEMPORADA GENUÍNA DE SÉRIE.

Ainda soando como um filme de 6 horas picotado e dividido em partes para PARECER uma série. A formatação e concepção dos episódios foi um problema agravante nas séries anteriores, e faltando apenas 2 episódios de Cavaleiro da Lua, só me reforça que essa estrutura precisa ser urgentemente repensada.

Compensando a instabilidade da série, se falta foco ou personalidade em muitos quesitos, pelo menos temos o carisma assustador de Oscar Isaac e o quanto ele se entrega de corpo e alma ao projeto. É quase hipnótico assistir a performance do ator, seja como Steven ou Marc.

De longe, é um dos melhores atores a lidar com o desafio de interpretar várias versões de uma mesma pessoa. O resultado é fantástico e é daqueles personagens que, independente da trama, você vai querer ficar acompanhando seja lá o que ele estiver fazendo.

E funciona tão bem que é impossível não fanficar pensando em como seria sua interação com outros personagens e heróis do MCU. Embora seja difícil imaginar um jeito de encaixá-lo de forma funcional e sem desperdício com o geral dos Vingadores, pelo menos temos aqui um dos heróis mais carismáticos desse mundo.

Imperfeito mas cheio de estilo: o Cavaleiro da Lua

Embora a CGI deixe a desejar em muitas cenas de ação, a cereja do bolo é que os uniformes do herói estão LINDOS. Então, a temporada mal acabou, e a única certeza é que precisamos de mais de Oscar Isaac e o seu herói lunar.

Por mais que o episódio 3 dê uma queda, o episódio 4 ressurge mostrando o que a gente queria ver da série. Trazendo um dos melhores ganchos e reviravoltas de todo o MCU, é esse episódio que diminui o peso dos defeitos e nos deixa esperançosos para um final de temporada digno de todo esse potencial.

NOTA: 8,0 (Pelos episódios 1 e 4)

Escute o nosso podcast sobre os 4 primeiros episódios da série:

MAIS SOBRE A SÉRIE:

A série segue Steven Grant, funcionário educado de uma loja de presentes, que passa a ser atormentado com apagões e memórias de outra vida e descobre que possui transtorno dissociativo de identidade e divide o corpo com o mercenário Marc Spector. Enquanto os inimigos de Steven/Marc convergem até eles, eles devem navegar por suas complexas identidades enquanto entram em um mistério mortal entre os poderosos deuses do Egito.

Além de manter a origem do herói nas HQs, rumores apontam que a série pode ter ligações com o futuro filme do Blade no MCU, assim como a certeza de que veremos o Cavaleiro da Lua aparecendo em outros filmes da Marvel!

Surpreendendo a todos, o ator Oscar Isaac (de Star Wars e X-Men: Apocalipse) foi confirmado como Marc Spector, o protagonista da série! Além dele, estão confirmados os diretores Mohamed Diab, Aaron Moorhead e Justin Benson. Tal como os roteiristas Jeremy Slater (Umbrella Academy), que será o líder da equipe criativa, e Beau DeMayo (The Witcher). Agora é OFICIAL: Ela é a PRIMEIRA série do MCU em 2022 e chegará ao Disney+ no dia 30 de Março!

Leia TUDO SOBRE Cavaleiro da Lua!

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
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