Duna 2 e Kung Fu Panda 4 fazem o que Madame Teia não conseguiu: salvar os cinemas
As bilheterias tem crescido nas últimas semanas graças a filmes que não tem a ver com super-heróis, enquanto Madame Teia só afunda.
Há oito anos atrás, Deadpool alcançava bilheteria surpreendente (US$ 362 milhões nos EUA/US$ 782 milhões global) e ótima resposta do público, mostrando que havia um mercado para filmes da Marvel para maiores, desde que fossem bons. Sete anos atrás, Logan reforçava isso (com US$ 619 milhões ao redor do mundo), ainda que num filme muito menos bem humorado do que o do Mercenário Tagarela.
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Seis anos atrás, Pantera Negra não só tinha uma performance nível Titanic nas bilheterias americanas (US$ 700 milhões) e ultrapassava o bilhão nas globais (US$ 1,35 bilhão) como também conquistava críticas excelentes, que ressaltavam o caráter histórico do longa para a representatividade negra. E cinco anos atrás, Capitã Marvel se tornava o maior filme de super-heroínas da história (US$ 427 milhões nos EUA/US$ 1,13 bilhão global), um feito ainda não superado no âmbito global.
Agora em 2024, Madame Teia não conseguiu chegar aos US$ 100 milhões global mesmo após um mês em cartaz. E isso não é culpa dos espectadores, que continuam tão ansiosos para ir ao cinema curtir um bom filme pipoca quanto antes – ainda que Hollywood, até a chegada deste mês de março, tenha falhado em lhes oferecer isso.
As duas maiores arrecadações do fim de semana passado na bilheteria americana foram a animação infantil Kung Fu Panda 4 (US$ 58 milhões) e o épico de ficção científica Duna: Parte 2 (US$ 46 milhões), este em sua segunda semana. O longa da DreamWorks alcançou números surpreendentes para uma franquia tão longeva, conquistando a segunda maior abertura de sua série, atrás apenas do primeiro (US$ 60 milhões) em 2008 – pouco após a chegada do primeiro Homem de Ferro, ou seja, o MCU e Kung Fu Panda tem quase a mesma idade!
Já Duna 2 tem incríveis US$ 172 milhões nos EUA e US$ 384,2 milhões global, tornando-se a maior bilheteria do ano, e de longe. Com excelentes críticas e até algum buzz de Oscar, o longa se tornou o grande “blockbuster para adultos” da temporada.
Uma matéria da Variety cita o analista da Comscore Paul Dergarabedian, que diz que, antes da chegada de Duna 2 e Kung Fu Panda 4, as bilheterias anuais estavam 20% atrás da de 2023 no mesmo dia. Claro: o início do ano passado foi marcado pelo sucesso contínuo de Avatar: O Caminho da Água e Gato de Botas 2 e pela chegada de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (lembra quando ele era um dos filmes mais aguardados do ano? Bons tempos, não é?).
Já os “grandes” blockbusters do final de 2023 foram Wonka (até o momento a maior bilheteria pós-Barbenheimer) e Aquaman 2: O Reino Perdido (que, com US$ 434 milhões, tornou-se a maior arrecadação global do DCEU desde, veja só, o primeiro Aquaman em 2018). E o início deste ano foi totalmente medíocre nas bilheterias, embora os bons números de Bob Marley: One Love e Todos Menos Você tenham indicado que o público queria ir ao cinema ver filmes que tivessem ao menos algo que se assemelhasse a hype.
Isso aconteceu não com o filme da Marvel do momento, Madame Teia (US$ 43 milhões nos EUA/US$ 97 milhões global), mas sim com Duna 2 e Kung Fu Panda 4. Após a chegada desses dois longas voltados para públicos muito distintos, a diferença na arrecadação anual de 2023 e 2024 caiu de 20 para 10%. Ou seja, quando Hollywood lançou algo que de fato fez o público largar o streaming por algumas horas e pagar (caro no caso de Duna) um ingresso para o cinema, este compareceu em números que surpreenderam até o mais cético dos analistas.
Claro, no caso de Madame Teia, estamos falando de um filme pessimamente recebido e produzido pela Sony, cujo histórico de produções live-action não é dos melhores, ainda mais quando eles não envolvem o Homem-Aranha. Será que se fosse um filme do MCU ele teria se saído melhor nessas condições? Talvez um As Marvels ou talvez uma sequência de Shang-Chi poderiam ter tido um desempenho melhor se tivessem sido lançados em fevereiro de 2024?
Nunca saberemos. Porém, o que fica claro é que o “desejo” do público de assistir longas na telona está sendo satisfeito não pelas adaptações da Marvel, como era o costume na década passada, mas sim por Duna: Parte 2, Wonka, Five Nights at Freddy’s, a inseparável dupla Barbenheimer e Avatar: O Caminho da Água.
Com a Marvel e a DC entregando nos últimos tempos filmes recebidos de modo medíocre pelos críticos e fãs (com raras exceções, como Guardiões da Galáxia Vol. 3). Assim, o sentimento que fica é que longas de super-heróis estão simplesmente ficando para trás, incapazes de se adaptar à concorrência com outros tipos de blockbuster (que na verdade não são muito diferentes dos que já haviam antes da ascensão dos super-heróis – ou seja, comédias, musicais, ficção científica, biografias sobre pessoas importantes na Segunda Guerra).
Tudo isso pode mudar, claro, se Deadpool & Wolverine tornar-se um sucesso e for adorado pelos fãs. Ou se James Gunn finalmente conseguir tirar o projeto de um universo compartilhado (e coerente) da DC do chão. Se o novo Quarteto Fantástico conquistar aquilo que as duas últimas adaptações dos personagens falharam vergonhosamente em conseguir: o respeito da crítica e do público. E se um Capitão América que não seja o Steve Rogers de Chris Evans conseguir atrair a audiência aos cinemas.
Mas enquanto esses filmes não chegam, seus concorrentes cativam cada vez mais a audiência e tornam mais difícil uma recuperação após tantos fiascos.
Para saber mais sobre a crise dos filmes de heróis e o duro embate que eles tem travado para se manterem relevantes na era do vencedor do Oscar de Melhor Filme Oppenheimer, confira o artigo que escrevi para nosso parceiro Legado Plus!