O problema de Inumanos está no roteiro

I’m Only Human After All…

 

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Quem diria! Nós do Legado da Marvel estamos há uns bons dias zoando e fazendo trocadilhos com o uso da música Human em um dos trailers de Inumanos, mas nenhum de nós imaginou que ela fizesse tanto sentido, sendo quase um resumo metalinguístico de tudo de ruim que torna essa série no que ela é.

 

Ok que o pessimismo está caminhando com a Família Real desde que o projeto passou de filme para uma série, mas assistir aos episódios e descobrir quais são os reais problemas da série, é desanimador. Inumanos é igual aquele projeto de escola que você fez na noite anterior da entrega, corrido, com coisas inseridas só para parecer mais refinado e com mais conteúdo, indo na cara de pau e empurrando tudo com a barriga até a conclusão, e ainda manter a pose de quem fez tudo certo. A análise das duas primeiras cenas já valem como resumo de tudo: o problema crucial está todo no roteiro.

 

 

Quem me dera fosse só o figurino vagabundo ou os efeitos fracos do cabelo da Medusa. Isso se torna banal quando se está vendo uma boa história. Na verdade, estamos vendo uma história bem interessante, mas desgraçadamente executada. A série começa só te jogando informações pela goela, te apresentando a coisas que você nem viu ou nem faz ideia do que é.

 

A apresentação da Família Real já te distancia dos protagonistas da série, já que apenas se estabelece que “ah, esses aqui são reis porque eles são os reis”. “Ah, eles vivem na Lua porque é melhor assim”. Estamos vendo PELA PRIMEIRA VEZ uma raça complexa e diversa, com uma história antiga, extensa e conflitante, e a representação disso é do Rei e da Rainha interrompendo os amassos pra ir fazer pose de soberania. Pronto, resuma anos e anos de história, as coisas são como são e pronto. E isso já é péssimo, mas a forma que a trama se desenrola é pior.

 

 

Depois que um inumano é supostamente morto em uma missão na Terra, se intensificam as diferenças de opinião entre o Rei Raio Negro e seu irmão humano (guarde isso), Maximus. O conflito progride de maneira clichê, e fica difícil de simpatizar com os heróis, já que desde o começo só vemos Maximus ser mal tratado por todos pelo fato de ser um humano comum, sendo constantemente humilhado pelos amigos mais próximos. Você vê o cara sofrendo de preconceito e sendo excluído, e a família toda tirando onda na panelinha deles, e você tem que simpatizar com eles ainda?

 

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Quando você menos espera, surprise, um golpe militar liderado por Maximus, seguido por duas super sequências clichês com músicas ainda mais forçadas, de forma tão vazia quanto Esquadrão Suicida. E então, temos a Família Real vulnerável, perdidos e separados na Terra, e não temos a mínima afinidade com nenhum deles.

 

 

Eu poderia relevar o fato de estar vendo uma história super comprimida, se me identificasse com qualquer pessoa ali. O roteiro trabalha muito mal os personagens, e as atuações não ajudam. Os únicos que realmente se esforçaram e pareciam se preocupar com o projeto, são os atores de Medusa e Maximus, que curiosamente são os únicos personagens construídos decentemente.

 

Com o Raio Negro chega a ser engraçado, porque escrevem o personagem como alguém sério e com um fardo pesado, mas na realidade temos um babaca debochado. Tem lá seu ar de graça que traz certo carisma pro personagem, mas é bizarro quando tu percebe que a intenção não era essa. Não só no Raio Negro, a série ainda força algumas graças, mas não soa autêntico e não harmoniza com o que foi estabelecido. O texto é algo bem genérico e sem vontade de ser autoral, de ser diferente ou com uma visão focada sobre os personagens e suas essências. São nesses momentos que você percebe o quanto um James Gunn da vida é um fator que pode transformar qualquer história simples em ouro!

 

 

Inumanos é como seria Guardiões da Galáxia, se fosse feito por alguém que não se importa com os personagens, não os entende e não percebe o quão fantástico e profundo é o que se tem em mãos, resultando em algo sem coração, e feito apenas por fazer. A direção é comum e não chega a comprometer, mas quando tu assiste algo assim nas telas IMAX e não consegue ignorar o fato de que está vendo algo com um padrão bem inferior de TV comum, deixa toda a experiência ainda mais decepcionante.

 

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Vimos apenas os 2 primeiros episódios editados em um só, o que significa para mim que talvez assistir aos episódios um por semana, sendo no total apenas 8, não seja uma coisa tão frustrante assim de se acompanhar. Então, fica aqui o otimismo de que as coisas se endireitam, o máximo que for possível, ao longo da temporada. Também fizemos live para falar da série, você pode vê-la clicando aqui.

 

 

PS: Eu tenho que falar disso separadamente para não desviar do assunto principal, mas sério, a cena do flashback que revela os poderes do Raio Negro foi a coisa mais engraçada que eu já vi esse ano. Não consigo acreditar até agora que fizeram aquilo com a intenção de ser sério, EU REALMENTE NÃO ACREDITO. Já estou no aguardo pelos memes com esse momento inesquecível.

Se tem uma coisa que eu odeio, é gente sem integridade. Elvis de Sá, as pessoas me chamam de Senhor das Estrelas.
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